sábado, 11 de julho de 2020

MAIS DOIS SEM TERRA ASSASSINADOS: LATIFÚNDIO E POLÍCIA UNIDOS PARA MATAR LIDERANÇAS CAMPONESAS... POR COMITÊS DE AUTODEFESA DOS TRABALHADORES!


O acampamento coordenado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ) em São Pedro da Aldeia, interior do estado do Rio de Janeiro, foi atacado por pistoleiros. Dois agricultores, Seu Tião e Mineiro, foram covardemente assassinados. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou a ação comandada pelo suposto proprietário da fazenda. Testemunhas acusam policiais do 25º BPM, que estariam a serviço do fazendeido Matheus Canellas de serem os responsáveis pelos ataques e pelos crimes. O Acampamento Emiliano Zapata  é o latifúndio onde os trabalhadores se encontram assentados (Fazenda Negreiros). Foi desapropriada pelo Incra em 2008, no entanto, apenas 450 hectares da fazenda foram efetivamente destinados para a reforma agrária, área onde foi criado o Assentamento Ademar Moreira, com 21 famílias. Os outros 820 hectares da fazenda acabaram não sendo destinados a assentamento, o que gerou a ocupação pelos trabalhadores e trabalhadoras desde 2017, com cerca de 40 famílias residindo no local. Desde então, as intimidações são constantes. Os trabalhadores responsabilizam o fazendeiro Mateus Canellas, que se reivindica proprietário da área. Eles acusam o fazendeiro de ser o responsável pelo incêndio de casas e assassinato de animais no natal de 2018 e pelos ataques dos últimos dias. Os acampados também denunciam que policiais militares atuam como jagunços, ao lado do fazendeiro Mateus. O MST divulgou uma nota de repúdio em relação ao ocorrido, explicando que a fazenda está em processo de desapropriação há muito tempo “por não cumprir com a função social”. O proprietário teria organizado o ataque “em conivência com a polícia militar da região, que vai até o acampamento, ameaça as famílias e destrói casas”. “É inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal com o aparato do estado”, diz a nota publicada pelo MST. 


A solidariedade e defesa incondicional da Fetagri e do MST se colocam imperiosa nesta conjuntura polarizada onde a direita projeta uma ofensiva física e política de maiores dimensões contra todas as lideranças da esquerda que possam simbolizar a luta dos explorados. Em um ambiente de grande defensividade política do movimento operário e popular, arrochado por uma política de ajuste e subtração de direitos e conquistas, a extrema direita se sente à vontade para ataques com o apoio da polícia. Diante das ações policiais das turbas fascistas, é necessário debater com o movimento de massas a tarefa de organizar de conjunto nossas milícias de autodefesa, independente dos matizes políticos que nos separam. Estabelecer uma enérgica resposta política dos oprimidos a cada ataque direitista da polícia e das hordas fascistas contra nossos companheiros e lutas, perpassa pela organização de nossas milícias de autodefesa.