GREVE GERAL NO HAITI ENTRA NO TERCEIRO DIA CONSECUTIVO:
PROTESTO DE MASSAS É CONTRA A FOME, O DESEMPREGO E A VIOLÊNCIA IMPERIALISTA
O povo haitiano voltou a paralisar completamente as atividades nesta última quarta-feira (26/10) no terceiro dia consecutivo de protestos contra a violência das forças imperialistas e o agravamento da crise capitalista causada pela fome e falta de combustível. Setores como o da saúde, comércio, telefonia e transporte têm alertado para as graves consequências da escassez generalizada no país caribenho, enquanto o governo títere dos EUA, que tomou posse após a execução do presidente Jovenel Moise, promete em vão restabelecer o fluxo de combustíveis.
“Nunca havia visto nada assim em dez anos”, disse à AFP Maarten Boute, diretor executivo da empresa de telefonia Digicel, que cobre 75% do mercado haitiano. Segundo Boute, “a empresa tem afetadas neste momento 430 das 1.500 antenas que possui no país, o que prejudica a centenas de milhares de clientes”.
Convocados pelas entidades sindicais, professores e funcionários fecharam as escolas e as demais instituições públicas para denunciar a escalada de selvageria que varre o país. Na sua convocação à greve geral os sindicatos dos transportes conclamam a população a suspender todas as atividades a fim de obrigar o Estado a garantir a segurança de vidas e dos bens materiais do povo pobre.
Levantamentos das organizações de direitos humanos apontam que os sequestros triplicaram de julho a setembro, em relação aos meses anteriores, com as milícias que apoiam a ocupação imperialista controlando atualmente cerca de 40% da capital. Dando uma mostra do seu poder, gangues criminosas da coalizão “G9” bloquearam o acesso ao terminal Varreux, onde está armazenada a maioria dos produtos petrolíferos consumidos no Haiti. O incidente iniciou na madrugada da segunda-feira passada mas até esta quarta-feira não havia informações sobre a retomada das atividades do terminal.
Além disso, uma fonte que não quiz se identificar por medo, e que trabalha no terminal petrolífero informou que vários tiros foram disparados na área, outro obstáculo que impedia os funcionários de chegarem até o local. “Há muitos tiroteios na área, o que nos impede de trabalhar. Nem mesmo temos acesso ao terminal. As estradas que levam ao terminal ainda estão bloqueadas“, disse a fonte consultada pelo jornal local “Le Nouvelliste”.
O país insular de população negra na América Central atravessa uma grave crise política, econômica e social, agravada pelo assassinato do ex-presidente Moise, em 7 de julho, e pelo “estranho” terremoto que causou mais de 2.200 mortes no último 14 de agosto. Desde então o imperialismo ianque vem retomando a ocupação total da ilha, incentivando a atividade de bandos criminosos armados para justificar sua invasão do país.