domingo, 25 de junho de 2023

VENAL OLIGARCA RUSSO “SENHOR DAS ARMAS”: PRIGOZHIN ENRIQUECEU COM A DESTRUIÇÃO CONTRARREVOLUCIONÁRIA DA URSS E DE SUAS CONQUISTAS HISTÓRICAS…

O oligarca russo Prigozhin, o chefe do batalhão mercenário Wagner, há muito tempo ultrapassou a “linha vermelha“ que o presidente Putin lendariamente traçou logo no início do seu governo no Kremlin, no verão de 2000, em uma reunião decisiva com 21 dos homens mais ricos da Rússia, os mafiosos "oligarcas", como os russos lhes chamavam ironicamente, que haviam surgido aparentemente do nada e acumularam fortunas espetaculares enquanto o país à sua volta caía no caos econômico através de negócios obscuros, corrupção pura e simples. Mas não surgiram de um “céu de brigadeiro”, a corrupta oligarquia russa é produto direto da contrarrevolução que destruiu a URSS e suas conquistas revolucionárias históricas, assumindo o controle de grande parte da economia russa, com a conivência da casta dos ex-burocratas stalinistas, como Putin. Na reunião à porta fechada, Putin disse-lhes, cara a cara, quem é que realmente mandava no novo Estado burguês da Rússia.

Putin então propôs um acordo aos oligarcas: "Curvem-se à autoridade do Estado russo, não se metam na governança ou na política interna da Rússia e podem ficar com as vossas mansões, super-iates, jatos privados e empresas multimilionárias". Nos anos seguintes, os oligarcas que não cumpriram este acordo pagaram um preço elevado. O caso mais célebre é o de Mikhail Khodorkovsky, que chegou a ocupar o 16º lugar na lista de multimilionários da Forbes, e vive agora exilado nos EUA, financiando generosamente grupos de intervenção ianques  e ativistas russofóbicos em todo o mundo ocidental.

Mas, por outro lado, os "leais" que ficaram na Rússia tornaram-se podres de ricos e vivem da gordura da terra como ninguém. Prigozhin, um homem de origem humilde, ficou no país e acumulou grandes riquezas. De certa forma, ele simboliza tudo o que correu terrivelmente desastroso e reacionário na “reencarnação” capitalista pós-soviética da Rússia.

No entanto, a linha divisória é muitas vezes tênue, porque mesmo aqueles que ficaram no país tiveram o cuidado de guardar uma parte significativa do seu saque em países ocidentais, em cofres de bancos ou como bens móveis e imóveis fora do alcance da lei russa. O que significa que os oligarcas são também altamente vulneráveis a chantagem imperialista. Não é de surpreender que as capitais ocidentais fantasiam que os oligarcas possam ajudar a minar o regime do Kremlin a partir do interior ou criar uma implosão social a fim de desestabilizar o regime da Rússia e desorganizar o seu esforço de guerra contra a OTAN na Ucrânia.

Os antecedentes de Prigozhin são uma incógnita. Mas é inteiramente concebível que este homem, a quem se atribui uma influência “extra grande" nos corredores do poder do Kremlin, tenha estado na mira dos serviços secretos ocidentais. Prigozhin tem um patrimônio pessoal de pelo menos 200 milhões de dólares.

Prigozhin foi também uma espécie de pioneiro, tendo entrado na profissão de mercenário militar, com a gestão de uma empresa quase estatal de milicianos que são treinados e equipados para atuar como contratantes militares em pontos críticos no estrangeiro, em países onde a Rússia tem interesses vitais do ponto de vista comercial, político ou militar.

Moscou já não está no tempo da era soviética em que promovia movimentos anti-imperialistas de libertação nacional. Mas também não pode ser impermeável às derrubadas de regimes aliados que os EUA promovem habitualmente para servir os seus interesses geopolíticos. Assim, a Rússia encontrou uma “terceira via” engenhosa ao criar uma ala militar um pouco à imagem da famosa Legião Estrangeira francesa. O Grupo Wagner provou ser extremamente eficaz na região do Sahel e noutros locais de África como fornecedor de segurança para os governos estabelecidos simpáticos ao Kremlin.

Basta dizer que a cooptação de Prigozhin pela OTAN se revelou difícil, embora os serviços secretos russos tivessem conhecimento de que a CIA estava em contato com ele. Na verdade, a sua postura pública cada vez mais desafiadora aos generais de Putin estava se tornando uma séria perturbação para o Kremlin. Uma possibilidade é que os serviços secretos russos lhe tenham dado uma longa corda para se enforcar. De igual modo, a equivocada opção do Kremlin teria sido “pacificá-lo” para o esforço de tentar neutralizá-lo na guerra contra a OTAN. As implacáveis leis históricas da luta de classes irá demonstrar o terrível erro de Putin ao contemporizar com o venal Prigozhin, que mais cedo do que tarde voltará novamente sua carga contra o Kremlin.