ENCONTRO HISTÓRICO OBRADOR E TRUMP: “VOCÊ NÃO PRETENDEU NOS TRATAR COMO COLÔNIA”, OU QUANDO A ESQUERDA BURGUESA MUDA DE LADO E VIRA “NEODIREITA”...
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador,
considerado um autêntico representante da esquerda burguesa nacionalista, foi
nesta quarta-feira (08/07) ao encontro de Trump na Casa Branca para firmar
acordo comercial e afirmar que os “EUA não são mais um país imperialista”.
Obrador destacou na reunião histórica com um presidente ianque a suposta
condição de Donald Trump, por se referir com “bondade e respeito à nação
latino-americana”. Obrador enfatizou ainda: "Você não pretendeu nos tratar
como uma colônia, mas honrou nosso status de nação independente. É por isso que
estou aqui para expressar ao povo dos Estados Unidos que seu presidente se
comportou em relação a nós com bondade e respeito.Trump nos tratou como somos:
um país e um povo digno, livre, democrático e soberano", acrescentou o
presidente mexicano. López Obrador enfatizou que, nesta ocasião, "em vez
de queixas" em relação ao México, Trump ofereceu palavras de
"compreensão e respeito" para com o país latino-americano e seus
habitantes. Ele também admitiu que antes da reunião com seu “novo amigo dos EUA
havia ceticismo entre as partes sobre as diferenças ideológicas".
Juntamente com a entrada do acordo comercial entre México, Estados Unidos e
Canadá (T-MEC), que foi o principal motivo da primeira partida oficial de López
Obrador no exterior, o presidente mexicano explicou que decidiu ir a Washington
para “agradecer ao povo americano e ao presidente Trump por serem cada vez mais
respeitosos com nossos compatriotas mexicanos". Isto quando o neofascista
Trump constrói uma enorme muralha de segregação na fronteira entre os dois
países, expulsando dos EUA milhares de migrantes latino-americanos, incluído os
próprios mexicanos.
Durante seu discurso no Jardim da Casa Branca, Trump
elogiou a postura do presidente mexicano: "O relacionamento entre o México
e os Estados Unidos nunca foi tão próximo e forte como antes", declarou o
presidente ianque.Trump comemorou a "vitória" resultante da vigência
do acordo comercial T-MEC, que começou em primeiro de julho após um longo
processo de negociações entre as três nações: "Isso trará uma enorme
prosperidade aos trabalhadores nos EUA, México e Canadá", omitindo é claro
que as novas regras comerciais trarão mais desemprego aos trabalhadores
mexicanos. O referido acordo comercial é tão vantajoso aos EUA que nem o
Primeiro Ministro do Canadá , Justin Trudeau, compareceu à sua assinatura na
Casa Branca, receoso do desastre econômico que está por vir para seu país.
Embora o motivo oficial da visita seja econômico, a primeira turnê
internacional de López Obrador teve consequências políticas, em primeiro lugar
a própria mudança de posição do presidente mexicano, que abandona
definitivamente o chamado campo “progressista” no entorno latino-americano.
Obrador manteve certa distância dos Estados Unidos por mais de um ano, mas sua
“virada” ocorre em meio à crise sanitária da pandemia de coronavírus que
castiga frontalmente os dois países, e ao mesmo tempo do desastre nas
preferências eleitorais de Trump para as eleições da Casa Branca de novembro, o
que não deixou dúvidas sobre a firme disposição “ideológica” do ex-nacionalista
burguês ingressar no terreno da direita neoliberal.