Certa vez o genial dramaturgo Nelson Rodrigues afirmou que
“toda unanimidade é burra”, mas no caso da abertura do processo de impeachment
do governador Wilson Witzel do Rio de Janeiro, os cerca de 70 deputados
presentes no plenário virtual votaram por unanimidade a cassação do
ex-bolsonarista, um juiz federal que foi eleito na “onda” da extrema direita da Lava
Jato, mas que não possui base parlamentar ou social alguma. Nem mesmo o líder
do partido de Witzel na Alerj, o PSC, votou para “livrar a cara” do antigo chefe,
nem falar dos deputados ainda fiéis ao bolsonarismo. A esquerda reformista, PT
e apêndices, chegou a ensaiar uma aproximação com o fascista Witzel, convidando
inclusive o governador ao Ato de Primeiro promovido pela CUT e outras Centrais
pelegas, mas diante dos escândalos de desvio de verbas milionárias para a
construção dos chamados “hospitais de campanha” contra a Covid, resolveu se
distanciar do ex-juiz federal que ocupa hoje o Palácio das Laranjeiras. Pelo
rito do processo de impeachment no estado, a decisão desta quarta-feira (10/06)
precisa ser publicada no Diário Oficial do Estado. Depois, a Alerj tem prazo de
48 horas para que os partidos da Casa indiquem representantes para a comissão
especial que irá analisar a admissibilidade da denúncia. Depois desse rito, o
parecer da comissão especial é lido em plenário e, em seguida, é inserido na
ordem do dia, ou seja, em pauta de votação e discussão. Encerrada a discussão,
será aberta a votação nominal do impeachment do governador, o que deverá ser
concluída o mais breve possível, segundo o presidente da Alerj, o petista André
Ceciliano. Bolsonaro apesar de ter apoiado o processo contra Witzel, que tinha
ensaiado uma ruptura com o presidente neofascista, deve estar com as “barbas de
molho”, pois sinaliza claramente uma decomposição das bases de extrema direita.
Witzel é um assassino contumaz, sua Polícia Militar tem as mãos sujas de
sangues de centenas de vidas negras, pobres e oprimidas das periferias do Rio
de Janeiro. Entretanto os Marxistas Leninistas sabem muito bem que os processos
institucionais que envolvem disputas internas da burguesia podem resultar em
algo tão reacionário como produto do triunfo de um setor capitalista contra
outro. A derrubada de Witzel deve ser impulsionada pela ação direta das massas,
e a votação unânime da Alerj reflete o enorme ódio popular existente contra o
governador fascista. Tomar as ruas e convocar massivos atos para que seja o
movimento operário, popular e a juventude a desferir o golpe fatal contra o
governador da extrema direita, um ex-bolsonarista arrependido tardiamente...