A experiência das massas com a formação da Comuna Chaz é
altamente significativa por varias razões políticas para todo o proletariado
norte-americano. Em primeiro lugar, a profundidade da mobilização popular é
muito ampla na medida que o aparato estatal de repressão é incapaz de intervir
em uma área em que perdeu o controle devido à imensa simpatia social que cerca
a CHAZ. A reação generalizada que implicaria a tentativa do regime ianque em
retomar toda a região, poderia gerar uma situação de reaquecimento “incontrolável”
da luta em todo o país. Segundo, o questionamento da autoridade do Estado
Burguês chegou a um ponto muito próximo da consciência de classe socialista, e
obviamente as classes dominantes querem “congelar” este processo. A dinâmica da
crise do regime republicano começa a ir muito além das questões do racismo
policial, para começar a questionar a própria estrutura racista da sociedade
capitalista, porém não há uma direção revolucionária para centralizar
programaticamente este curso da rebelião. Para sermos mais francos, não há nas
manifestações nacionais nem mesmo uma direção da esquerda reformista que
galvanize uma plataforma mais avançada, para além dos eixos mais básicos, como
o “Black Lives Matter”, já assimilado pelo Partido Democrata. Até intelectuais
honestos de esquerda, como Noam Chomsky, já se aventurou para caracterizar que
a onda de protestos até agora “Tem zero articulação política - e precisa muito
de uma direção estratégica, muito além da revolta óbvia contra a brutalidade
policial”.
A “pequena” CHAZ ganha uma gigantesca dimensão justamente agora quando a rebelião atravessa uma fase de clara tentativa de cooptação pelo establishment imperialista, o “pomposo” funeral de Floyd é uma constatação deste velho recurso da burguesia. Em uma longa entrevista dada esta semana ao New York Times, a “sumida” liderança da esquerda reformista, Bernie Sanders, evitou qualquer menção à seu antigo slogan de campanha eleitoral de “revolução política”, suas posições políticas em plena rebelião popular são agora idênticas às de Biden. O vazio de uma direção revolucionária para as massas tende a empurrar a rebelião popular para o campo institucional, concretamente para os braços da candidatura do Democrata Joe Biden, muito alavancada pela profunda crise do trumpismo. É urgente e necessário quebrar este “ciclo de cooptação” das manifestações, retirando suas características de radicalidade e ação direta. Não por coincidência todos os setores da burguesia, até mesmo os antigos “negacionistas” como Trump, disseminam agora a chegada de uma “segunda onda da pandemia”, o que de fato não se verificou em nenhum relatório sanitário sério. As classes dominantes buscam parar o movimento de massas com todas as justificativas fraudulentas. Os Marxistas Leninista não devem se prostrar diante das manobras de cooptação da burguesia ianque dita “progressista”, intervir ativamente na rebelião, com um programa de transição socialista e uma militância aguerrida, é a tarefa crucial colocada neste momento decisivo da luta de classes.