O ex-presidente Lula “alertou” em diálogo virtual com Leonardo
Boff “Quem é que gosta do governo Bolsonaro? É o mercado financeiro, a Rede
Globo, os empresários adoram. O que eles ganham? É o projeto de privatização do
Guedes. Não se enganem: o mercado quer que ele continue. Quer que ele seja mais
ameno e pegue um pouco mais leve com a Globo. Mas eles, no fundo, no fundo,
adora a política de destruição que ele está fazendo na Economia e nos direitos
dos trabalhadores”. Ao final da “live” Lula disse que era preciso “radicalizar”.
O que significaria essa bravata na boca do ex-presidente? Tomar as ruas, fazer
greve, derrubar Bolsonaro?... Nada disso! “Em nome do humanismo nós temos que
radicalizar. Radicalizar não significa virar sectário, é ir na raiz dos
problemas. Temos que convocar as personalidades mundiais para uma guerra contra
a fome e a desigualdade”. Lula fez sua declaração demagógica no mesmo dia em
que FHC defendeu a permanência do neofascista na presidência: “O objetivo
político não deve ser derrubar quem foi eleito. Temos que ter paciência
histórica”. O que Lula não disse é que o PT também deseja apenas “sangrar”
Bolsonaro até 2022 de olho da disputa presidencial. Está absolutamente claro
que a Frente Popular capitaneada por Lula não pretende impulsionar nenhuma
mobilização de massas pela derrubada de Bolsonaro, o “Fora Bolsonaro” pela via
do impeachment neste Congresso do Centrão não corresponde à derrubada do
governo neofascista, pelo contrário significa o “Fica Bolsonaro” até 2022 e no
bojo da proposta um aceno político a Mourão e Rodrigo Maia, possíveis
beneficiários de um descarte do presidente por parte da burguesia nacional.
Bolsonaro vem contornando as crises de seu governo, exatamente pela inércia da esquerda
reformista, que na pandemia conseguiu superar qualquer marco histórico de
imobilismo e conciliação de classes.
O governo neofascista vem se sustentando
no tripé do apoio do imperialismo ianque, hordas de extrema direita e rentismo
nacional, porém seu poder de ação está profundamente limitado por um processo
de tutela exercido pelo comando das Forças Armadas sobre o “núcleo duro
olavista”. Para mostrar alguma iniciativa “independente”, Bolsonaro vem
traçando um caminho de aproximação com o Centrão, além de “colar” na pressão de
setores empresariais pelo fim da quarentena, embora o “isolamento social” seja
uma medida alicerçada nos setores das próprias classes dominantes que seguem em
geral a orientação da ONU/OMS e imperialismo europeu, e asiático, já nos EUA há
uma divisão sobre este tema. Neste sentido as classes dominantes tupiniquins
descartam neste momento de indefinição internacional a substituição de
Bolsonaro, adotando a política da Globo, Tucanato e oposição burguesa de
sangrá-lo por mais tempo possível. Existe um certo “empate técnico” na
correlação de forças na conjuntura, Bolsonaro acumula crises, mas ao mesmo
tempo ainda mostra capacidade de superação dos entraves políticos... no curso
desse jogo Lula, FHC, Globo e a Frente Ampla tem o mesmo objetivo: manter a
estabilidade do regime político burguês, sabotando a entrada em cena da luta
direta das massas!