sexta-feira, 10 de julho de 2020

BOLSONARO ESCOLHE PASTOR COMO NOVO MINISTRO: “ALA IDEOLÓGICA” MANTÉM O COMANDO DO MEC MAS “BANCADA EVANGÉLICA” NÃO O INDICOU. NOVA CRISE NO HORIZONTE?


Bolsonaro anunciou o nome do novo ministro da educação. Milton Ribeiro vem de um dos pólos mais fundamentalistas e retrógrados no Brasil, onde, por exemplo, ainda se discute se a mulher pode ou não exercer o pastorado. E tudo isso com a face polida, branca, aprovada e comprovada no Lattes. É o fundamentalismo em sua mais alta elaboração: a acadêmica. No currículo do reacionário pastor consta atuação no Conselho Deliberativo no Instituto Presbiteriano Mackenzie, tendo uma passagem como vice-reitor desta Universidade. Portanto, além de charlatão vendedor da salvação de almas, é também um típico representante dos interesses dos tubarões neoliberais do ensino privado. Assim como seu antecessor, o vigarista Weintraub, Milton Ribeiro faz o perfil da chamada “linha ideológica”, que assim permanece no controle do MEC, após quase perder a pasta para a ala militar, mas graças ao escândalo envolvendo a falsificação do indicado, Carlos Decotelli, acabou não se concretizando. Portanto a manutenção do Ministério da Educação nas mãos dos representantes do bolsonarismo “raiz” demonstra que o neofascista apesar de estar nas cordas, sendo tutelado pela ala militar e enquadrado pela Globo e STF, ainda almeja controlar pelos menos setores de seu próprio governo. 

Pastor presbiteriano, Milton Ribeiro aparentemente não tem apoio ostensivo da bancada evangélica na Câmara, controlada pela Igreja Universal (Neopentecostal) e afins, que preferia o nome de Anderson Ribeiro, reitor do Ita. A Frente Parlamentar Evangélica negou interferência na nomeação do novo ministro da Educação. Segundo o coordenador da bancada, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), não é um nome indicado por ele. “Me irrita profundamente a imprensa dizer que os evangélicos do Brasil, ou a Frente Evangélica do Brasil ou a ala evangélica do governo estava tentando nomear A, B ou C. Isso é mentira deslavada. Nós nunca vetamos nomes de ninguém, nem nunca participamos de escolha de nenhum ministro”. Câmara disse conhecer Milton Ribeiro e afirmou que ele possui um “ótimo” currículo e é um “belíssimo quadro técnico”. Na mesma linha, o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP), integrante da chamada tropa de choque do presidente Bolsonaro no Congresso, negou que a bancada tenha interferido na escolha do presidente. "A escolha do Prof Milton Ribeiro para a pasta da Educação não teve interferência alguma da Frente Parlamentar Evangélica. Foi uma escolha do PR @jairbolsonaro que é o nosso timoneiro!". Milton é um nome associado à ala evangélica, mas não era o único cotado por esse grupo. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Guimarães Aguiar Neto, e o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, eram outros nomes ventilados pelo grupo. Patética e conciliatória foi a declaração do deputado José Guimarães, do PT, líder da chamada minoria na Câmara: “Pastor Milton Ribeiro indicado pelo Bolsonaro para assumir a pasta da educação, esperamos que o novo ministro tenha compromisso com princípios constitucionais de uma educação pública, gratuita, de qualidade e LAICA!”. Ainda é cedo para avaliar se o nome do novo ministro será “fritado” de imediato por olavistas e a bancada evangélica, podendo gerar uma nova crise palaciana, o certo é que o movimento de massas deve preparar a luta contra mais esse reacionário que vai atacar a educação pública.