segunda-feira, 5 de junho de 2023

GIGANTESCO PROTESTO NA POLÔNIA: LEGISLAÇÃO ARBITRÁRIA APOIADA PELA OTAN CRIMINALIZA APOIADORES DA RÚSSIA NO PAÍS

Cerca de meio milhão de pessoas saíram às ruas de Varsóvia no domingo (05.06) para protestar contra o governo direitista pró-OTAN. A passeata foi convocada em contestação à aprovação de uma lei que permitiria banir de cargos públicos pessoas consideradas "agentes de influência russa". A legislação é acusada de ser um mecanismo para impedir as diversas legendas da oposição burguesa de concorrer às eleições legislativas deste ano. Segundo os organizadores, esta foi a maior manifestação em Varsóvia desde 1989.

Há diversos fatores para a grande repercussão dessa passeata. Primeiramente há muito tempo que muitos têm questionado tanto pela direita como pela esquerda o governo pró-OTAN. Há oito anos na presidência, o partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS) vem promovendo anti-reformas que restringem as liberdades democráticas dos poloneses. 

Por sua vez, a inflação vem aumentando Polônia recentemente, principalmente por causa das consequências da guerra da OTAN na Ucrânia. O fenômeno afeta o poder econômico dos trabalhadores de forma massiva que são contra a guerra.

O fator central que levou milhares as ruas é uma nova lei que foi aprovada pelo Parlamento na semana passada, que cria uma comissão para investigar supostas influências russas sobre políticos poloneses. Os críticos dessa nova legislação dizem que essa é uma forma de alvejar políticos da oposição, porque a comissão terá o poder de banir pessoas de cargos públicos. O detalhe é que a Polônia está a apenas alguns meses das eleições parlamentares.

Os ultranacionalistas do partido governista polonês sempre cultivaram uma imagem da Alemanha como uma "potência imperialista", assim como o fazem em relação à Rússia. Mas o tiro parece estar saindo pela culatra. A revolta causada pela aprovação dessa lei sobre a suposta influência russa levou a um movimento de união de partidos de oposição, que aderiram ao protesto. Entre eles, estão os líderes de duas populares legendas de centro-direita – o Polska 2050 de Szymon Holownia e o Partido Camponês PSL, de Wladyslaw Kosiniak-Kamysz – que a princípio resistiram por temer o domínio do partido Tusk na marcha. 

Se essa grande manifestação de domingo pode se tornar o estopim de uma mudança de governo na Polônia, é algo difícil de prever neste momento. As pesquisas indicam que nem o governista PiS nem a Plataforma Cívica de Tusk vão conseguir votos suficientes para formar um governo sozinhos. 

O resultado da eleição pode depender de como os partidos menores vão se sair nas urnas e de quem será capaz de formar uma coalizão viável.

No entanto, o grande protesto contou com participação de partidos da oposição que até agora eram considerados rivais mas todas essas direções não devem ter a confiança das massas que precisam construir um verdadeiro partido comunista na Polônia!