sábado, 30 de maio de 2020

COLETES NEGROS NA FRANÇA: UM CHAMADO A MOBILIZAÇÃO MUNDIAL DE TODOS OS IMIGRANTES “SEM PAPEL”


De Saint-Denis, La Chapelle, Aubervilliers, das profundezas do movimento operário francês, veio um grito de raiva dos migrantes sem documentos: “Não temos mais medo da polícia e da morte, o que temos medo é da  humilhação".  É por isso que aqueles que trabalham na França há pouco tempo com ou sem documentos, sem direitos, sem a possibilidade de ter uma vida decente, se organizaram. Ganharam as ruas de Paris em plena quarentena sanitária para os que podem “ficar em casa”. São os “Coletes Negros”, uma manifestação legítima dos setores mais oprimidos e explorados pelo imperialismo francês. Eles, que vêm do Afeganistão, Oriente Médio, continente africano e viajaram quilômetros, deixando a família para trás, em busca de um emprego que lhes permita alimentar os filhos. Sua luta não é apenas pelos papéis, mas "... contra o sistema que fabrica os sem papéis.  Lutamos por uma vida com dignidade ”. A luta desses Coletes Negros, que representam um contra ponto político de classe aos reacionários “Coletes Amarelos”, sintetiza toda a raiva, como eles costumam dizer, contra o regime da democracia dos ricos, sendo a mesma de todos os migrantes do mundo que lutam dia a dia para sobreviver.  Muitos estão trancados em campos de refugiados como em Moria, na Grécia, muitos outros em campos como no Líbano e Turquia, outras centenas de milhares mais tentando atravessar o México para chegar aos EUA ou em barcos tentando atravessar o Mar Mediterrâneo. Sua luta deve ser tomada pelas mãos da classe trabalhadora mundial, que está ganhando as ruas no Chile , que está lutando contra a General Motors em Matamoros, pedindo uma greve geral, que está saindo dos campos de refugiados para exigir condições de vida decentes. Estão na contra mão dos capitalistas franceses que pretendem fazer funcionar as fábricas sem nenhuma medida de segurança diante da pandemia do coronavírus. É a mesma luta pela liberdade dos presos políticos bascos que organizam uma luta internacional pela liberdade no Estado espanhol, onde os migrantes conseguiram fechar vários CIEs (Centro de Internamento para Estrangeiros). Qualquer trabalhador migrante no mundo inteiro se sentirá identificado com o chamado dos Coletes Negros a desencadear mobilizações por direitos, pois sabem que, como resultado da colonização e saques dos países imperialistas, eles tiveram que deixar seu país de origem, devastado pela fome ou pela guerra.  Os Coletes Negros diante disso tudo afirmam: "Denunciamos o colonialismo, guerras e saques econômicos realizados pela França e outras potências invasoras regionais ou mundiais em todas as ocasiões”. Seu programa é um chamado para unificar e mobilizar todos os migrantes no mundo em plena crise econômica capitalista e a pandemia sanitária do coronavírus que pretende impor um controle social ainda mais draconiano aos povos oprimidos.