A “bufada” golpista do neofascista Trump surtiu um efeito
contrário, mesmo com o toque de recolher nas principais cidades e os batalhões
da Guarda Nacional nas ruas, a multitudinária rebelião popular não se acovardou
e ganhou ainda mais ímpeto político. Nova York, maior urbe dos EUA, também é o
principal centro social das manifestações, desde as regiões mais abastadas,
como Manhattan e o Brooklin, até os bairros proletários do Bronx e Queens. Em
Nova York o prefeito Bill de Blasio, uma referência nacional Partido Democrata
e ex-militante Trotskista do SWP, alinhou-se com a violenta repressão policial
e prisão dos manifestantes, chegando a reivindicar o “auxílio” das tropas
federais para tentar controlar a grave crise política aberta com o brutal
assassinato de George Floyd. Blasio era um dos mais empolgados apoiadores da
candidatura do senador Bernie Sanders à Casa Branca. Bernie também se
“acoelhou” diante de Trump, ficando ao lado das posições reacionárias do agora
candidato único dos Democratas, Joe Biden, silenciando a repressão militar
desferida contra o movimento das massas. Frisamos estes fatos não simplesmente
para mais uma crítica da suposta “esquerda” do Partido Democrata, mas para
dimensionar o absoluto vazio de direção que se estabelece em pleno curso da
rebelião popular, negra e juvenil que estremece as bases do regime imperialista
ianque. Por outro lado os pequenos grupos da esquerda reformista e
revisionista, apesar de apoiarem “cartorialmente” as manifestações, se limitam
ao mundo virtual das “lives” enquanto o movimento real das massas invade as
ruas com milhões de manifestantes em todo o território nacional. Os
revisionistas alegam o “alto grau de risco” em quebrar a política do isolamento
social e permanecem em quarentena, alegando por exemplo que só na cidade Nova York
a Covid já ceifou perto de 20mil. Com esta orientação os grupos da esquerda
revisionista só “torcem” de longe pelo triunfo da insurreição popular, mas sem
apresentar qualquer plataforma de ação ou um eixo programático nacional para
unificar o movimento na perspectiva socialista, para além das reivindicações de
justiça e punição para os assassinos de Floyd. Obviamente os Marxistas sabem
muito bem que a morte de George representou apenas um “destrave” para a latente
e subterrânea revolta popular nos EUA, potencializada com a enorme crise
econômica e sanitária por que passa o país, além da histórica segregação ao
povo negro. Desta vez se unificaram a fúria negra, latina, operária e juvenil
em uma única bandeira em todos os rincões do país, até na Flórida, terra dos
gusanos, a rebelião tomou conta do lugar. Pela intensidade desta crise e as
oportunidades que ela abre para a classe operária, os Revolucionários não podem
ficar paralisados na frente de seus computadores, respeitando os “protocolos”
da OMS de Bill Gates. É urgente apresentar um eixo político para superar
politicamente o espontaneismo das massas, que se num primeiro momento foi
extremamente progressivo, sem a adoção de programa claro nesta etapa, tende a
perder força e facilmente ser cooptado pelos oportunistas do Partido Democrata.
Chegou a hora da agitação de massas pelo “Abaixo Trump e todo o regime
imperialista!”. Vamos organizar as assembleias por condado e local de trabalho,
indicando coordenações regionais de luta, eleitas democraticamente. Fundir a
rebelião popular com a classe operária, na perspectiva de construção de uma
alternativa de poder, esta é a tarefa urgente!