O ex-conselheiro nacional de Segurança e membro "linha
dura" do Partido Republicano John Bolton vazou novos trechos do livro
capaz de chacoalhar a estruturas da Casa Branca e de dificultar ainda mais a
reeleição de Trump nas eleições de novembro. No livro “The room where it
happened” (A sala onde tudo aconteceu, em português), que deve ser publicado
ainda esse mês, Bolton detalha o tipo de relação de proximidade que tinha com o
presidente ianque e revela segredos de alcova que mostram a maneira de Trump agir
nos bastidores do poder. Novos trechos foram publicados nesta quarta-feira, 17,
pelos jornais The New York Times, Wall Street Journal e Washington Post. Trump
foi a farsa republicana que tomou o lugar do Tea Party na eleição passada que
derrotou a senhora da guerra “madame Clinton”. Sua permanência na Casa Branca é
temporária por mais que tente agradar os Falcões do Pentágono. Entretanto
durante todo seu mandato não teve força suficiente para deflagrar um ataque
real contra os “inimigos” militares dos EUA (Rússia, China, Irã e a própria
Coréia do Norte). O motivo da demissão de Bolton foram “discordâncias
fundamentais” sobre como lidar com políticas externas em relação ao Irã, Coreia
do Norte e Afeganistão. As tentativas do governo Trump de buscar aberturas
diplomáticas com inimigos dos EUA, como o Irã e a Coreia do Norte, desagradam
Bolton. A tensão entre os dois foi agravada pelas decisões de Trump de
suspender um ataque aéreo ao Irã - planejado em retaliação à derrubada de um
drone americano - e de se encontrar com o líder da Coreia do Norte, Kim
Jong-un, na Zona Desmilitarizada, além de atravessar a fronteira entre as duas
Coreias. Por essa razão agora Joe Binden, ungido a candidatura única no Partido
Democrata lidera as pesquisas de intenção de votos realizadas nesses dias e tem
apoio dos principais setores de peso da burguesia ianque. A reprovação ao
presidente republicano vem crescendo e as denúncias de Bolton vai aprofundar
essa tendência. Se mantida esta dinâmica política, e todos os ingredientes da conjuntura
apontam para um afundamento ainda maior de Trump nos próximos meses, podemos
afirmar que os Democratas já estão com um pé de volta a Casa Branca. O ciclo da
extrema direita no comando do imperialismo ianque, sob a batuta de Trump não
vem agradando muito ao capital financeiro, que mostra clara simpatia aos
Democratas que ainda controlam a estrutura “independente” do FED. Apesar dos
resgates trilionários autorizados por Trump ao Tesouro, a burguesia
imperialista ianque, tendo nomes de peso como Bill Gates, vem se chocando com
as determinações erráticas do direitista, marchando “discretamente” para a
campanha de Binden. O poderoso proletariado norte-americano dará a última
palavra nesta crise capitalista, que se configura como a maior de toda sua longa
história de lutas e que transpassa qualquer resultado eleitoral, mas para esta
grandiosa tarefa terá que reconstruir sua ferramenta revolucionária: o Partido
Marxista Leninista!
Entre os principais motivos da ruptura entre e Bolton estão
o Afeganistão. Trump anunciou um “acordo de paz” com os líderes talibãs. Estas
negociações eram impensáveis para Bolton, que defendeu o envio de militares ao
Afeganistão e ao Iraque durante o mandato do então presidente, George W. Bush,
e sempre criticou as concessões feitas aos adversários dos Estados Unidos.
Entre as histórias, Bolton diz que o presidente americano pediu ao presidente
da China, Xi Jinping, para ajudá-lo a ser reeleito comprando mais produtos
agrícolas dos EUA. Em uma reunião individual entre Trump e Xi, durante o
encontro do G-20, em junho de 2019, no Japão, o mandatário chinês teria
reclamado sobre críticos da China na América. “Ele, surpreendentemente, virou a
conversa para a próxima eleição presidencial dos EUA, aludindo à capacidade
econômica da China de afetar as campanhas em andamento, implorando a Xi para
garantir que ele vencesse”, escreveu Bolton. A versão é corroborada por
relatórios escritos após a reunião do G-20, que sugeriram que Trump pressionou
Xi a comprar mais produtos agrícolas dos EUA, mas o presidente chinês relutou
em assumir quaisquer compromissos.
A reorientação dos esforços militares ianques contra a China
são um fato novo e recente na conjuntura mundial, o que obviamente não se pode
afirmar o mesmo em relação a Rússia. Trump espera sua reeleição para ações mais
concretas nesta direção, entretanto como uma política de Estado imperialista,
não nutrimos ilusões que esta mesma linha se altere com um triunfo eleitoral do
Democrata Joe Biden. Para defenestrar a ofensiva global do imperialismo contra
os povos, somente a revolução socialista mundial!