Dezenas de milhares de trabalhadores participaram, no último
dia 20/07 de uma paralisação nacional e de ações políticas de solidariedade a
greve, em mais de 25 cidades dos Estados Unidos. Respondendo à convocação do
movimento Black Lives Matter (Vidas de Negros Importam), com o objetivo de
denunciar o racismo estrutural capitalista e a injustiça econômica pela
desigualdade salarial, a falta de seguros médicos para a maioria, e ausência de
direitos trabalhistas básicos, incluído o de organizar sindicatos livres.
Nas
cidades de Los Ángeles, Nova York (em frente ao hotel Internacional Trump,
entre outros lugares), Washington, San Francisco, Saint Louis, Minneapolis,
Boston e Durham foram realizadas marchas, comícios e atos simbólicos. Para
destacar a unidade nacional da manifestação, às 12 horas do dia 20 todos se
ajoelharam durante oito minutos e 46 segundos, tempo que um policial colocou
seu joelho sobre o pescoço do negro George Floyd provocando sua morte, como
informaram os organizadores da paralisação.
O sindicato nacional de serviços (SEIU), de caminhoneiros
Teamsters, a Federação Americana de Professores (AFT), de Comunicação (CWA), o
sindicato de atores (Actors’ Equity), músicos, enfermeiras e trabalhadores dos
hospitais, assim como os do setor de fast food, jornaleiros, aeroportuários,
trabalhadores da construção civil, empregadas domésticas, entre outros,
participaram da paralisação nacional, que foi ativamente boicotada pela mídia
corporativa e também pelas lideranças do Partido Democrata.Os grevistas também
exigiram benefícios e apoio para imigrantes que realizam trabalhos essenciais,
elevar o salário mínimo em cadeias nacionais como McDonald’s e fornecer
condições mais seguras ante a pandemia nos centros de trabalho de empresas como
a AT&T de telecomunicações e UPS de entregas. Na Casa Branca, Donald Trump
disse que estaria enviando forças de segurança federais a “cidades revoltosas”
para reprimir protestos vinculados com o movimento Black Lives Matter que o
neofascista considera inaceitáveis.
A Casa Branca chegou a enviar agentes secretos do
Departamento de Segurança Interna para Portland, que realizou provocações e
reprimiu manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo, assim como
também prendeu manifestantes durante
horas sem apresentar nenhuma acusação ou sob o deslavado pretexto de que
estariam protegendo propriedades do governo federal. Não satisfeito, Trump
ameaçou enviar forças de repressão similares a várias outras cidades e
mencionou Oakland, Filadélfia, Chicago, Detroit Baltimore e Nova York.Porém, a
repercussão e as imagens de forças federais em camuflagem e com equipamento
militar nas cidades em que aconteciam protestos, provocaram denúncias de muitos
defensores de direitos humanos e liberdades civis.
Apesar da greve não ter atingido
setores importantes da produção, em função da inércia da maioria da burocracia
sindical ligada ao Partido Democrata, o movimento deu um passo decisivo no
sentido de não deixar refluir completamente as manifestações populares
iniciadas em maio, com o assassinato brutal de George Floyd. Agora a tarefa é
de recomposição programática da vanguarda da rebelião que cruzou os EUA, no
sentido da construção de uma alternativa classista e revolucionária para o
proletariado norte-americano.