sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

EM DEFESA DO TROTSKISMO: PSTU REVERBERA SOBRE OS “CRIMES DO STALINISMO” MAS SE NEGOU A DEFENDER A URSS DA CONTRARREVOLUÇÃO CAPITALISTA E APOIOU AS “REVOLUÇÕES COLORIDAS” NO LESTE EUROPEU

No artigo Stalinismo e trotskismo frente aos processos do Leste Europeu (15.12) que a LIT acabe de lançar afirma-se “Na atualidade, existem muitos camaradas que sustentam a tese de que os processos do Leste aprofundaram a crise de direção revolucionária. Isso, evidentemente, tem a ver, em última instância, com uma incompreensão sobre o papel contrarrevolucionário que o stalinismo teve. Ao afirmar que os processos do Leste deram um passo importante em direção à superação da crise de direção revolucionária não estamos afirmando que tal crise já foi superada ou que estamos próximos de superá-la. Estamos dizendo, simplesmente, que demos um passo adiante e não um passo (ou muitos passos) atrás, como dizem muitos camaradas”. Como Trotskistas não temos qualquer “simpatia” pela figura pessoal de Stálin e do papel político e histórico que jogou na liquidação da vanguarda bolchevique, organizando os Processos de Moscou contra as oposições internas e preparando pessoalmente o assassinato do fundador da IV Internacional. Foi a política de pacto com Hitler primeiro e defesa da “paz mundial” com o imperialismo depois que abortou e traiu as revoluções no pós-guerra. Entretanto, como Marxistas Revolucionários, consideramos a burocracia stalinista um produto do isolamento e da degeneração do Estado Operário soviético, ela como casta parasitária teve um papel dual: ao mesmo tempo que solapava suas bases por sua orientação política e econômica equivocada se viu obrigada “por métodos torpes” a defender a URSS, fonte de sua própria existência social. Os que hoje escrevem laudas e mais laudas como o PSTU enumerando os “crimes de Stálin” e não fazem qualquer menção a essa dualidade são os que se negaram a defender a URSS mesmo degenerada quando esta foi liquidada pela ação de uma ala da burocracia (Yeltsin) que se converteu em agente direta do imperialismo ianque e europeu, rompendo com o PCUS.

Esses arautos Morenistasque não se cansam em denunciar Stálin por ter comandado a burocratização da URSS, não moveram um dedo para defendê-la frente a restauração capitalista e apresentar uma alternativa revolucionária desde o campo de luta da defesa das conquistas da Revolução de Outubro, como nos ensinou Trotsky. Os que pensam ser grandes “intelectuais” espalhando praticamente cópias de panfletos da Casa Branca sobre Stalin, “o sanguinário assassino”, sequer conhecem as posições do “velho” sobre o caráter dual do stalinismo, seu papel na contrarrevolução que sedimentou as bases para a burocratização da URSS, destruiu a III Internacional fundada por Lenin, porém estabeleceu ao mesmo tempo um limite de contenção para a expansão imperialista em todo o mundo. 

PSTU, CST, O Trabalho, PCO, Esquerda Marxista, MES, Esquerda Diário (MRT) e toda uma cepa de “intelectuais progressistas” ... se aliaram as forças políticas e sociais (Yeltsin e os restauracionistas) que em nome do combate ao Stalinismo e da “defesa da democracia” se aliaram a Casa Branca e as potências capitalistas para liquidar a URSS, que por mais degenerada estivesse, ainda era um Estado Operário a ser defendido para se avançar em uma revolução política.

A burocracia stalinista atuou como uma casta que defendeu “até a morte” seus próprios privilégios materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado operário). Esse foi um dos ensinamentos preciosos de Trotsky completamente desprezados por esses senhores que não se cansam em usar o “trotskismo” como passaporte de “bom trânsito” com a intelectualidade pequeno-burguesa defensora da democracia como valor universal e avessa ao “autoritarismo” personificado por Stálin.

A tentativa de apresentar a figura de Stalin como o “grande demônio”, muito pior do que qualquer ditador fascista ou imperialista não é propriamente uma “novidade”. O próprio Trotsky no final dos anos 30 teve que combater esta posição liquidacionista no seio da seção norte-americana da IV Internacional, o SWP, representada pela fração antidefensista de Shachtman e Burnham. Para este setor do “velho” SWP que deu origem ao revisionismo atual, Stalin era igual a Hitler, um “ditador sanguinário”, esta caracterização impediria, portanto, a possibilidade de se estabelecer qualquer política de frente única com o Stalinismo na defesa das bases sociais do Estado operário soviético.

No seu livro “Em defesa do Marxismo”, Trotsky elaborou um artigo, “De um simples arranhão ao perigo de uma gangrena”, onde desconstrói na gênese a stalinofobia, tanto praticada pelos revisionistas da atualidade. Para Trotsky: “Stalin derrubado pelos trabalhadores significava a revolução, mas Stalin derrubado pelos imperialistas representava a contrarrevolução”. Não por coincidência, os dirigentes revisionistas do SWP acabaram seus dias de vida como colaboradores diretos do imperialismo norte-americano, inclusive a serviço das suas intervenções militares para “salvar a democracia”.

A “peste teórica” da stalinofobia vem servindo há várias décadas como instrumento aberto da contrarrevolução, sendo utilizada pelo imperialismo ianque para atacar não só os Estados Operários, mas também o conjunto de conquistas sociais históricas do proletariado em todas as partes do planeta. As duas principais vertentes que hoje debatem o chamado “legado” de Stalin, ou seja, os stalinofóbicos e os stalinofílicos, não servem como instrumento para a revolução socialista e nada tem a ver com a gigantesca herança teórica deixada por Leon Trotsky.

Estes “senhores intelectuais”, em conjunto com uma gama de correntes revisionistas do Programa de Transição, não podem se diferenciar das vulgares calúnias imperialistas lançadas contra Stalin, simplesmente porque são correia de transmissão dos EUA no movimento operário mundial, com o “presidente cowboy” Ronald Reagan saudaram a destruição reacionária da URSS como sendo uma verdadeira “Revolução Democrática” e seguindo a mesma trilha política ajudaram a OTAN a derrubar “outro ditador sanguinário” na Líbia, levando na bagagem desta “ação revolucionária” a devastação inteira de um país e seu povo, que hoje vive a “barbárie democrática”.

Os revisionistas contemporâneos não em poucas oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta contra o autoritarismo Stalinista”. O processo contrarrevolucionário que destruiu as conquistas sociais do Estado operário soviético, e na sequência de todo Leste europeu, contou com o apoio frenético de organizações revisionistas. Para estes canalhas que enlameiam a referência do genuíno trotsquismo, a defesa das “liberdades  democráticas” formais estava acima da luta para conservar as bases da economia socializada da URSS. Não por acaso, estes revisionistas stalinofóbicos tem seguido o mesmo caminho político de seus “mestres” Shachtman e Burhnam, colaborando com as ações militares da OTAN contra as “ditaduras sanguinárias” da Líbia e Síria, também apoiando as "revoluções coloridas" patrocinadas pela CIA na Ucrânia e agora na Bielorússia.