DMITRY MURATOV, EDITOR-CHEFE DO JORNAL FINANCIADO PELO VENDIDO GORBACHEV,
RECEBE O PRÊMIO NOBEL DA PAZ: MAIS UM LANCE
DA GUERRA HÍBRIDA CONTRA PUTIN E A RÚSSIA
O jornal Novaya Gazeta, cujo editor-chefe é Dimitri Muratov, recebeu o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira (8). O Comitê Norueguês do Nobel enfatizou o papel do jornal na oposição a Putin na Rússia: “O jornalismo livre, independente e baseado em fatos serve para proteger contra abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra”, disse Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê, explicando por que o prêmio foi concedido ao jornalista. A história do Novaya Gazeta começou quando jornalistas do Komsomolskaya Pravda decidiram criar um novo meio de comunicação ligado a oposição burguesa de direita. O último dirigente restauracionista da era soviética, o vendido Mikhail Gorbachev, ajudou-os a lançá-lo investindo o dinheiro recebido justamente quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1990, explicou o editor-chefe da época, Sergei Kojeurov. Gorbachev ainda detém, junto com o empresário Alexander Lebedev, muito crítico do Kremlin, partes acionárias do jornal. Esse é o prêmio pelo jornal ser uma das pontas de lança da guerra híbrida contra Putin na Rússia.
Em 2012, o então procurador-geral da Rússia, Aleksandr Bastrykin, levou o secretário-executivo do jornal “Novaya Gazeta” para uma floresta perto de Moscou. A história foi publicada pelo editor-chefe do “Novaya Gazeta”, Sergey Muratov. Muratov foi um dos vencedores do prêmio Nobel da Paz neste ano.
De 1993, quando foi fundado, até hoje, seis pessoas da redação do “Novaya Gazeta” foram mortos, afirmou a presidente do comitê do Prêmio Nobel da Paz, Berit Reiss-Anderson. Todas mortes ocorreram depois que Vladimir Putin chegou ao governo na Rússia. Os crimes são denunciados pela Casa Branca como provas de que estes são perseguidos e ameçados por Putin.
Uma das primeiras vítimas de assassinato da redação foi Yuri Shchekochikhin, que, além de repórter, era um parlamentar. Ele morreu em 2003 de uma doença misteriosa na pele —a “Novaya Gazeta” concluiu que foi um envenenamento, o que foi apoiado pela Casa Branca. O repórter estava com viagem marcada para os Estados Unidos, onde iria participar de reuniões com agências de informação norte-americanas.
O caso mais famoso, que foi citado na premiação do Nobel, é 2006. Anna Politkovskaya, que fazia uma cobertura crítica do governo russo na Chechênia, foi assassinada.
Em 2009, houve dois assassinatos: Anastasia Boburova, uma
outra jornalista do “Novaya Gazeta”, foi assassinada com tiros na rua. E uma
colaboradora do jornal, Natalia Estemirova, foi sequestrada e assassinada na
Chechênia.
A “Novaya Gazeta” é tido como um jornal que frequentemente se choca com as autoridades da Rússia e fazem o jogo do imperialismo. Um dos donos do jornal é Mikhail Gorbachev. Aliás, para fundar a “Novaya Gazeta”, ele usou o dinheiro do prêmio Nobel que ele mesmo venceu, ou seja, é um jornal financiado diretamente pelo imperialismo "democrático".
Há outros donos, como um ex-agente da KGB (o serviço secreto soviético) que se tornou um banqueiro e a própria equipe, que também é sócia, todos adversários políticos de Putin e próximos a mídia norte-americana.
O Nobel vem no momento em que a Casa Branca critica a suposta onda de repressão contra a oposição de direita na Rússia e a chamada “mídia independente” e ONGs críticas ao Kremlin, que são acusadas pelo governo de trabalharem para países estrangeiros. "Não iremos a lugar nenhum, não somos agentes pagos por países estrangeiros, não recebemos financiamento externo. Vamos ficar para viver e trabalhar na Rússia", insistiu Muratov em março passado, em meio ao crescente número de opositores e jornalistas que deixaram o país, após a prisão do principal adversário do Kremlin, Alexei Navalny.
Nos últimos anos, o Novaya Gazeta publicou artigos sobre corrupção, informações sobre execuções extrajudiciais e perseguições contra homossexuais na Chechênia e também participou da investigação internacional dos "Panama Papers", sobre lavagem de dinheiro em paraísos fiscais. "Não posso levar o crédito. É do Novaya Gazeta. É dos que morreram defendendo o direito das pessoas à liberdade de expressão", disse, citando seus nomes um a um.