Em setembro de 1918, assim como agora, especialistas em
saúde recomendavam medidas de isolamento para evitar a aglomeração de pessoas
e, com isso, retardar o avanço da epidemia viral da chamada “gripe espanhola”.
Mas as autoridades locais da Filadélfia, no estado Pensilvânia (EUA),decidiram
ignorar o apelo para cancelar um desfile comemorativo nas ruas da cidade, que
na época tinha população de 1,7 milhão de pessoas. Assim, em 28 de setembro de
1918, enquanto a gripe espanhola já circulava pela cidade, uma multidão de 200
mil pessoas foi às ruas para acompanhar o que era anunciado como o maior
desfile já realizado na Filadélfia. A decisão da prefeitura teve efeitos
devastadores e fez com que a Filadélfia se tornasse uma das cidades mais
gravemente afetadas pela gripe espanhola. Em seis semanas, 47 mil pessoas
estavam doentes e 12 mil haviam morrido. "Esse exemplo fatal mostra os
benefícios de cancelar eventos com aglomeração de pessoas e adotar o isolamento
social durante pandemias", decretou a OMS, ao orientar uma “quarentena
global” para todos os países diante do anúncio da nova pandemia do coronavírus.
Seguindo esta “tese científica”, na medida em que a cúpula da OMS estabeleceu
uma biosimilaridade entre o vírus Influenza e o Coronavírus, os atuais eventos
de massas (enormes atos de protesto contra o covarde assassinato de George
Floyd) ocorridos em todo estado, e em particular na cidade de Nova York, os
índices de contaminação e óbitos deveriam já ter indicado uma forte tendência
de alta, pelo menos neste décimo dia de flexibilização total da quarentena.
Entretanto segundo os dois principais institutos de medição do Covid,
Worldometer e Johns Hopkins, ambos credenciados pela OMS, os níveis de contaminação
e mortes vem apresentando viés de baixa, tanto na cidade de Nova York como no
estado. As tentativas em explicar o “furo” no ponto nodal da teoria do
isolamento, ou seja, evitar aglomerações,
vão desde argumentos de que Nova York não estava mais no pico das contaminações
em 28/05 (início dos protestos de milhares nas ruas), o que não corresponde a
realidade dos mapas de contaminação dos institutos, até a justificativa de que
toda população que se aglomerava usava máscara de proteção. Se de fato as
máscaras de proteção são um elemento de tanta eficácia para evitar o
contágio (hipótese muito questionada por especialistas no assunto), a OMS
poderia simplesmente ter emitido esta orientação desde o começo da pandemia,
evitando a histeria de um rígido confinamento social. Note-se que mesmo a OMS
não recomendava o uso das máscaras no início do surto global, por considerá-las
um recurso de proteção exclusivo aos profissionais de saúde. Agora os “experts”
da OMS devem uma explicação ao mundo, sob a luz dos acontecimentos dos EUA, o
país mais afetado pela pandemia e justamente o que está reduzindo o pico de
contaminações e mortes justamente no momento em que as massas ganham as ruas,
será que a “teoria da imunidade de manada” era tão absurda assim? Ou será que a
diferença crassa entre o “comportamento” do Influenza e o Coronavírus reside no
fato do primeiro patógeno não ter sido alterado em laboratório? A título de
glosa, queremos afirmar pela enésima vez, que os Marxistas Leninistas não
nutrem nenhuma confiança na OMS/ONU, um organismo do imperialismo responsável
por milhares de crimes sanitários cometidos na África, Ásia e América Latina.
Não precisamos ir muito longe para afirmar a completa irresponsabilidade
científica da OMS diante da atual pandemia do coronavírus, neglicenciando a
busca de qualquer tratamento da Covid, falsificando relatórios para “demonizar”
a utilização da cloroquina ou de qualquer outro medicamento para milhões de
enfermos da pandemia. A única preocupação da OMS, diante da catástrofe sanitária
foi recomendar o rígido confinamento (mesmo que para muitas populações carentes
isso significasse a morte de milhares por isolamento sem qualquer assistência
do Estado) e pedir para aguardar a futura “vacina milagrosa” que está sendo
financiada pela Microsoft de Bill Gates. A obsessão da OMS se pautava no
confinamento social e testagem em massa (teste e vá se confinar em
casa!) contrastando com qualquer empenho clínico ou científico para combater a
evolução do coronavírus, nem sequer exigiu dos governos nacionais atendimento
sanitário e médico universal de qualidade para os contaminados. Pela história
“nebulosa” da OMS, sempre à serviço das corporações imperialistas da Bigpharma,
é impossível depositar total credibilidade a esta entidade, e tampouco chancelar
as posições de seus críticos de extrema direita, como Trump e Bolsonaro. A
classe operária mundial, seus quadros intelectuais e cientistas comprometidos
com o Socialismo, deveríamos formar uma instituição global científica
independente, para que luz do conhecimento possa vir à tona, sem a influência
dos interesses econômicos capitalistas que estão por trás desta pandemia.