MAIS DOIS SEM TERRA ASSASSINADOS: LATIFÚNDIO E POLÍCIA
UNIDOS PARA MATAR LIDERANÇAS CAMPONESAS... POR COMITÊS DE AUTODEFESA DOS
TRABALHADORES!
O acampamento coordenado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ) em São Pedro da
Aldeia, interior do estado do Rio de Janeiro, foi atacado por pistoleiros. Dois agricultores, Seu Tião e Mineiro, foram covardemente assassinados. O
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou a
ação comandada pelo suposto proprietário da fazenda. Testemunhas acusam policiais do 25º BPM, que estariam a
serviço do fazendeido Matheus Canellas de serem os responsáveis pelos ataques e
pelos crimes. O Acampamento Emiliano Zapata é o latifúndio onde os trabalhadores se
encontram assentados (Fazenda Negreiros). Foi desapropriada pelo Incra em 2008, no entanto, apenas 450 hectares da fazenda foram efetivamente destinados para a
reforma agrária, área onde foi criado o Assentamento Ademar Moreira, com 21
famílias. Os outros 820 hectares da fazenda acabaram não sendo destinados a assentamento,
o que gerou a ocupação pelos trabalhadores e trabalhadoras desde 2017, com
cerca de 40 famílias residindo no local. Desde então, as intimidações são constantes. Os
trabalhadores responsabilizam o fazendeiro Mateus Canellas, que se reivindica
proprietário da área. Eles acusam o fazendeiro de ser o responsável pelo
incêndio de casas e assassinato de animais no natal de 2018 e pelos ataques dos últimos dias. Os acampados também denunciam que policiais militares atuam como
jagunços, ao lado do fazendeiro Mateus. O MST divulgou
uma nota de repúdio em relação ao ocorrido, explicando que a fazenda está em
processo de desapropriação há muito tempo “por não cumprir com a função
social”. O proprietário teria organizado o ataque “em conivência com a polícia
militar da região, que vai até o acampamento, ameaça as famílias e destrói
casas”. “É inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na
constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal
com o aparato do estado”, diz a nota publicada pelo MST.
A solidariedade e
defesa incondicional da Fetagri e do MST se colocam imperiosa nesta conjuntura polarizada
onde a direita projeta uma ofensiva física e política de maiores dimensões
contra todas as lideranças da esquerda que possam simbolizar a luta dos
explorados. Em um ambiente de grande defensividade política do movimento
operário e popular, arrochado por uma política de ajuste e subtração de
direitos e conquistas, a extrema direita se sente à vontade para ataques com o
apoio da polícia. Diante das ações policiais das turbas fascistas, é necessário
debater com o movimento de massas a tarefa de organizar de conjunto nossas
milícias de autodefesa, independente dos matizes políticos que nos separam. Estabelecer
uma enérgica resposta política dos oprimidos a cada ataque direitista da
polícia e das hordas fascistas contra nossos companheiros e lutas, perpassa
pela organização de nossas milícias de autodefesa.