quinta-feira, 2 de julho de 2020

LULA AFIRMA “MERCADO QUER MANTER BOLSONARO E ESTÁ ADORANDO A POLÍTICA DE DESTRUIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO”... MAS NÃO FALOU QUE O PT DESEJA APENAS “SANGRAR” O NOEFASCISTA DE OLHO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS


O ex-presidente Lula “alertou” em diálogo virtual com Leonardo Boff “Quem é que gosta do governo Bolsonaro? É o mercado financeiro, a Rede Globo, os empresários adoram. O que eles ganham? É o projeto de privatização do Guedes. Não se enganem: o mercado quer que ele continue. Quer que ele seja mais ameno e pegue um pouco mais leve com a Globo. Mas eles, no fundo, no fundo, adora a política de destruição que ele está fazendo na Economia e nos direitos dos trabalhadores”. Ao final da “live” Lula disse que era preciso “radicalizar”. O que significaria essa bravata na boca do ex-presidente? Tomar as ruas, fazer greve, derrubar Bolsonaro?... Nada disso! “Em nome do humanismo nós temos que radicalizar. Radicalizar não significa virar sectário, é ir na raiz dos problemas. Temos que convocar as personalidades mundiais para uma guerra contra a fome e a desigualdade”. Lula fez sua declaração demagógica no mesmo dia em que FHC defendeu a permanência do neofascista na presidência: “O objetivo político não deve ser derrubar quem foi eleito. Temos que ter paciência histórica”. O que Lula não disse é que o PT também deseja apenas “sangrar” Bolsonaro até 2022 de olho da disputa presidencial. Está absolutamente claro que a Frente Popular capitaneada por Lula não pretende impulsionar nenhuma mobilização de massas pela derrubada de Bolsonaro, o “Fora Bolsonaro” pela via do impeachment neste Congresso do Centrão não corresponde à derrubada do governo neofascista, pelo contrário significa o “Fica Bolsonaro” até 2022 e no bojo da proposta um aceno político a Mourão e Rodrigo Maia, possíveis beneficiários de um descarte do presidente por parte da burguesia nacional. Bolsonaro vem contornando as crises de seu governo, exatamente pela inércia da esquerda reformista, que na pandemia conseguiu superar qualquer marco histórico de imobilismo e conciliação de classes. 

O governo neofascista vem se sustentando no tripé do apoio do imperialismo ianque, hordas de extrema direita e rentismo nacional, porém seu poder de ação está profundamente limitado por um processo de tutela exercido pelo comando das Forças Armadas sobre o “núcleo duro olavista”. Para mostrar alguma iniciativa “independente”, Bolsonaro vem traçando um caminho de aproximação com o Centrão, além de “colar” na pressão de setores empresariais pelo fim da quarentena, embora o “isolamento social” seja uma medida alicerçada nos setores das próprias classes dominantes que seguem em geral a orientação da ONU/OMS e imperialismo europeu, e asiático, já nos EUA há uma divisão sobre este tema. Neste sentido as classes dominantes tupiniquins descartam neste momento de indefinição internacional a substituição de Bolsonaro, adotando a política da Globo, Tucanato e oposição burguesa de sangrá-lo por mais tempo possível. Existe um certo “empate técnico” na correlação de forças na conjuntura, Bolsonaro acumula crises, mas ao mesmo tempo ainda mostra capacidade de superação dos entraves políticos... no curso desse jogo Lula, FHC, Globo e a Frente Ampla tem o mesmo objetivo: manter a estabilidade do regime político burguês, sabotando a entrada em cena da luta direta das massas!