“SALDO DA PANDEMIA”: ENDIVIDAMENTO ATINGE MAIOR PATAMAR EM 12 ANOS (75%) COMO EXPRESSÃO DA CRISE CAPITALISTA QUE IMPÕE MISÉRIA AO NOSSO POVO
O percentual de famílias brasileiras com dívidas em atraso chegou a 75% em novembro deste ano, maior patamar da série da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em janeiro de 2010. Antes de julho deste ano, a parcela nunca havia superado a marca dos 70%. Desde julho, no entanto, o percentual de endividados no país, que está há 11 meses em alta, supera os 70%. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em outubro deste ano, o índice havia ficado em 74%.A pesquisa realizada pela Serasa revela os motivos de endividamento no país nos últimos 12 meses. Com o baque da pandemia, o desemprego se tornou a maior causa de dívidas dos brasileiros. Três em cada dez inadimplentes estão sem trabalho. A pesquisa também mostra que a média das dívidas é de R$ 4 mil.
Em outubro do ano passado, os inadimplentes eram 66,5% das famílias. O percentual de inadimplentes, ou seja, famílias que têm contas ou dívidas em atraso, apresentou, em outubro deste ano (25,6%), uma ligeira alta em relação a setembro (25,5%). Houve, no entanto, queda em relação a outubro de 2020 (26,1%).
De acordo com números da Serasa, 36,9 milhões de brasileiros
estão em débito com contas básicas, como luz e gás, por exemplo, cujos preços
das tarifas – que são administrados pelo governo federal – vêm sofrendo
aumentos expressivos no último período pandêmico. Ao todo, o Brasil tem hoje
62,5 milhões de inadimplentes.No ranking de tipos de dívidas da Serasa, as
dívidas com serviços de utilidade pública (conta de luz, água, gás etc.) estão
em segundo lugar, com 22,3% do total. No mês passado, esse número era de
21,60%. Em primeiro no ranking, consta as dívidas com os bancos, com quase 30%
das dívidas em atraso.
O aumento no valor das contas de luz e gás está impactando o orçamento dos brasileiros e resultando no atraso do pagamento o que gera o corte desses serviços fundamentais a sobrevivência. O aumento no valor das contas básicas afeta a toda a população brasileira, mas as pessoas com menor renda podem sentir mais esse impacto, já que, normalmente, essas são as contas priorizadas no orçamento familiar, que já vem sofrendo com a alta desenfreada de produtos alimentícios.
Segundo a pesquisa da Serasa “O Bolso dos Brasileiros”, 86% dos brasileiros consideram as contas básicas como as mais importantes entre as dívidas. “As contas básicas, como água, luz e gás são as principais prioridades caso tivessem que optar por apenas um pagamento em dia”. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou que fará um reajuste da bandeira vermelha 2, que pode ser superior a 20%, em razão do uso das usinas térmicas, que foram acionadas por conta do baixo nível dos reservatórios de água.
Desde maio, os consumidores residenciais de gás natural vêm recebendo reajustes elevados em suas contas por razão do governo ter autorizado um aumento de 39% no preço do combustível nas refinarias de Petrobrás, em abril deste ano. Em São Paulo, os consumidores tiveram alta nas tarifas de gás canalizado próximo dos 40%, por consequência desta medida. Na semana passada, o governo Bolsonaro também autorizou um aumento de 5,9% no preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de botijão de cozinha, nas refinarias da Petrobrás.Este foi o quinto aumento deste ano e o décimo em 12 meses.
Os aumentos do gás de cozinha, canalizado ou não, são mais um reflexo da absurda política de preços do governo neofascista de Bolsonaro de atrelar os preços dos combustíveis produzidos pela Petrobrás ao PPI (Preço de Paridade de Importação), que leva em conta os preços internacionais do petróleo, a variação do dólar, além dos custos que os importadores têm com os fretes rodoviários e marítimos, seguro da carga, armazenamento do produto e um modelo de preço que é completamente predatório para um país que é produtor de petróleo.
A classe trabalhadora está sufocada pela crise capitalista, em seus aspectos mais básicos da sobrevivência humana, mas a esquerda reformista só mobiliza limitadamente a população e pela pauta da Rede Globo, exigindo que o governo compre mais vacinas da Big Pharma enquanto o SUS está completamente sucateado e sem verbas que não sejam especificamente para a Covid. É necessário organizar a paralização da produção, através de uma greve geral que coloque em pauta a questão do poder revolucionário, e não somente a defesa da troca dos gerentes do Estado burguês pela via das eleições fraudulentas do regime da democracia dos ricos.