domingo, 17 de outubro de 2021

EUA: DEZ MIL OPERÁRIOS DA FÁBRICA DE TRATORES “DEERE” ENTRAM EM GREVE ENFRENTANDO A CORPORAÇÃO CAPITALISTA E O SINDICATO PELEGO DIRIGIDO PELA ESQUERDA BIDENISTA

Pouco depois da meia-noite do último dia 14 de outubro (horário dos EUA), mais de 10.000 trabalhadores em Iowa, Illinois e Kansas estão oficialmente em greve, depois que a gestão da corporação Deere and Co., a empresa proprietária da marca de equipamentos agrícolas “John Deere”, não conseguiu chegar a um novo acordo com negociadores do United Auto Workers (UAW), o sindicato de metalúrgicos, após a base da categoria rejeitar o último acordo. Na semana passada, mais de 90% dos membros votaram um sonoro “NÃO!” ao acordo provisório anterior do sindicato com a administração da empresa. A Deere prevê que o lucro de 2021 chegará a 150% de seu maior lucro líquido anterior, mas na negociação original ela ofereceu apenas aumentos de 11% a 12% diluídos por 6 anos, ou seja menos de 2% ao ano.Os operários metalúrgicos foram a greve porque estão fartos não apenas da Deere, mas também da direção pelega do UAW, ligada politicamente ao Partido Democrata do genocida Biden.

De acordo com a oposição sindical, a categoria rechaçou a presença de um representante do UAW, denunciando ele por aceitar um aumento pessoal de 31% em seu próprio salário em 2018, enquanto os trabalhadores que ele formalmente representa ficam sem aumento algum. Em outro local do sindicato, um trabalhador criticou a burocracia pelega por não ter levado o sindicato à greve em setembro, quando originalmente a categoria aprovou uma autorização de greve: “Você não nos ouviu”, disse ele. "Você está nos ouvindo agora? Você nos ouve agora? Como você pode ficar lá em cima em seu palanque e não nos ouvir? Não somos assim. Nós merecemos uma direção melhor”. A greve chega em um momento particularmente oportuno para os trabalhadores da grande indústria de equipamentos agrícolas, é o meio da safra de milho e soja, safras que respondem por mais da metade de todas as terras agrícolas dos Estados Unidos, quando há grande demanda por equipamentos e peças.

Esta será a primeira greve contra a Deere desde 1986, os trabalhadores estão encorajados e prontos para ir. “É a primeira vez em uma década que tenho orgulho de fazer parte desse movimento ”, declarou um dos trabalhadores entrevistados pelo jornal da oposição sindical. É notório que as páginas dos próprios trabalhadores sindicalizados no Facebook estavam repletas de comentários de denúncias contra a empresa e também contra a direção do sindicato.O comentário mais repetido no Facebook foi : "Chega! É hora de ganharmos um salário decente e termos um bom contrato." Isso levando em consideração que a empresa teve, no segundo trimestre deste ano, um lucro recorde: US $ 1,79 bilhão, enquanto no trimestre anterior seu lucro foi de US $ 1,22 bilhão.

Essa importante greve dos trabalhadores da Deere, é parte de uma série de grandes paralisações enfrentadas recentemente no setor da economia privada nos Estados Unidos, e que mostra um ascensão das lutas dos trabalhadores que estão insatisfeitos com seus salários congelados e péssimas condições de trabalho. Os trabalhadores da Frito-Lay, Nabisco e Kellogg também entraram em greve. Na indústria cinematográfica, cerca de 60.000 trabalhadores votaram pela greve contra os estúdios, enquanto outras 21.000 enfermeiras e outros trabalhadores da saúde também se levantaram contra a “Kaiser”, uma empresa privada de medicina. A burocracia sindical dos EUA, umbilicalmente ligada aos Democratas, tem se mostrado historicamente um obstáculo para a ação independente da classe operária, porém este levante operário em plena gerência Biden abre a possibilidade da construção de uma liderança classista e combativa para o proletariado norte-americano.