DO “FORA TODOS ELES” AO “JUNTO COM ELES TODOS”... NARRATIVAS DO PSTU PARA JUSTIFICAR SUA INTEGRAÇÃO AO REGIME DA DEMOCRACIA BURGUESA
Em 2016 ocorreu a votação no Senado pela abertura do processo do impeachment com o afastamento temporário da presidente Dilma, ou seja, um segundo estágio preliminar do golpe institucional contra a gerência da Frente Popular. Um placar acachapante (55 a 22) selou definitivamente o destino político da presidente petista. Configurou-se o nascedouro de um do governo de rapina nacional comandado provisoriamente pelo bandido Temer, abrindo-se o caminho posterior para a ascensão do nefascista Bolsonaro ao Planalto pela via eleitoral. Nesse intervalo de tempo o PSTU passou de entusiasta defensor do impeachment com sua bandeira de “Fora Todos” (sem haver alternativa revolucionária de massas ao PT o que significou objetivamente o apoio ao golpe institucional da direita) para uma posição oposta: apoiou eleitoralmente o PT nas eleições de 2018 e agora tornou-se um apêndice da Frente Popular, saudando a “unidade” com a CUT nos atos contra Bolsonaro, defendendo inclusive a participação do direitista MBL, além é claro do PSDB. Trata-se do que Trotsky denunciava no Programa de Transição, como as duas faces (esquerdismo e oportunismo) dos grupos revisionistas.
Vejamos o que apregoa agora o Editorial do Opinião Socialista, jornal do PSTU (15.09) intitulado “Ato unitário, greve geral, autodefesa e a alternativa dos trabalhadores”. No texto os Morenistas anteriormente defensores do “Fora Todos” agora apregoam o “todos juntos” com o PT e a direita: “Movimentos da direita liberal, como o MBL e o Vem Pra Rua, convocaram manifestações a fim de fortalecerem uma 'terceira via' eleitoral no último 12. Setores do PT e do PSOL, além de outras organizações menores como o PCO, declararam que não iriam para as ruas ao lado desses setores. Mas, se era correto não ir nos atos do dia 12 que não foram convocados de forma unitária, é um absurdo vetar, na unidade de ação, qualquer setor que esteja pelo Fora Bolsonaro e contra seu golpismo.”
Para não deixar dúvidas o PSTU declara “Para massificar a luta pelo Fora Bolsonaro é preciso fazer unidade de ação com todos que estejam dispostos a dar cabo deste governo e parar a preparação de golpe. Ninguém deve ser vetado, inclusive o MBL”.
O PSTU vem defendendo a política de “todos juntos” contra Bolsonaro, reivindicando a participação do PSDB, MBL e da direita nos atos pelo impeachment. Segundo os Morenistas, “O PSDB não estava 'infiltrado' no ato. Pelo contrário, já havia anunciado que iriam ao protesto. Mas esse nem é o problema. Na luta pelo Fora Bolsonaro, ou seja, para se pôr fim a esse governo, que é praticamente um consenso (ou deveria ser) que conta com um projeto autoritário, deve-se contar com todas as forças políticas que se disponham a ir às ruas contra ele. Todos os setores, incluindo a direita democrática-liberal.” (05.07.2021). Mas não era esse mesmo PSTU que defendia o “Fora Todos” nas manifestações contra Dilma, apesar de na prática também se aliar, como hoje, com a direita pelo golpe constitucional?
Em 2016 o PSTU nos explicava no artigo “Fora todos eles: A farsa do impeachment e a hipocrisia de Dilma” (29.08.2016) que “Estamos assistindo ao desenrolar de uma verdadeira farsa no Congresso Nacional. O processo de impeachment que vem chegando aos seus momentos finais pretende trocar seis por meia dúzia ao destituir Dilma e tornar permanente o governo interino de Michel Temer (PMDB).”. O que era “farsa” agora virou “luta ampla” porque neste momento o PSTU integra a frente burguesa pelo “superpedido” pelo impeachment de Bolsonaro no Congresso Nacional, conclamando a unidade até com os tucanos, MBL, Joice, Alexandre Frota e o Novo, a frente ampla defendida pelo PT!
Ao sair em defesa do Tucanos, o PSTU argumenta ainda que “Não só é uma imbecilidade completa hostilizar o PSDB nas manifestações, como se deve fazer exatamente o contrário: exigir que todos os setores que defendem as liberdades democráticas e o fim deste genocídio participem também. É o be-a-bá da unidade de ação, que todo trotquista deveria conhecer. Unidade em torno a um objetivo comum: derrubar esse governo, necessidade mais básica e urgente para a classe trabalhadora hoje e pré-condição para que paremos o genocídio em marcha e as ameaças autoritárias” (05.07.2021). Essa não é a unidade de ação que denfendem os revolucionários e sim uma frente de colaboração de classes!
O mais hilário é que em 2016 o PSTU dizia justamente o contrário: “Temos que colocar para fora todos eles! Colocar para fora Temer e seus ataques, e impedir que Dilma volte para continuar nos atacando. Temos que ir à luta para derrubar esse Congresso” enquanto agora vai ao mesmo congresso de corruptos “junto de todos eles” defender a "farsa" do impeachment de Bolsonaro!
Triste fim dos Morenistas, que agora não passam de uma sombra
da Frente Popular, completamente integrados ao regime político burguês!