O FMI revisou suas estimativas para abril passado e agora
calcula novamente que este ano a dívida pública mundial chegará a um nível sem
precedentes na história do capitalismo, cerca de um aumento de 300%, um
resultado direto dos resgates financeiros e gastos sanitários em função da
pandemia do coronavírus. A dívida excederá 150% do PIB mundial em 2020, mais do
que no final da Segunda Guerra Mundial, ou seja os rentistas são os “donos” de
um planeta e meio. Em 15 de abril, as últimas projeções estimavam que a dívida
pública global poderia aumentar de 123% para 296,4% em relação ao ano passado.
No entanto, diz o FMI, os governos devem ter cuidado para não reduzir os gastos
públicos muito cedo, porque isso comprometeria a recuperação, o endividamento
deve seguir a todo vapor. "Embora a trajetória da dívida pública possa
continuar a flutuar em direção a um cenário desfavorável, o aperto dos orçamentos
muito cedo apresenta um risco ainda maior de atrapalhar a recuperação, com
custos orçamentários futuros mais altos", escrevem os tecnocratas do
FMI.Não é apenas algo muito pouco "neoliberal", mas também mais
importante, ao redor do círculo: os governos devem fornecer um estímulo
sustentável ao capitalismo devastado pela crise crônica, sem tornar sua dívida
insustentável, ou seja impagável.
Os Estados nacionais já gastaram quase 20
trilhões de dólares para ajudar o capital industrial e comercial afetado pela paralisia
econômica.No momento, "muitos governos estão desfrutando historicamente de
baixos custos de empréstimos" e as taxas de juros devem permanecer nesses
níveis "por muito tempo", é a política de dar mais corda ao
enforcado. "Como as economias devem operar abaixo do seu potencial por
algum tempo, as pressões inflacionárias permanecerão moderadas, assim como
suspenderá a necessidade dos bancos centrais aumentarem as taxas de
juros", observa o Fundo. A previsão é que a economia mundial se estabilize
no próximo ano somente na China.Mas os custos financeiros dos empréstimos
"podem aumentar rapidamente, especialmente para economias emergentes e
mercados de fronteira, a ameaça paira no ar, assim como o Coronavírus. Por esse
motivo, será “essencial retornar a um caminho de equilíbrio fiscal sustentável
nos países que entraram nesta crise com dívida já alta e baixo crescimento,
principalmente os dos países desenvolvidos”, recomenda o FMI. A tradução
econômica deste cardápio de sugestão do FMI, será uma ofensiva sem precedentes
históricos, sobre o patrimônio público(privatizações para amortizar a dívida
pública),além de um arrocho salarial sobre a renda dos trabalhadores e o
sucateamento completo dos serviços estatais. Sem exagero algum podemos afirmar
que esta pandemia foi feita com precisão cirúrgica e sob encomenda do capital
financeiro internacional...