terça-feira, 9 de junho de 2020

A “NOVA NORMALIDADE” É... O “CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA” CONTRA AS MASSAS DO PLANETA!


A pandemia do novo Coronavírus despertou a voracidade dos vendedores de dispositivos de vigilância em todo o planeta. Tecnologias de rastreamento de pessoas estão em alta. O pretexto é que a ciência de dados será fundamental para derrotar o “inimigo invisível”. Trata-se do “capitalismo de vigilância”, onde esse modo de produção senil utiliza imensurável quantidade de dados que usuários fornecem gratuitamente a empresas de tecnologias (como as que detêm redes sociais e buscadores) transformando-a em matéria-prima e produto final altamente lucrativo, além de monitorar todos seus movimentos pessoais. Governos burgueses de direita à esquerda patrocinam capacidade de controle dos dispositivos digitais e da modelagem estatística dos algoritmos que extraem padrões e realizam predições. Câmeras, softwares, sensores, celulares, aplicativos, detectores são apresentados como as armas mais sofisticadas para o combate ao vírus. Empresas de vigilância e espionagem digital vinculadas ao aparato de repressão dos Estados com extensos serviços prestados à perseguição de opositores, de ataques aos dissidentes, de combate ao terrorismo, se apresentam como salvadoras do corpo da espécie. Denunciada pela venda de dispositivos de intrusão em celulares para governos e serviços de inteligência pelo mundo afora, o NSO Group percebeu a oportunidade de ampliar suas vendas em tempos de guerra ao vírus. A corporação NSO desenvolveu o spyware Pegasus, software de penetração nos celulares de pessoas-alvo, permitindo ler mensagens de texto, coletar senhas, acessar o microfone e coletar outras informações do aparelho. Agora a corporação de cyberwar está oferecendo aos governos de todo o mundo uma solução para acompanhar a evolução do novo coronavírus implantando um novo software nos telefones celulares. Os grandes capitalistas vão poder em meio a crise capitalista mundial que vinha se aprofundando antes da pandemia ditar normas de conduta, padrões culturais e perfis ideológicos para o planeta, recorrendo a repressão quando algum “rebelde” ou grupo coletivo não respeitar os limites impostos pelas instituições burguesas e seus agentes de plantão.

Os representantes das grandes corporações de segurança alegam que seu sistema permitirá aos governos ter um “mapa de calor” mostrando os trajetos dos celulares de quem foi infectado. Assim, as pessoas podem ser avisadas e os governos podem realizar previsões de contágio a partir dos cálculos que o próprio software de gestão do sistema oferece. No mapa, os celulares aparecem com um número identificador. Desse modo, a NSO afirmar garantir a anonimidade necessária. Entretanto, é perceptível que o processo de conversão dos números de celulares em outros números que assegurariam a anonimidade pode ser facilmente revertido. Além disso, a localização do deslocamento no território pode ser realizada com bastante precisão, uma vez que os governos estão solicitando os dados dos telefones para as empresas operadoras de telecomunicações para alimentar o sistema da NSO ou de outras empresas.

A tecnologia utilizada nos aparelhos móveis e na Internet é cibernética, ou seja, simultaneamente de comunicação e de controle. A pandemia esta fazendo as tecnologias cibernéticas imporem claramente o controle exacerbado. O diagrama de poder que se instala é baseado em desenhos de recrudescimento dos regimes políticos no globo. As tecnologias cibernéticas acompanham todas, todos e cada indivíduo seja a céu aberto, seja no confinamento.

Elas já serviam para nos inserir em amostras baseadas em interesses, comportamentos, perfis psicométricos e dados geográficos, obtidos nas redes de relacionamento social para as empresas de marketing. Plataformas como Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft se agigantaram vendendo amostras ou alvos que deveriam ser atingidas com precisão por mensagens de vendedores de produtos ou ideologias.

O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviço Móvel Celular e Pessoal, o SindiTelebrasil informou que as aproximadamente 100 mil antenas de conexão dos aparelhos móveis que possibilitam detectar o deslocamento desses dispositivos no território permitem extrair dados que serão entregues aos governos.

Esses dados estariam anonimizados e mostrariam os aglomerados de telefones, uma vez que a legislação brasileira não permite a entrega dos dados pessoais que identifiquem os proprietários desses celulares. Não somente geógrafos e cientistas sociais sabem que nesse momento de isolamento social nas grandes cidades, os ônibus, metrôs e trens são os principias pontos de aglomeração, secundariamente, os mercados e os hospitais são outros locais que reúnem muitas pessoas. Além desse conhecimento, sanitaristas e urbanistas sabem que a moradia precária, as favelas, sem água, sem saneamento básico, terão muita dificuldade de aplicar as medidas sanitárias aconselháveis para evitar a proliferação do vírus.

Para que servirá a interface de visualização com o mapa dos celulares entregues aos governos, se aqui não será possível acionar o policiamento digital e os sistemas de machine learning para agir efetivamente sobre os indivíduos identificáveis e identificados? As medidas de exceção adotadas, a chamada “flexibilização” de direitos, os cortes de salários, o desrespeito aos princípios básicos da cidadania, as violações de privacidade, para o enfrentamento do vírus e da crise poderão permanecer e, até mesmo, se ampliar. Destruir a estabilidade necessária ao serviço público, o sonho neoliberal, já aparece como possível: basta alegar uma situação de extrema necessidade como a Pandemia. A comunicação de guerra pode se tornar o padrão dos líderes neoliberais e até mesmo pela esquerda integrada ao regime. Atualmente é somente adotada pela extrema direita. Por que não explorar mais as contradições e desavenças entre grupos sociais para destruir suas resistências? Nada como jogar o precarizado e os que nunca tiveram direitos mínimos contra os segmentos sociais com poucos direitos. Nada como chamar de privilégios os direitos que deveriam ser universalizados. Enquanto isso, os endinheirados burgueses se locupletam com a ampliação da concentração de renda, riqueza e poder.

Sob o pretexto de combater o Coronavírus agora se impôs novos protocolos e legislações que favorecem o controle social das massas pelos Estados burgueses e seus gerentes. Ainda é muito cedo para decifrar todos os interesses militares, políticos e econômicos que permeiam esta pandemia mundial, que de “natural” não tem absolutamente nada. Porém já sabemos que o capital financeiro e seu “Clube de Bilderberg” sairão desta crise com Estados nacionais e grandes empresas em seus “bolsos”, e para estes quanto mais profunda e devastadora for a crise gerada pela pandemia, mais capacidade de tutelar governos e nações terão.