sábado, 27 de junho de 2020

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO CONFLITO ENTRE PGR E A FORÇA TAREFA DA “LAVA JATO”? UM ATAQUE DO BOLSONARISMO A SÉRGIO MORO, POTENCIAL CANDIDATO A PRESIDENTE


A relação entre a Procuradoria Geral da República (PGR) com as forças-tarefas que integram a operação Lava Jato atingiu o seu pior patamar, depois do embate entre o braço direito de Augusto Aras, a subprocuradora Lindora Araújo, com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. Lindora é acusada pelos procuradores de Curitiba, em documento encaminhado à corregedoria do MPF, de ter realizado uma manobra ilegal para copiar dados sigilosos da operação, sem formalizar um pedido de acesso. O grupo de trabalho da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República pediu demissão coletiva no início da noite desta sexta-feira (26). O motivo são as discordâncias que os procuradores têm com o procurador-geral da República, Augusto Aras. O estopim da crise com Aras se deu após uma visita da auxiliar do PGR, a subprocuradora-geral da República, Lindora de Araújo, à força-tarefa de Curitiba, esta semana. Na ocasião, segundo ofício enviado pela força-tarefa à Corregedoria do Ministério Público Federal, Lindora teria tentado obter dados sigilosos da operação sem apresentar justificativas para o ato. “Aras atua como advogado, não como procurador”, disse um dos integrantes do grupo. Lindora, personagem central na crise, é tida entre os procuradores como alinhada ao bolsonarismo e seu objetivo, junto a Aras, seria “desmoralizar” a Lava Jato e acabar com as investigações. O grupo que pediu demissão é responsável por conduzir os inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado e trabalha, entre outras coisas, com acordos de colaboração premiada. Este episódio resultou na demissão coletiva dos procuradores da Lava Jato na PGR nesta sexta-feira (27). Esse conflito, já vinha desde que veio a público a negociação, pela PGR, de um acordo de colaboração premiada com o advogado foragido Rodrigo Tacla Duran, que lançava suspeitas sobre um amigo do ex-ministro da Justiça Sergio Moro e sobre a atuação da Lava-Jato de Curitiba. Essas suspeitas já haviam sido investigadas e arquivadas pela própria PGR. Responsável por essa negociação, Lindora tocou o acordo sem a participação da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, que tomou conhecimento da negociação pela imprensa. Todos os elementos apontam que os procuradores da Lava Jato suspeitam que a investigação de Brasília seja uma forma de tentar atingir Sergio Moro, agora que ele se tornou desafeto do bolsonarismo e pontencial candidato a presidente. Nesse caso, reside uma forte disputa política em que a Famíglia Marinho vai atuar firmemente em favor de Moro e contra Bolsonaro. Sérgio Moro era o principal fiador político de Bolsonaro junto ao imperialismo ianque e também a setores da burguesia nacional que ainda mantinham um cada vez mais um tênue vínculo com Bolsonaro... Agora a escolha para o novo nome da direita para 2020 está mais aberto que nunca e a PGR é peça chave nessa disputa interburguesa.