CARABINEROS REPRIMEM MARCHA MAPUCHE: NÃO À PERSEGUIÇÃO AOS POVOS ORIGINÁRIOS NO CHILE!
Pelo menos dez pessoas foram presas e outras 18 ficaram feridas após a repressão de funcionários dos Carabineros e da polícia chilena contra uma passeata realizada neste domingo em favor do povo mapuche. Convocada por diferentes etnias indígenas, a marcha pela resistência Mapuche e pela autonomia desses povos teve cerca de mil pessoas reunidas no Parque Bustamante de Santiago do Chile (capital), que após uma cerimônia, pretendiam avançar pela Alameda até o Cerro Huelén. No marco do Dia do Encontro entre Dois Mundos, que se comemora todo dia 12 de outubro, os mobilizados queriam fazer um apelo à demanda, mas antes de avançar, os carabineros os reprimiram com lançadores de água e gás.
A porta-voz da organização mapuche em Santiago, Belén
Paillán, destacou que “se vamos às ruas não é porque consideramos que se trata
de uma festa, muito pelo contrário. Acreditamos que as ruas devem ser
recuperadas e o que buscamos enfim é denunciar todos os abusos que vivemos como
mapuches”. Além disso, denunciou a repressão excessiva e brutal aos
Carabineros, garantindo que seu objetivo era realizar a cerimônia e entregar
sua mensagem quando os funcionários invadiram violentamente para prendê-los.
"Mesmo antes de dar um passo para a rua", disse ele.
Os mapuche formam o grupo indígena mais numeroso do Chile, representando 6,6% da população total, de 16 milhões de habitantes. Com a greve de fome, querem também o fim de medidas contrárias ao movimento criadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, como a aplicação da Lei Antiterrorista para as causas mapuches e processos abertos na Justiça Militar contra eles. O grupo se organizou como movimento social nos anos 1980 para defender os direitos das terras originárias. Os indígenas alegam que suas terras estão sendo exploradas “de forma irracional” por empresas privadas, que estão desmatando a região e prejudicando seu modo de vida. Criticam, por exemplo, a construção de uma represa e a instalação de uma fábrica de celulose, que desmatou dois mil hectares de terras de povos ancestrais.
Para tentar conter os protestos, o então governo militar
criou a Lei Antiterrorista e permite que os acusados fiquem em prisão
preventiva durante dois anos e impede que os advogados da defesa acompanhem os
depoimentos e tenha acesso ao processo. "Pela não aplicação da Lei Antiterrorista
nas causas Mapuche da legislação Pinochetista", afirmam os presos no
comunicado. No texto, os mapuches pedem também que o governo do neofascista
Piñera se posicione diante da situação dos presos políticos do país. Dentre as
exigências listadas na declaração constam a liberdade dos presos políticos
mapuches ou a mudança para uma medida alternativa que não seja a prisão. Os
Mapuche consideram esta medida necessária como prevenção da propagação da
pandemia da Covid-19 por razões humanitárias em que o governo não se pronunciou
para salvaguardar a vida dos presos políticos mapuches ou presos políticos em
geral. Em segundo lugar, os Mapuche rejeitam o tipo de julgamento e a forma
como o governo aplica a lei quando se trata de perseguição política, prisão e sentença
do povo mapuche. Em terceiro, exigem que Piñera devolva seu território
ancestral, requerendo também que as empresas florestais abandonem o Muromapu,
pois são algumas das principais responsáveis pelo esgotamento dos recursos
hídricos e desaparecimento da biodiversidade, bem como da energia, da pesca, da
mineração e das rodovias. E, da mesma forma, exigem a desmilitarização de seu
território, “uma vez que eles só protegem os interesses econômicos das empresas
transnacionais”. Todo apoio a luta dos povos originários no Chile, liberdade
para os presos políticos!