SOBRE OS GRAMPOS DA “LAVA JATO”: A TECNOLOGIA DO
DEPARTAMENTO DE ESTADO IANQUE A SERVIÇO DO REGIME BONAPARTISTA DE EXCEÇÃO
A corregedora-geral do Ministério Público Federal, Elizeta
Maria de Paiva Ramos, determinou nesta segunda-feira (29/6) a instauração de
sindicância para apurar os fatos ocorridos entre 23 e 25 de junho, quando a
coordenadora do grupo de trabalho da “lava jato” na Procuradoria-Geral da
República esteve em Curitiba para reuniões com integrantes da força-tarefa no
Paraná. Conforme a decisão proferida hoje, a apuração será feita tanto pela
“ótica do fundamento e formalidades legais da diligência quanto da sua forma de
execução”. A sindicância também servirá para que seja esclarecida a existência
de equipamentos utilizados para gravação de chamadas telefônicas recebidas por
integrantes da equipe da força-tarefa, incluindo membros e servidores. Nesse
caso, o objetivo é apurar a regularidade de sua utilização. Lembremos que os
investigadores da “lava jato” grampearam o ramal central do escritório que
defende o ex-presidente Lula por quase 14 horas durante 23 dias entre fevereiro
e março de 2016. Ao todo, foram interceptadas 462 ligações, nem todas
relacionadas à defesa do ex-presidente, mas todas feitas ou recebidas pelos
advogados do escritório. A engrenagem dos grampos é a motivadora da
guerra entre a procuradora Lindora Araujo, de Brasília, e a força-tareja da
Lava Jato. Lindora pretendia, na visita que fez na semana passada ao pessoal de
Dallagnol, puxar o fio do esquema de arapongagem do MP. Eles teriam gravado
todas as conversas de quem falava com os procuradores em cinco anos de
Lava-Jato. Quem eles grampearam? Pode o MP ter equipamentos para gravar quem
bem entende? Como saber o que grampearam, se dois dos três equipamentos usados
para as escutas teriam sumido de Curitiba? Para onde foram? A guerra envolve os
interesses do clã Bolsonaro contra Moro e os lavajatistas, mas o que importa é
que temos agora uma guerra entre eles. Augusto Aras, o chefe de Dallagnol, usou
uma palavra forte para tentar enquadrar a Lava-Jato. Disse que os procuradores de
Curitiba deveriam se submeter às leis, porque “fora disso a atuação passa para
a ilegalidade, porque clandestina, torna-se perigoso instrumento de
aparelhamento”. Dallagnol e Moro reinaram por meia década como os "xerifes do
Brasil" apoiados pela Globo e o Departamento de Estado ianque. Com equipes próprias. Com orçamento só deles. Com autonomia para
grampear quem quisessem. A investida de Aras pode não dar certo, pela reação
corporativa que provoca e porque está claramente vinculada a interesses da
família Bolsonaro. Pode ser corroída porque é tão suspeita quanto o que os
procuradores faziam em Curitiba. Elaborada em 2013, posta em prática no início
do ano seguinte a Lava Jato tinha como pressuposto básico a derrota do PT em
2014, porém não atuou decisivamente neste ano eleitoral para influenciar seu
resultado. Surpreendida com a vitória de Dilma, os planos da Lava Jato tiveram
que seguir passando por cima de todas as autoridades de Brasília, mas porque?
Simplesmente pelo fato de Moro e seu entorno oficial (MP e PF) estarem
ancorados em uma determinação do Departamento de Estado ianque, chefiado a época por John
Kerry em Washington. O "USDS" traçou uma estratégia de
"inteligência" em 2013 para todo o Cone Sul, onde operações no Brasil
e Argentina seriam coordenadas por agentes públicos locais, o objetivo seria o
de desgastar ao máximo os vínculos comerciais e políticos dos países do
Mercosul com a Rússia e China. Debilitar os BRICS foi considerada uma missão da
mais alta relevância para os planos internacionais dos "falcões" da
Casa Branca. O objetivo de implantar um estado policial, onde todos podem ser
espionados está em pleno andamento e contou com o “auxílio” da CIA. Ficou evidente
que Moro e a “República de Curitiba” estreitaram os laços políticos e militares
para incrementar a ingerência do imperialismo ianque no continente
latino-americano, particularmente, além de estabelecerem com a CIA estratégias
de perseguição a esquerda no Brasil. Nesse cardápio esteve a entrega da base
militar de lançamentos de foguetes em Alcântara para o controle das forças
armadas norte-americanas. Desgraçadamente, foi a própria Frente Popular
comandada pelo PT que abriu esse caminho de subserviência, quando Lula
estabeleceu relações mais que amistosas com o facínora Bush, o mesmo que atacou
o Afeganistão e o Iraque. Da mesma forma
que fizemos na época do governo Lula, denunciamos de forma vigorosa desde
2014 Moro e Deltan como fantoches a serviço do grande capital. Alertamos o
papel da Lava Jato, enquanto a esquerda (inclusive Dilma) festejava o suposto
“combate a corrupção” levada a cabo pelo juiz que comandava a “República de
Curitiba”. A cúpula petista, particularmente o staff dilmista, apoiava
a operação jurídico-policial engendrada pelo imperialismo ianque para acabar
com a Petrobras e as empreiteiras nacionais. Nossa corrente política em voz
solitária denunciava que o Moro havia sido formado pelo Departamento de Estado
ianque e a CIA para inicialmente perseguir o PT e depois desmoralizar o
conjunto do tecido político burguês do país para edificar um novo regime
político, sendo a ponta de lança de um estado de exceção no Brasil com fortes
traços Bonapartistas. Alertamos mais uma vez que tempos sombrios avançam em nosso país no lastro da Lava Jato e do governo neofascista de Bolsonaro, somente a entrada
em cena da classe operária pode barrar a plataforma ultraneoliberal e
conservadora em curso para além do palhaço neofascista que ocupa momentaneamente o Palácio do Planalto!