Milhares de manifestantes nas ruas impuseram a primeira
grande derrota do governo neofascista em plena etapa de pandemia, onde até
então somente as hordas bolsonaristas tinham a primazia das iniciativas
políticas. A iniciativa de romper a política da covardia e paralisia dos movimentos
sociais, justificada por um pseudo “isolamento social”(diga-se inexistente para
amplas camadas dos trabalhadores e do povo pobre), mostrou-se um tremendo
acerto político. Neste domingo as principais ruas do país sentiram novamente o
pisar de revolta do povo pobre, trabalhador e da juventude, unificado contra
este governo genocida que brada a todo tempo com a ameaça de um golpe militar
para intimidar a esquerda e ao mesmo tempo impulsiona a entrega do país aos
interesses dos rentistas e do imperialismo ianque, seu amo maior. Hoje a
realidade revelou que o “tigre fascista”, mesmo perigoso era de papel e que não
conta com o apoio popular que arrostava ter. Mas também os milhares que
gritaram nas ruas para exigir a saída deste regime capitalista opressor, romperam
o cerco político da esquerda reformista, PT, PCdoB e apêndices, que afirmaram
que as “manifestações fracassariam por conta da pandemia e poderiam fazer o
jogo da direita”. Sem dúvida alguma a Frente Popular tem um enorme peso na
direção dos movimentos, mas hoje se comprovou-se que mesmo espontaneidade
combativa das massas pode superar a política de “camisa de força” das direções
que apostam na colaboração de classes. O marcante fato do governador do Ceará,
o “petista cirista” Camilo Santana, ter proibido previamente qualquer
manifestação contra Bolsonaro em Fortaleza, enviando sua Polícia Militar para
reprimir o pacífico ato antes mesmo que pudesse se iniciar, revela o grau de
comprometimento político desta esquerda reformista com o golpismo de extrema
direita. No mesmo momento em ocorria a prisão de manifestantes no Ceará, Ciro
Gomes estava em uma “live” na Globonews com Fernando Henrique Cardoso
defendendo a “Frente Ampla Democrática” com os neoliberais que “torraram” as
estatais do país e apoiaram o golpe institucional de 2016. A tarefa política
que se impõe neste momento, é dotar o movimento quase espontâneo das massas de
uma plataforma socialista de combate contra a ofensiva neofascista. As
manifestações devem se multiplicar exponencialmente, com a espetacular vitória
deste domingo e no curso da liberação de funcionamento de todos os setores da
economia por parte dos governos estaduais em plena pandemia, mostrando o
cretinismo da política do isolamento social, ou seja você está “liberado” para
trabalhar, consumir e se “entupir” em coletivos lotados, mas não é “conveniente
protestar”...Saem derrotados politicamente deste domingo, tanto o governo e sua
base social de extrema direita, mas também uma esquerda burguesa que apregoa a
via institucional como única via de oposição ao neofascismo. Triunfaram as
massas e sua valentia, mesmo sem uma direção política que apontasse o caminho
da luta e ação direta.