sábado, 2 de outubro de 2021

ALÍVIO TEMPORÁRIO DE UM “DEFAULT” CHINÊS: GOVERNO XI JINPING RESGATA EVERGRANDE, “COPIANDO” O QUE O FED DOS EUA FEZ COM SUAS CORPORAÇÕES IMPERIALISTAS

Temores crescentes de que o colapso da corporação imobiliária chinesa Evergrande já tivesse causado grandes quedas nos mercados de ações mundiais, se dissiparam temporariamente com a intervenção estatal, ou melhor dizendo “resgate” financeiro, operado pelo governo restauracionista de Xi Jinping.

No início do mês de setembro, a mega empresa admitiu ter problemas de liquidez para fazer frente a futuros pagamentos de uma dívida de 1,97 trilhão de yuans (306,3 bilhões de dólares, o equivalente a 2% do PIB da China). Por sua vez, suas vendas caíram 26% ano-a-ano em agosto e a queda deve continuar este mês. A partir de julho, Evergrande começou a cancelar projetos devido à sua incapacidade de honrar os pagamentos correspondentes a fornecedores e empreiteiros.

A enorme dívida da corporação gerou fortes temores de um colapso financeiro nas bolsas de valores mundiais. Logo surgiram as comparações com o colapso do banco de investimento Lehman Brothers em 2008, que não demoraram a ocupar as manchetes da mídia. Acontece que mais de 200 entidades financeiras em todo o mundo estão comprometidas com a dívida da Evergrande, o que concedeu um amplo lastro de exigência para o seu “resgate”, pelos cofres do Estado capitalista chinês.  

É que o eventual colapso estará longe de afetar apenas a economia chinesa: grandes corporações internacionais como BlackRock, HSBC, Allianz e Ashmore são credoras de Evergrande. Se a empresa entrar em default, isso pode gerar uma crise de colapso cruzado no sistema financeiro global.

As consequências desta crise na China não afetarão apenas o mundo financeiro. A tensão social vem aumentando devido ao grande número de pessoas afetadas pela crise da empresa. A Evergrande emprega diretamente 200.000 trabalhadores e contrata outros 3,8 milhões para seus mais de 300 projetos empresariais.Na China, as crescentes violações de contrato da corporação geraram uma onda de indignação entre seus clientes, que organizaram grandes protestos fora da empresa. Milhares de chineses que compraram uma casa ou apartamento podem nunca receber a propriedade pela qual pagaram.

As comparações com a crise financeira de 2008 não demoraram a chegar. Muitos analistas do mercado acreditam que, se Evergrande entrar em default, a crise se estenderá como um efeito de dominó para todo o sistema financeiro. Mais de 200 das principais instituições financeiras do mundo (bancárias e não bancárias) estão expostas em vários graus ao crash da Evergrande. A comparação faz sentido, embora as dimensões sejam diferentes: o passivo do Lehman Brothers, o terceiro maior banco de investimento dos Estados Unidos na época, em setembro de 2008 atingiu US $ 613 bilhões, ou seja, o dobro da dívida atual que enfrenta a Evergrande.

Anteriormente o governo Xi Jinping já tinha sido forçado a adotar medidas regulatórias para o mercado imobiliário, promovendo uma política de limitação dos níveis de alavancagem(dívida financeira posta no mercado de títulos)deste tipo de empresa.Mas os porta-vozes dos principais tubarões de Wall Street já faziam lobby exigindo o “resgate” da empresa pelo regime chinês. Porém não se cogitou a estatização da grande corporação capitalista. Ao “salvar” Evergrande, injetando dinheiro público o governo Xi Jinping envia a mensagem oposta à que buscava com as medidas regulatórias das “Três Linhas Vermelhas” para empresas imobiliárias. Ao contrário, a "irresponsabilidade financeira" da nascente burguesia que a “China Socialista” busca combater com essas medidas, seria "recompensada" com esse bilionário resgate, “copiado” da receita clássica do neoliberalismo imperialista.