DURANTE A II GUERRA MUNDIAL: O NAZISMO TAMBÉM FORJOU UM VLASLOV “PRIGOZHIN” CONTRA A URSS
Em 24 de junho, a guerra na Ucrânia e, sobretudo, a guerra da informação, acordou o mundo ocidental com uma notícia que surpreendeu a todos: Yevgeni Prigozhin, chefe comercial do grupo Wagner, estava tentando realizar um golpe contra o Exército e o governo russo . Fazendo um chamado à mobilização militar contra o governo Putin, diante da suposta “decepção da população, do banho de sangue que está sendo cometido na Ucrânia e do sangramento que está ocorrendo com jovens russos que estão sendo enviados para um matadouro”. Este discurso lançado por Prigozhin não é dirigido aos russos, mas à opinião ocidental. Os argumentos que ele usa são impressionantes: “As mentiras do Kremlin para seu povo”. Mentiras que, se forem verdadeiras, o próprio Prigozhin também espalhou até apenas dois ou três dias antes do frustado golpe.
Era madrugada quando o Ocidente soube do golpe do Batalhão
Wagner, mas minutos depois a Casa Branca fez um comunicado oficial dizendo que
estava monitorando a situação desde o início. O jornal “El Mundo“ deu
seguimento às notícias por meio de seu enviado Xavier Colás alguns minutos
depois. Para um golpe contra o governo russo, eles tiveram uma cobertura muito
ampla, apesar do suposto bloqueio total de notícias da mídia ocidental pelo
Kremlin.
O apelo de Prigozhin foi dirigido aos escalões médio e alto
do Exército russo e nem os próprios comandantes do Grupo Wagner apoiaram o
golpe, o que indica que foi algo totalmente desorganizado e espontâneo. Mas não
só isso, obedece à lógica da guerra de informação da mídia corporativa
ocidental.
No momento em que o Grupo Wagner ataca, as notícias sobre a
guerra ucraniana desaparecem. Para a mídia ocidental, não há mais Zelensky ou
Ucrânia. Naquelas horas do golpe, para o Ocidente só havia uma figura: a do
herói Prigozhin que enfrenta o “malvado ditador Putin”…
Aproveitando a confusão do golpe, o exército ucraniano
lançou uma ofensiva em diferentes setores. Uma ofensiva que foi rechaçada
devido às sólidas defesas mobilizadas pelos russos ao longo da linha da frente.
A ação de Prigozhin parece que foi coordenada com o exército ucraniano/OTAN.
Mas não é a primeira vez que os russos enfrentam casos como
o de Prigozhin. Na Segunda Guerra Mundial, em 1942, durante a ofensiva nazista
em Leningrado, o comando soviético enviou um avião para resgatar um dos seus
generais que liderava a defesa da cidade: Andrei Vlasov. Mas ninguém chegou
para embarcar no avião do Exército Vermelho. Vlasov simplesmente desapareceu. A
primeira notícia sobre ele é que foi enviado para um campo de concentração para
oficiais na Ucrânia.
Porém, Vlasov aparecerá mais tarde em reuniões com Goebbels,
Himmler e outros líderes nazistas. Há um “projeto” muito interessante para o
traidor: a criação do “Movimento de Libertação da Rússia”. Um exército formado
por trânsfugas russos recolhidos nas áreas ocupadas que se ofereceram para
fazer parte desse movimento pró-nazista.
No momento em que Vlasov se alinha com os nazistas, ele
aposta na ideia de formar grupos de insurgentes contra o governo de Stalin. Era
a década de 1940 e os planos para dividir a Rússia estavam sendo desenvolvidos
primeiro com os britânicos (ver o manual de Mackinder sobre geopolítica) e
depois com os nazistas. Agora em 2023, o imperialismo ianque investe na mesma
ideia de desmembrar o país, mas a questão se atualiza não é mais o Stalin,
agora é Putin.
Não é a primeira vez que esta farsa acontece. Vlasov foi
desmoralizado e morto, Prigozhin foi
anistiado e teve melhor sorte ao se refugiar vivo na Bielorrússia. Quando o
imperialismo não pode derrotar seu oponente pela força das armas, ele tenta
derrotá-lo por trás, pelas costas…