SOLIDARIEDADE COM A RESISTÊNCIA PALESTINA NO DIA DA “CONSCIÊNCIA NEGRA”: UMA SÓ TRICHEIRA DE LUTA PARA DERROTAR O RACISMO E A AGRESSÃO SIONISTA!
Neste 20 de Novembro, Dia da "Consciência Negra" somamos a luta contra o racismo a solidariedade a resistência palestina. Trata-se de um único combate, uma trincheira unificada em torno da defesa do interesses dos oprimidos. Não por acaso assim como os palestinos são perseguidos pela ocupação sionista, a população pobre e trabalhadora negra está entre a maioria dos presos, dos explorados, dos desempregados, dos analfabetos, dos que têm sua religiosidade perseguida, dos que são assassinados por grupos de extermínio e dos que possuem o salário médio mais baixo dentre todos os setores da sociedade brasileira.
Não por acaso, a mesma acumulação originária do capitalismo que aprisionou o negro na África e o escravizou no Brasil, joga-o nas favelas e cortiços das cidades, explorando-o nas indústrias, utilizando-o como exército de reserva para pagar menores salários. Não por acaso a decisão de “libertar os escravos” no 13 de Maio de 1888 não passou de uma formalidade baseada em uma necessidade econômica capitalista, que manteve a terra nas mãos dos grandes proprietários que conseguiram mão de obra assalariada barata face à inexistência para o escravo de uma opção que não fosse vender sua força de trabalho aos antigos senhores.
Hoje, como ontem, os trabalhadores negros continuam lutando ao lado de seus irmãos de classe pela verdadeira abolição da escravidão, que só pode vir pela liquidação do modo de produção capitalista e não pela via de sórdidas campanhas hipócritas patrocinadas pela classe dominante e suas abjetas celebridades. Para o capital é necessário que o racismo continue existindo para justificar a desvalorização extremamente lucrativa para o capitalista da força de trabalho negra e parda.
Basta verificar que hoje no Brasil o salário dos negros e pardos é metade ou 60% do salário médio pago aos brancos. Isto não é um mero produto de resquícios dos preconceitos escravistas ainda presentes na mentalidade das pessoas. Essa profunda precarização das condições de vida da maioria da população pobre e negra, maquiada pelas pesquisas dos institutos oficiais e ONGs, é o fruto atual da bárbara recolonização imperialista no Brasil. Esta luta não diz respeito somente ao povo pobre e trabalhador negro, ela deve ser tomada por todo o proletariado, que aprendendo com a luta de Zumbi, deve lutar conseqüentemente por construir um instrumento capaz de conduzir a luta anti-racial e a quebra de todos os grilhões capitalistas, o partido revolucionário trotskista que deverá elevar o combate consciente da luta de toda a classe oprimida por varrer da face da Terra toda opressão e exploração imposta pelo imperialismo rumo à construção do socialismo.
A evolução capitalista aperfeiçoa as teorias racistas para explicar o fracasso do sistema em proporcionar empregos para todos e condições de vida adequadas. A pobreza do negro, consequência da incapacidade do capitalismo em absorver sua força de trabalho assalariada, faz com que aspectos inerentes às condições subumanas de vida sejam interpretados como devido à raça. Por isso, o preconceito racial permanece até hoje, apesar da grande miscigenação ocorrida no Brasil, onde estudos realizados por cálculos de frequências gênicas demonstraram que a população do Nordeste e de parte do Sudeste já atingiu 97% de panmixia, ou seja, de mistura total. Mesmo assim, o racismo é uma realidade cotidiana. Fica fácil, então, compreender que o problema do negro no Brasil não é simplesmente étnico. A raiz do problema é o capitalismo que marginaliza e explora a sua força de trabalho, fortalecendo o racismo.
Poucos são os negros que conseguiram acumular capital no país. Estes se “aculturaram” e adotam a ideologia da classe dominante, inclusive, com preconceitos contra sua própria raça. Figuras populares (antes pobre e negras) como Pelé, Anita e tantos outros servem vergonhosamente a este fim. Não por acaso o “rei do futebol” disse em 2014 ser normal operários morrerem na construção de estádios para a Copa do Mundo. Apesar disso, as atuais direções do movimento negro, considerando a questão étnica como principal fator de discriminação dos negros, pregam a unidade de todos os negros (inclusive os burgueses) contra o racismo. No sistema capitalista, não podemos alcançar o pleno emprego e a socialização dos meios de produção, que são as bases da diferença de classe que em muito fortalecem o racismo. Atualmente não se pode falar de libertação dos negros sem vinculá-la à luta de classes e à necessidade de emancipação do proletariado. A consciência meramente étnica é uma falsa consciência. Para proporcionar a real libertação dos negros de sua secular exploração e de todo tipo de preconceito é necessária a destruição do sistema que o escraviza, humilha-o e explora-o até hoje: o capitalismo. Definitivamente, essa luta não é apenas dos negros. O objetivo não é somente a libertação de uma raça, mas de todo o proletariado!
Os Marxistas Revolucionários compreendem que a questão racial não pode ser nem sequer seriamente colocada diante do agravamento sem precedentes da barbárie imperialista racista sem uma luta implacável dos trabalhadores, com seus próprios meios e organismos, contra a influência política e ideológica da burguesia democratizante e sua demagogia “cidadã” sobre as massas. Acontecimentos recentes nos EUA, com a morte sistemática de trabalhadores e jovens negros, assim como ocorrem todos os dias no Brasil, onde a política de segregação racial e social é responsável pela morte de milhares de negros exigem uma direção revolucionária para derrotar o racismo e para garantir as mínimas condições de sobrevivência à população superexplorada e oprimida.
Vergonhosamente muitos partidos da esquerda reformista (PT, PCdoB, PSOL, PSTU) apoiam as greves policiais, cuja principal reivindicação é o revigoramento do aparato repressivo, semeiam a ilusão de que o Estado capitalista deve exercer um papel moderador em relação aos “excessos” da discriminação racial. Da mesma forma que reivindicam mais delegacias de mulheres, como medida para combater os problemas imediatos da opressão de gênero. No mesmo sentido, está a defesa de reserva de cotas para negros nas universidades, nas empresas, nos cargos públicos etc. que segue a lógica das políticas compensatórias ou “ações afirmativas”, criadas nos Estados Unidos, em 1965, pelo presidente Lyndon Johnson para frear a luta do movimento negro. A tal “ação afirmativa” é, na verdade, uma artimanha reacionária para dividir a luta anti-racista, promovendo uma aparente integração do negro, com a concessão de pequenas migalhas a poucos “beneficiados”, preservando o essencial do racismo, a superexploração da força de trabalho negra e parda. A esquerda reformista compra a enganação capitalista e passa a defender a inclusão cidadã do negro no mercado consumidor capitalista.
Desde a LBI deixamos claro que toda nossa solidariedade está incondicionalmente com o movimento negro que resiste no Brasil, nos EUA e em todo o mundo contra a repressão estatal e ao genocídio dos trabalhadores e jovens plebeus negros. O ataque armado aos policiais são parte da guerra de classe que neste caso está indissoluvelmente ligada a luta contra o racismo engendrada pelo capitalismo. Consideramos justo e legítimo o ódio negro e avaliamos que a melhor forma de combater a ofensiva assassina dos bandos fascistas apoiados pela polícia ou a violência desferida diretamente pelo aparato estatal é a formação de milícias de auto-defesa unindo trabalhadores negros e brancos contra a exploração e o racismo. Reafirmamos que hoje não vacilamos em dizer que toda nossa simpatia e solidariedade estão com os jovens negros e seu “ardente desejo de vingança”, que lutam com as “armas” que tem a mão contra o terror estatal e fascista, forjando um partido revolucionário e internacionalista para dar consequência política e programáticas a essas ações pontuais que apesar de corajosas são limitadas na luta contra o imperialismo ianque. Nesse sentido, para derrotar a ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara ação policial deve-se construir milícias de autodefesa do povo pobre e dos trabalhadores, convocando uma paralisação geral dos trabalhadores! Os lutadores não podem ter nenhuma ilusão na justiça capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da burguesia contra os trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar os policiais assassinos!
Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas que presenciamos hoje em todo o planeta estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo ianque do qual Biden é porta-voz e que no Brasil tem como seu representante o neofascista Bolsonaro.
Como não há um contraponto revolucionário à degradação de uma sociedade doente que recorre a um estado policial contra seu próprio povo, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, assassinatos racistas, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil.
Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante em defesa da liquidação deste estado policial e pela liberdade imediata dos negros e trabalhadores encarcerados, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias como o assassinato diário de jovens negros, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.