A greve dos entregadores de aplicativo mobilizou
motociclistas e ciclistas por todo o país. De Norte a Sul do Brasil,
entregadores de aplicativos cruzaram os braços e realizaram uma forte
mobilização. Na capital São Paulo a categoria realizou comboios, paralisações e
bloqueios em centro de distribuições. O movimento seguiu para concentração na
Avenida Paulista para a realização de um ato. O movimento alcançou, além da
cidade de São Paulo (SP), a região do ABC paulista e Campinas (SP), bem como as
capitais Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Goiânia (GO),
Belo Horizonte (MG), São Luiz (MA), Aracaju (SE), Fortaleza (CE), Salvador
(BA), Teresina (PI) e Maceió (AL) e o Distrito Federal (DF).Na cidade do Rio de
Janeiro, os protestos tiveram início com uma manifestação no centro da capital,
por volta das 10h30. Pouco depois das 11h, o grupo saiu do Centro e seguiu até
a Zona Sul, parando nos bairros de Botafogo e Jardim Botânico. Em Fortaleza,
motociclistas e ciclistas de diferentes empresas fizeram um bloqueio em frente
a um shopping da capital cearense. Em seguida, o grupo saiu em comboio em
direção à Praça da Imprensa, no Bairro Dionísio Torres, onde ficou concentrado.
“Na pandemia, eles não distribuíram máscara e álcool gel suficientes,mas não é
só isso. A gente precisa de aumento no valor da taxa de entrega, EPIs, seguro
acidente. Também queremos o fim do bloqueio indevido nas plataformas. Muitas
vezes a gente entrega o pedido na casa do cliente, ele vai no app e diz que não
entregamos e a gente não tem espaço para se defender. É suspenso por 48 horas e
fica sem trabalhar. Se a gente não trabalha, não recebe. Queremos um tratamento
mais justo”, diz o entregador Everton Lima. A primeira reivindicação do
movimento, que cresce a cada dia, é a garantia de refeições como almoço, jantar
e café para quem passa o dia na rua trabalhando com entregas. O movimento
reivindica também o aumento do valor recebido por quilômetro rodado e aumento
do valor mínimo de cada entrega, que independa da distância percorrida e do
tempo gasto pelo entregador, sendo o valor fixado por cada empresa. Além disso,
os trabalhadores pedem o fim desses bloqueios indevidos (quando eles são
bloqueados dos aplicativos sem saber o motivo), além da distribuição de
equipamentos de proteção individual (EPIs) e licença quando doentes. Os
trabalhadores de aplicativos de entrega fazem parte de um setor do proletariado
que carrega nas costas não só as mochilas, mas carrega o peso de ser uma das
categorias mais precárias de trabalho, e que sofrem as consequências da
uberização das relações de trabalho e as flexibilizações de legislações
trabalhistas, que para muitos são pagas com suas próprias vidas. É necessário
agora organizar o movimento, dotar de uma organicidade nacional, democrática e
de base, fincada em um programa de luta contra as empresas capitalistas. Por
isso é importante construir uma coordenação nacional e por estados com o
objetivo da realização de um encontro nacional da categoria e a criação de uma
forte entidade representativa.