“COMUNES”: ABANDORAM AS ARMAS PARA DEFENDER UM PROGRAMA SOCIALDEMOCRATA QUE APREGOA A “PAZ E O BOM VIVER” ENTRE AS CLASSES SOCIAIS NA COLÔMBIA
O partido Comunes (favor não confundir com Comunista) apresentou sua lista de candidatos com vistas às eleições legislativas e presidenciais da Colômbia programadas para 2022, integrando a grande farsa da democracia dos ricos no país que tem um regime ultra-militarizado e de perseguição política aos lutadores por parte do governo do chacal Ivan Duque. O grupo político socialdemocrata que surgiu após a assinatura dos acordos de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o então presidente Juan Manuel Santos tem dez cadeiras asseguradas, conforme estipulado no pacto assinado em 2016 enquanto o exército colombiano e os grupos paramilitares caçam e assassinam os guerrilheiros que se negaram a levar a cabo a farsa da paz dos cemitérios e voltaram a luta armada. 292 signatários do acordo de paz foram assassinados desde 2016.
As eleições legislativas na Colômbia serão realizadas no domingo, 13 de março, para escolher os membros das duas casas do Congresso, e as presidenciais serão realizadas no dia 29 de maio para eleger o presidente e o vice-presidente e, se necessário, serão realizadas no dia 19 de junho de 2022 um segundo turno.
O Comunes
afirma que “o espírito de unidade do novo partido e a necessidade de avançar
para um governo de transição e reconciliação nacional, que encerre o capítulo
da violência política e abra uma nova época, na qual germine a democracia plena
através da paz e do bom viver da sociedade colombiana.” Com esta plataforma
reformista e de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as
armas e se transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia.
O PCB do Brasil que apesar da verborragia vazia em defesa da
"revolução e do socialismo", avalizou sem nenhuma delimitação crítica
a "transição democrática" das FARC, assim como capitula
vergonhosamente ao PSOL na trilha do eleitoralismo socialdemocrata da chamada
“Frente de Esquerda”. Segundo a saudação do PCB ao congresso das FARC que
deliberou por esse programa de colaboração de classes, “Desde o Brasil sempre
estivemos na linha de frente da solidariedade com os e as camaradas, que na
época estavam em armas nas montanhas e agora, neste novo momento, estão
buscando os mesmos objetivos pela via política... Os inimigos da paz e do
progresso social tramam diariamente para o fracasso dos acordos e buscam de
maneira permanente criar condições para retrocessos”.
Como se observa, o congresso que incorporou as FARC ao regime da democracia dos ricos foi comemorado pelo PCB e o conjunto da esquerda mundial, além obviamente que recebe os aplausos da Casa Branca. Acertada a entrega das armas pelas FARC e o plano de sua transformação em partido político subordinado as regras da democracia burguesa, o imperialismo ianque felicitou na época o governo colombiano por ter chegado a um acordo de cessar-fogo definitivo com a guerrilha: “Apesar de persistirem os desafios, o anúncio representa um importante avanço”. As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC foram sendo tomadas desde 2012 no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo venezuelano e os irmãos Castro, comandantes da burocracia cubana, elas não fortalecem a luta revolucionária na Colômbia e no mundo, na verdade a sabotam. A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que afirmamos.
Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”.
Em 2014, quando o grosso da esquerda colombiana apoiou a reeleição de Santos já denunciávamos essa posição vergonhosa do PCB. Naquele momento alertamos: “No Brasil, o PCB integrou-se entusiasticamente a esta política vergonhosa de apoio aos ‘acordos de paz’ levada a cabo pela direção das FARC, pela Marcha Patriótica e a ex-senadora Piedad Córdoba, na verdade uma estratégia traçada por Santos para garantir sua reeleição e voltada no fundo a eliminar a guerrilha. Tanto que na ‘Declaração pública da delegação da visita internacional de solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia” assinada pelo PCB em conjunto com outras entidades internacionais e organizações no Brasil (inclusive o PCdoB!) se afirma ‘Nós, como delegação da visita internacional de solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia, rogamos à institucionalidade colombiana, em particular à Presidência da República, ao Gabinete Geral da Nação, à Procuradoria Geral da Nação: Manter a mesa de diálogos de paz com as FARC-EP em Havana, assim como abrir mesas similares com o ELN e o EPL. Garantir a participação democrática direta e permanente das organizações sociais na construção de acordos de paz. Decretar um cessar fogo bilateral como condição necessária para avançar na consecução da paz com justiça social, assim como a necessária inclusão do conjunto do movimento social e político colombiano nas negociações. PELA PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL NA COLÔMBIA” (Sitio PCB, 07/05/2014).
Consideramos uma utopia reacionária o PCB (que integrou a comitiva) defender uma 'paz com justiça social' no exato momento em que esta iniciativa está baseada na política de reação democrática voltada a eliminar a guerrilha. Não por acaso, o PCdoB que também integrou a tal ‘delegação internacional’ comemora que o ‘Respaldo à reeleição de Santos coloca em foco diálogos da Colômbia’ (Vermelho, 30/05), enquanto o próprio PCB se limita a reproduzir um artigo escrito por um terceiro (“Eleições colombianas: O grande vencedor é a abstenção” - Carlos Aznárez, sítio PCB, 29/05) e de forma oportunista o partido não declara qualquer posição eleitoral, muito menos chama o voto nulo, branco ou o boicote ativo!
Longe desta posição antileninista, fica cada vez mais claro que a única ‘paz’ que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC estão sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. A história está prestes a se repetir na Colômbia, desta vez como uma segunda tragédia, posto que as FARC parecem ter esquecido o desastre do passado quando se ‘converteu’ em partido institucional, em nome da ‘paz’ e teve a maioria de seus quadros dirigentes assassinados pelo regime burguês. (Blog da LBI, Com o aval das FARC, “esquerda” colombiana apoia o genocida Santos no 2º turno da disputa presidencial! No Brasil, PCB e PCdoB saúdam esta política vergonhosa em nome dos “acordos de paz”! 30.05.2014).
Ao contrário do PCB, para nós
Revolucionários Trotskistas, não há nada a comemorar! É vital para o movimento
de massas colombiano reorganizar os sindicatos operários que sejam capazes de
acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as
militarmente à democracia das assembleias proletárias para implodir o pacto
social em curso entre a direção da antiga guerrilha e o governo.