O Editorial de hoje (20.06) de “O Globo” intitulado “Bolsonaro
deve se preocupar com o trabalho” afirma que “O enquadramento do
bolsonarismo às leis deveria levar o presidente a tratar dos problemas efetivos
do país”. O jornal deixa claro que após o cerco judicial ao clã, a Famiglia Marinho
aponta que o projeto do grosso da burguesia nativa é enquadrar para seguir a agenda neoliberal (como afirmou por diversas vezes anteriormente o BLOG da LBI) e não derrubar Bolsonaro, contrapondo-se a tese
alardeada agora pela esquerda reformista que Bolsonaro está prestes a cair com
os escândalos envolvendo sua familícia após a prisão de Fabrício Queiroz. O
significado das operaçãoes policias em curso representa os limites políticos que a
burguesia nacional quer impor a Bolsonaro no marco da solidificação do regime
do Bonapartismo judiciário iniciado com o golpe parlamentar sofrido pelo
governo petista de Dilma Rousseff em 2016 no lastro da Operação Lava Jato. Tanto que o Editorial declara que Bolsonaro
deve agora dedicar-se ao trabalho e não mais priorizar o seu “projeto
autoritário”, ou seja, o Bonapartismo Judiciário concentrado agora no STF e não
mas na anômala “República de Curitiba” ganhou força como árbitro do real poder
burguês. A classe dominante não pretende derrubar Bolsonaro neste
momento, ainda mais em meio a pandemia, sem ter o desfecho das eleições nos
EUA e não tendo estreitado os vínculos políticos e materiais suficientes com a Alta-cúpula
militar. Quer apenas enquadrá-lo como deixa claro “O Globo” onde se lê: “Bolsonaro,
família e seguidores vinham num crescendo de ameaças até que o Judiciário, que
opera em outro ritmo, fez movimentos que começaram a fixar limites a devaneios
políticos autoritários. Mandados de busca e apreensão determinados pelo juiz
Alexandre de Moraes, do Supremo, no inquérito das manifestações
antidemocráticas, alcançaram 11 parlamentares bolsonaristas e alguns
empresários ligados ao grupo. Funcionaram como uma advertência a quem considera
estar fora do alcance da lei porque Jair Bolsonaro se encontra no Planalto e
mora no Alvorada”. Os Marinho vão além: “Um outro inquérito, também com Moraes à
frente, sobre a produção de fake news e ataques ao Supremo e a seus juízes,
teve a sua constitucionalidade referendada pela Corte, ao mesmo tempo em que o
habeas corpus impetrado pelo próprio ministro da Justiça, André Mendonça, um
ineditismo, para a retirada do ainda ministro da Educação, Abraham Weintraub,
deste caso, não foi aceito”. Conclui em êxtase o porta voz da Famiglia após também citar
as prisões de Sara Geromini e Fabrício Queiroz que “Bolsonaro se recolheu, e a
intensidade de suas redes sociais caiu. Agora, o presidente deveria tratar de
governar, arregaçar as mangas e dar expedientes no Planalto para acompanhar o
seu governo. Ele demonstra não se dedicar como deveria à agenda real do Brasil.
Se esta agenda de trabalho existe, ela precisa ser divulgada. Daria pelo menos
alguma satisfação à população, que, em sua grande maioria, espera que o
presidente tenha sido eleito, mesmo que não haja votado nele, para tentar
resolver problemas dela, não com o objetivo de executar um projeto delirante de
poder.” Como alertou o BLOG da LBI, diante da nova ofensiva do STF e agora da
operação que prendeu Queiroz via a justiça do Rio de Janeiro, Bolsonaro como sempre, vendo-se acuado pode até ameaçar com um auto-golpe para logo depois recuar. Neste processo de ilusões e pantomima, o
Alto Comando Militar avança no seu controle do regime bonapartista, preparando
o descarte de Bolsonaro na hora certa, e não pelos “caprichos” das hordas
fascistas. Os reformistas passarão do “êxtase à depressão” na medida em que se
apoiam exclusivamente nas instituições golpistas, mantendo o movimento operário
atado a sua política de colaboração de classes. Só que o ritmo e a dinâmica do
Alto Comando das FFAA não segue necessariamente o compasso da esquerda
reformista. Lembramos que a “besta fera” do Bonapartismo judiciário está em conluio
permanente com militares e rentistas neoliberais para promoverem a liquidação
do patrimônio nacional e a supressão das conquistas históricas do proletariado
brasileiro. Como nos definiu brilhantemente o velho Marx, o Bonapartismo emerge
no impasse das classes dominantes, uma espécie de empate na correlação de
forças sociais, catapultando um poder “acima” da disputa entre as frações
burguesas. Em nosso caso concreto o Bonapartismo judiciário tem a “missão” de
eliminar todas as barreiras legais para a penetração do capital internacional
nos negócios e obras públicas do Estado Nacional, serão eliminadas todas as
reservas de mercado para a atuação das transnacionais no país. Trotsky ao
analisar a realidade russa e de outros exemplos históricos nos deixa
importantes lições para a intervenção atual na luta de classes. Por essa razão,
apontamos mais uma vez que somente a ação direta e ativa das massas poderá encestar a
derrubada cabal deste governo neofascista em seu conjunto, instaurando um novo
regime político socialista emanado do poder revolucionário da classe operária,
caso contrário o “Fora Bolsonaro” poderá desembocar em algo ainda mais
reacionário e entreguista do que a gerência atual. Os Marxistas Leninistas que
combatem pela derrubada do governo neofascista, apontam claramente a arapuca da
estratégia eleitoral, alertando ao movimento operário e popular que somente os
métodos mais radicalizados da ação direta das massas e sem expectativa neste
congresso golpista podem colocar abaixo Bolsonaro e toda a estrutura do regime
vigente.