quinta-feira, 9 de julho de 2020

ENCONTRO HISTÓRICO OBRADOR E TRUMP: “VOCÊ NÃO PRETENDEU NOS TRATAR COMO COLÔNIA”, OU QUANDO A ESQUERDA BURGUESA MUDA DE LADO E VIRA “NEODIREITA”...


O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, considerado um autêntico representante da esquerda burguesa nacionalista, foi nesta quarta-feira (08/07) ao encontro de Trump na Casa Branca para firmar acordo comercial e afirmar que os “EUA não são mais um país imperialista”. Obrador destacou na reunião histórica com um presidente ianque a suposta condição de Donald Trump, por se referir com “bondade e respeito à nação latino-americana”. Obrador enfatizou ainda: "Você não pretendeu nos tratar como uma colônia, mas honrou nosso status de nação independente. É por isso que estou aqui para expressar ao povo dos Estados Unidos que seu presidente se comportou em relação a nós com bondade e respeito.Trump nos tratou como somos: um país e um povo digno, livre, democrático e soberano", acrescentou o presidente mexicano. López Obrador enfatizou que, nesta ocasião, "em vez de queixas" em relação ao México, Trump ofereceu palavras de "compreensão e respeito" para com o país latino-americano e seus habitantes. Ele também admitiu que antes da reunião com seu “novo amigo dos EUA havia ceticismo entre as partes sobre as diferenças ideológicas". Juntamente com a entrada do acordo comercial entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), que foi o principal motivo da primeira partida oficial de López Obrador no exterior, o presidente mexicano explicou que decidiu ir a Washington para “agradecer ao povo americano e ao presidente Trump por serem cada vez mais respeitosos com nossos compatriotas mexicanos". Isto quando o neofascista Trump constrói uma enorme muralha de segregação na fronteira entre os dois países, expulsando dos EUA milhares de migrantes latino-americanos, incluído os próprios mexicanos. 

Durante seu discurso no Jardim da Casa Branca, Trump elogiou a postura do presidente mexicano: "O relacionamento entre o México e os Estados Unidos nunca foi tão próximo e forte como antes", declarou o presidente ianque.Trump comemorou a "vitória" resultante da vigência do acordo comercial T-MEC, que começou em primeiro de julho após um longo processo de negociações entre as três nações: "Isso trará uma enorme prosperidade aos trabalhadores nos EUA, México e Canadá", omitindo é claro que as novas regras comerciais trarão mais desemprego aos trabalhadores mexicanos. O referido acordo comercial é tão vantajoso aos EUA que nem o Primeiro Ministro do Canadá , Justin Trudeau, compareceu à sua assinatura na Casa Branca, receoso do desastre econômico que está por vir para seu país. Embora o motivo oficial da visita seja econômico, a primeira turnê internacional de López Obrador teve consequências políticas, em primeiro lugar a própria mudança de posição do presidente mexicano, que abandona definitivamente o chamado campo “progressista” no entorno latino-americano. Obrador manteve certa distância dos Estados Unidos por mais de um ano, mas sua “virada” ocorre em meio à crise sanitária da pandemia de coronavírus que castiga frontalmente os dois países, e ao mesmo tempo do desastre nas preferências eleitorais de Trump para as eleições da Casa Branca de novembro, o que não deixou dúvidas sobre a firme disposição “ideológica” do ex-nacionalista burguês ingressar no terreno da direita neoliberal.