BOLSONARO ESCOLHE PASTOR COMO NOVO MINISTRO: “ALA
IDEOLÓGICA” MANTÉM O COMANDO DO MEC MAS “BANCADA EVANGÉLICA” NÃO O INDICOU.
NOVA CRISE NO HORIZONTE?
Bolsonaro anunciou o nome do novo ministro da educação.
Milton Ribeiro vem de um dos pólos mais fundamentalistas e retrógrados no
Brasil, onde, por exemplo, ainda se discute se a mulher pode ou não exercer o
pastorado. E tudo isso com a face polida, branca, aprovada e comprovada no
Lattes. É o fundamentalismo em sua mais alta elaboração: a acadêmica. No
currículo do reacionário pastor consta atuação no Conselho Deliberativo no
Instituto Presbiteriano Mackenzie, tendo uma passagem como vice-reitor desta
Universidade. Portanto, além de charlatão vendedor da salvação de almas, é
também um típico representante dos interesses dos tubarões neoliberais do
ensino privado. Assim como seu antecessor, o vigarista Weintraub, Milton
Ribeiro faz o perfil da chamada “linha ideológica”, que assim permanece no
controle do MEC, após quase perder a pasta para a ala militar, mas graças ao
escândalo envolvendo a falsificação do indicado, Carlos Decotelli, acabou não
se concretizando. Portanto a manutenção do Ministério da Educação nas mãos dos
representantes do bolsonarismo “raiz” demonstra que o neofascista apesar de
estar nas cordas, sendo tutelado pela ala militar e enquadrado pela Globo e
STF, ainda almeja controlar pelos menos setores de seu próprio governo.
Pastor presbiteriano, Milton Ribeiro aparentemente não tem apoio ostensivo da
bancada evangélica na Câmara, controlada pela Igreja Universal (Neopentecostal)
e afins, que preferia o nome de Anderson Ribeiro, reitor do Ita. A Frente
Parlamentar Evangélica negou interferência na nomeação do novo ministro da
Educação. Segundo o coordenador da bancada, deputado Silas Câmara
(Republicanos-AM), não é um nome indicado por ele. “Me irrita profundamente a imprensa dizer que
os evangélicos do Brasil, ou a Frente Evangélica do Brasil ou a ala evangélica
do governo estava tentando nomear A, B ou C. Isso é mentira deslavada. Nós
nunca vetamos nomes de ninguém, nem nunca participamos de escolha de nenhum
ministro”. Câmara disse conhecer Milton Ribeiro e afirmou que ele possui um
“ótimo” currículo e é um “belíssimo quadro técnico”. Na mesma linha, o deputado
Marco Feliciano (Republicanos-SP), integrante da chamada tropa de choque do
presidente Bolsonaro no Congresso, negou que a bancada tenha interferido na
escolha do presidente. "A escolha do Prof Milton Ribeiro para a pasta da Educação
não teve interferência alguma da Frente Parlamentar Evangélica. Foi uma escolha
do PR @jairbolsonaro que é o nosso timoneiro!". Milton é um nome associado à ala evangélica, mas não era
o único cotado por esse grupo. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Guimarães Aguiar Neto, e o
reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, eram
outros nomes ventilados pelo grupo. Patética e conciliatória foi a declaração
do deputado José Guimarães, do PT, líder da chamada minoria na Câmara: “Pastor
Milton Ribeiro indicado pelo Bolsonaro para assumir a pasta da educação,
esperamos que o novo ministro tenha compromisso com princípios constitucionais
de uma educação pública, gratuita, de qualidade e LAICA!”. Ainda é cedo para
avaliar se o nome do novo ministro será “fritado” de imediato por olavistas e a
bancada evangélica, podendo gerar uma nova crise palaciana, o certo é que o
movimento de massas deve preparar a luta contra mais esse reacionário que vai
atacar a educação pública.