Pelo menos 23 militantes antifascistas foram presos em
Seattle, na última quarta-feira (01/07) quando a polícia desocupou os
manifestantes que ocuparam o bairro de Capitol Hill, o chamado CHAZ, por mais
de três semanas, transformados em um campo autônomo contra a brutalidade
policial, no âmbito dos protestos contra o covarde assassinato de George Floyd.
O despejo do bairro começou após a ordem emitida pela prefeita da cidade, a Democrata
Jenny Durkan, para “sanear”o bairro devido a "problemas de segurança,
saúde pública e propriedade" ocorridos nas últimas semanas. Registre-se o
fato da Democrata ter dado declarações iniciais que não interviria na ocupação,
chegando a criticar as ordens de Trump que exigia uma ação mais enérgica da
prefeita. Porém no curso do refluxo nacional das mobilizações nacionais
antirracistas, o CHAZ acabou “caindo” diante da ação policial e nas ilusões
políticas no Partido Democrata. Para justificar o despejo, os provocadores do
serviço policial organizaram quatro tiroteios, dois deles fatais, assaltos,
agressões, violência e crimes de invasão propriedade no bairro. Em uma
intervenção sem grande conflito de resistência por parte dos ocupantes, os
policiais, muitos deles da tropa de choque, entraram no bairro ao início do
amanhecer e demoliram as tendas e barricadas erguidas no local, enquanto
cercavam os antifascistas. No total, 23 ativistas foram detidas durante a
operação, declarou Carmen Best, chefe da polícia de Seattle, subordinada da
prefeita Democrata. Uma equipe policial removeu uma placa dizendo "Não
sairemos até que nossas demandas sejam atendidas: corte pela metade o orçamento
da polícia de Seattle, financie comunidades negras e liberte manifestantes
detidos", era o troféu do triunfo da repressão policial contra o
movimento. O bairro de Capitol Hill foi tomado pelos antifascistas em 08 de
junho, depois que a polícia levantou a cerca instalada em uma delegacia no
leste da cidade e deixou o prédio, depois de vários dias de confrontos com
manifestantes. O CHAZ tornou-se um campo improvisado de intercâmbio cultural,
artístico e social, que contou com o apoio inicial do conselho da cidade, o que
provocou a fúria de Trump, que a prefeitura de perder o controle da
administração da cidade, ameaçando enviar o
Guarda Nacional. Não é a primeira vez que Seattle é palco de protestos
em massa, demonstrações de resistência à autoridade e feroz repressão policial.
Em 1999, durante uma cúpula da Organização Mundial do Trabalho, a polícia
reprimiu os protestos, provocando vários dias de falta de controle e violência,
terminando com protestos ainda maiores em repúdio à brutalidade policial. A
história acabou de repetindo mais de vinte anos depois, o que coloca a necessidade
da construção de um verdadeiro poder revolucionário do proletariado
norte-americano.