A “NOVA NORMALIDADE” É... O “CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA” CONTRA AS MASSAS DO PLANETA!
A pandemia do novo Coronavírus despertou a voracidade dos
vendedores de dispositivos de vigilância em todo o planeta. Tecnologias de
rastreamento de pessoas estão em alta. O pretexto é que a ciência de dados será
fundamental para derrotar o “inimigo invisível”. Trata-se do “capitalismo de
vigilância”, onde esse modo de produção senil utiliza imensurável quantidade de
dados que usuários fornecem gratuitamente a empresas de tecnologias (como as
que detêm redes sociais e buscadores) transformando-a em matéria-prima e
produto final altamente lucrativo, além de monitorar todos seus movimentos
pessoais. Governos burgueses de direita à esquerda patrocinam capacidade de
controle dos dispositivos digitais e da modelagem estatística dos algoritmos
que extraem padrões e realizam predições. Câmeras, softwares, sensores,
celulares, aplicativos, detectores são apresentados como as armas mais
sofisticadas para o combate ao vírus. Empresas de vigilância e espionagem
digital vinculadas ao aparato de repressão dos Estados com extensos serviços
prestados à perseguição de opositores, de ataques aos dissidentes, de combate
ao terrorismo, se apresentam como salvadoras do corpo da espécie. Denunciada
pela venda de dispositivos de intrusão em celulares para governos e serviços de
inteligência pelo mundo afora, o NSO Group percebeu a oportunidade de ampliar
suas vendas em tempos de guerra ao vírus. A corporação NSO desenvolveu o
spyware Pegasus, software de penetração nos celulares de pessoas-alvo,
permitindo ler mensagens de texto, coletar senhas, acessar o microfone e
coletar outras informações do aparelho. Agora a corporação de cyberwar está
oferecendo aos governos de todo o mundo uma solução para acompanhar a evolução do
novo coronavírus implantando um novo software nos telefones celulares. Os
grandes capitalistas vão poder em meio a crise capitalista mundial que vinha se
aprofundando antes da pandemia ditar normas de conduta, padrões culturais e
perfis ideológicos para o planeta, recorrendo a repressão quando algum “rebelde”
ou grupo coletivo não respeitar os limites impostos pelas instituições
burguesas e seus agentes de plantão.
Os representantes das grandes corporações de segurança
alegam que seu sistema permitirá aos governos ter um “mapa de calor” mostrando
os trajetos dos celulares de quem foi infectado. Assim, as pessoas podem ser
avisadas e os governos podem realizar previsões de contágio a partir dos
cálculos que o próprio software de gestão do sistema oferece. No mapa, os
celulares aparecem com um número identificador. Desse modo, a NSO afirmar
garantir a anonimidade necessária. Entretanto, é perceptível que o processo de
conversão dos números de celulares em outros números que assegurariam a
anonimidade pode ser facilmente revertido. Além disso, a localização do
deslocamento no território pode ser realizada com bastante precisão, uma vez
que os governos estão solicitando os dados dos telefones para as empresas
operadoras de telecomunicações para alimentar o sistema da NSO ou de outras
empresas.
A tecnologia utilizada nos aparelhos móveis e na Internet é
cibernética, ou seja, simultaneamente de comunicação e de controle. A pandemia esta
fazendo as tecnologias cibernéticas imporem claramente o controle exacerbado. O
diagrama de poder que se instala é baseado em desenhos de recrudescimento dos
regimes políticos no globo. As tecnologias cibernéticas acompanham todas, todos
e cada indivíduo seja a céu aberto, seja no confinamento.
Elas já serviam para nos inserir em amostras baseadas em
interesses, comportamentos, perfis psicométricos e dados geográficos, obtidos
nas redes de relacionamento social para as empresas de marketing. Plataformas
como Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft se agigantaram vendendo
amostras ou alvos que deveriam ser atingidas com precisão por mensagens de
vendedores de produtos ou ideologias.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviço
Móvel Celular e Pessoal, o SindiTelebrasil informou que as aproximadamente 100
mil antenas de conexão dos aparelhos móveis que possibilitam detectar o
deslocamento desses dispositivos no território permitem extrair dados que serão
entregues aos governos.
Esses dados estariam anonimizados e mostrariam os
aglomerados de telefones, uma vez que a legislação brasileira não permite a
entrega dos dados pessoais que identifiquem os proprietários desses celulares.
Não somente geógrafos e cientistas sociais sabem que nesse momento de
isolamento social nas grandes cidades, os ônibus, metrôs e trens são os
principias pontos de aglomeração, secundariamente, os mercados e os hospitais
são outros locais que reúnem muitas pessoas. Além desse conhecimento,
sanitaristas e urbanistas sabem que a moradia precária, as favelas, sem água,
sem saneamento básico, terão muita dificuldade de aplicar as medidas sanitárias
aconselháveis para evitar a proliferação do vírus.
Para que servirá a interface de visualização com o mapa dos
celulares entregues aos governos, se aqui não será possível acionar o
policiamento digital e os sistemas de machine learning para agir efetivamente
sobre os indivíduos identificáveis e identificados? As medidas de exceção
adotadas, a chamada “flexibilização” de direitos, os cortes de salários, o
desrespeito aos princípios básicos da cidadania, as violações de privacidade,
para o enfrentamento do vírus e da crise poderão permanecer e, até mesmo, se
ampliar. Destruir a estabilidade necessária ao serviço público, o sonho
neoliberal, já aparece como possível: basta alegar uma situação de extrema
necessidade como a Pandemia. A comunicação de guerra pode se tornar o padrão
dos líderes neoliberais e até mesmo pela esquerda integrada ao regime.
Atualmente é somente adotada pela extrema direita. Por que não explorar mais as
contradições e desavenças entre grupos sociais para destruir suas resistências?
Nada como jogar o precarizado e os que nunca tiveram direitos mínimos contra os
segmentos sociais com poucos direitos. Nada como chamar de privilégios os
direitos que deveriam ser universalizados. Enquanto isso, os endinheirados
burgueses se locupletam com a ampliação da concentração de renda, riqueza e
poder.
Sob o pretexto de combater o Coronavírus agora se impôs novos protocolos e legislações que favorecem o controle social das massas pelos Estados burgueses e seus gerentes. Ainda é muito cedo para decifrar todos os interesses militares, políticos e econômicos que permeiam esta pandemia mundial, que de “natural” não tem absolutamente nada. Porém já sabemos que o capital financeiro e seu “Clube de Bilderberg” sairão desta crise com Estados nacionais e grandes empresas em seus “bolsos”, e para estes quanto mais profunda e devastadora for a crise gerada pela pandemia, mais capacidade de tutelar governos e nações terão.