O QUE ESTÁ POR TRÁS DO CONFLITO ENTRE PGR E A FORÇA TAREFA DA “LAVA
JATO”? UM ATAQUE DO BOLSONARISMO A SÉRGIO MORO, POTENCIAL CANDIDATO A
PRESIDENTE
A relação entre a Procuradoria Geral da República (PGR) com
as forças-tarefas que integram a operação Lava Jato atingiu o seu pior patamar,
depois do embate entre o braço direito de Augusto Aras, a subprocuradora
Lindora Araújo, com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. Lindora é acusada
pelos procuradores de Curitiba, em documento encaminhado à corregedoria do MPF,
de ter realizado uma manobra ilegal para copiar dados sigilosos da operação,
sem formalizar um pedido de acesso. O grupo de trabalho da Operação Lava Jato
na Procuradoria-Geral da República pediu demissão coletiva no início da noite
desta sexta-feira (26). O motivo são as discordâncias que os procuradores têm
com o procurador-geral da República, Augusto Aras. O estopim da crise com Aras
se deu após uma visita da auxiliar do PGR, a subprocuradora-geral da República,
Lindora de Araújo, à força-tarefa de Curitiba, esta semana. Na ocasião, segundo
ofício enviado pela força-tarefa à Corregedoria do Ministério Público Federal, Lindora
teria tentado obter dados sigilosos da operação sem apresentar justificativas
para o ato. “Aras atua como advogado, não como procurador”, disse um dos
integrantes do grupo. Lindora, personagem central na crise, é tida entre os
procuradores como alinhada ao bolsonarismo e seu objetivo, junto a Aras, seria
“desmoralizar” a Lava Jato e acabar com as investigações. O grupo que pediu
demissão é responsável por conduzir os inquéritos envolvendo políticos com foro
privilegiado e trabalha, entre outras coisas, com acordos de colaboração
premiada. Este episódio resultou na demissão coletiva dos procuradores da Lava
Jato na PGR nesta sexta-feira (27). Esse conflito, já vinha desde que veio a
público a negociação, pela PGR, de um acordo de colaboração premiada com o
advogado foragido Rodrigo Tacla Duran, que lançava suspeitas sobre um amigo do
ex-ministro da Justiça Sergio Moro e sobre a atuação da Lava-Jato de Curitiba.
Essas suspeitas já haviam sido investigadas e arquivadas pela própria PGR.
Responsável por essa negociação, Lindora tocou o acordo sem a participação da
força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, que tomou conhecimento da negociação
pela imprensa. Todos os elementos apontam que os procuradores da Lava Jato
suspeitam que a investigação de Brasília seja uma forma de tentar atingir
Sergio Moro, agora que ele se tornou desafeto do bolsonarismo e pontencial
candidato a presidente. Nesse caso, reside uma forte disputa política em que a
Famíglia Marinho vai atuar firmemente em favor de Moro e contra Bolsonaro. Sérgio
Moro era o principal fiador político de Bolsonaro junto ao imperialismo ianque
e também a setores da burguesia nacional que ainda mantinham um cada vez mais
um tênue vínculo com Bolsonaro... Agora a escolha para o novo nome da direita para 2020 está
mais aberto que nunca e a PGR é peça chave nessa disputa interburguesa.