BC AUMENTA JUROS PARA TENTAR BAIXAR A INFLAÇÃO: APAGAR O “INCÊNDIO” DA ESPECULAÇÃO CAPITALISTA COM A GASOLINA DA RECESSÃO ECONÔMICA
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (27/10) elevar em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que passou de 6,25% para 7,75% ao ano. Assim, o governo neofascista de Bolsonaro recoloca o Brasil na posição de campeão mundial de juros reais, no mesmo momento em que a dívida pública brasileira (leia-se dívida com o rentismo internacional) alcançou a “pequena” cifra de 6 trilhões, superando mais de 100% do PIB nacional, ou seja, literalmente com a pandemia o rentismo é o “dono” do país.
Segundo o insuspeito site “MoneYou e Infinity Asset Management”, o juro real brasileiro está agora em +5,96% ao ano. Em segundo lugar está a Rússia (4,77%), seguido pela Turquia (3,46%). A média de 40 países considerados na pesquisa está negativa em -0,96%.
Com a submissão do governo aos banqueiros e à agiotagem, Bolsonaro e sua equipe econômica de rentistas fez com que a taxa de juros fosse a maior em quatro anos, quando atingiu 7,5% em outubro de 2017. E a maior alta desde dezembro de 2002, quando subiu 3 pontos percentuais. No comunicado, o BC sinalizou nova elevação de mesma magnitude na próxima reunião, em dezembro, elevando a Selic para 9,25% ao ano. Ao aumentar a Selic pela sexta vez consecutiva este ano, o BC impõe mais arrocho aos investimentos industriais e ao consumo, prejudicando a produção fabril, o comércio e os trabalhadores, e jogando mais lenha na fogueira da inflação, gerando a “tempestade perfeita” do capitalismo, a estagflação.
A disparada da inflação acelerou impulsionada por preços e serviços administrados pelo governo, que deixou correr frouxo a alta nas tarifas dos combustíveis, da energia elétrica, do botijão de gás de cozinha, entre tantos outros, além da subida nos preços dos alimentos que está tirando a comida da mesa do brasileiro, incentivando com que os produtos brasileiros fossem exportados à bancarrota e deixando mais de 100 milhões de brasileiros vivendo sob completa insegurança alimentar em plena pandemia planejada pelo capital financeiro internacional.
Em um quadro de economia capitalista estagnada, com desemprego elevado e inflação generalizada, as tendências da conjuntura apontam para um cenário de estagflação, mas o BC insiste em manter o aperto monetário, elevando os juros seguindo à risca a recomendação do estafeta Guedes: “tem que correr mais com os juros“, disse o ministro de Bolsonaro em coletiva na última sexta-feira (22/10)na véspera da reunião do Copom, defendendo o aumento de 1,5 ponto percentual.
A inflação no regime capitalista não é produto exclusivo da demanda. É provocada, essencialmente, por uma economia periférica que está dolarizada e associada ao imperialismo. Hoje, os brasileiros – cujo seus salários são pagos em Real, compram produtos que são produzidos em abundância no Brasil ao custo do preço do dólar, que está cada vez mais caro no mercado por conta da dependência semicolonial de nossa economia. Não há alternativa possível de desenvolvimento nacional no marco da submissão ao rentismo financeiro internacional, somente a ruptura revolucionária com o modo de produção capitalista poderá alavancar as forças produtivas do nosso país.
