terça-feira, 21 de julho de 2020

BALANÇO DA PARALISAÇÃO NACIONAL NOS EUA: APESAR DO BOICOTE DOS DEMOCRATAS, MOVIMENTO GREVISTA SAIU FORTALECIDO PARA NOVOS EMBATES


Dezenas de milhares de trabalhadores participaram, no último dia 20/07 de uma paralisação nacional e de ações políticas de solidariedade a greve, em mais de 25 cidades dos Estados Unidos. Respondendo à convocação do movimento Black Lives Matter (Vidas de Negros Importam), com o objetivo de denunciar o racismo estrutural capitalista e a injustiça econômica pela desigualdade salarial, a falta de seguros médicos para a maioria, e ausência de direitos trabalhistas básicos, incluído o de organizar sindicatos livres. 

Nas cidades de Los Ángeles, Nova York (em frente ao hotel Internacional Trump, entre outros lugares), Washington, San Francisco, Saint Louis, Minneapolis, Boston e Durham foram realizadas marchas, comícios e atos simbólicos. Para destacar a unidade nacional da manifestação, às 12 horas do dia 20 todos se ajoelharam durante oito minutos e 46 segundos, tempo que um policial colocou seu joelho sobre o pescoço do negro George Floyd provocando sua morte, como informaram os organizadores da paralisação.

O sindicato nacional de serviços (SEIU), de caminhoneiros Teamsters, a Federação Americana de Professores (AFT), de Comunicação (CWA), o sindicato de atores (Actors’ Equity), músicos, enfermeiras e trabalhadores dos hospitais, assim como os do setor de fast food, jornaleiros, aeroportuários, trabalhadores da construção civil, empregadas domésticas, entre outros, participaram da paralisação nacional, que foi ativamente boicotada pela mídia corporativa e também pelas lideranças do Partido Democrata.Os grevistas também exigiram benefícios e apoio para imigrantes que realizam trabalhos essenciais, elevar o salário mínimo em cadeias nacionais como McDonald’s e fornecer condições mais seguras ante a pandemia nos centros de trabalho de empresas como a AT&T de telecomunicações e UPS de entregas. Na Casa Branca, Donald Trump disse que estaria enviando forças de segurança federais a “cidades revoltosas” para reprimir protestos vinculados com o movimento Black Lives Matter que o neofascista considera inaceitáveis.

A Casa Branca chegou a enviar agentes secretos do Departamento de Segurança Interna para Portland, que realizou provocações e reprimiu manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo, assim como também prendeu manifestantes  durante horas sem apresentar nenhuma acusação ou sob o deslavado pretexto de que estariam protegendo propriedades do governo federal. Não satisfeito, Trump ameaçou enviar forças de repressão similares a várias outras cidades e mencionou Oakland, Filadélfia, Chicago, Detroit Baltimore e Nova York.Porém, a repercussão e as imagens de forças federais em camuflagem e com equipamento militar nas cidades em que aconteciam protestos, provocaram denúncias de muitos defensores de direitos humanos e liberdades civis. 

Apesar da greve não ter atingido setores importantes da produção, em função da inércia da maioria da burocracia sindical ligada ao Partido Democrata, o movimento deu um passo decisivo no sentido de não deixar refluir completamente as manifestações populares iniciadas em maio, com o assassinato brutal de George Floyd. Agora a tarefa é de recomposição programática da vanguarda da rebelião que cruzou os EUA, no sentido da construção de uma alternativa classista e revolucionária para o proletariado norte-americano.