NÍVEL DE DESEMPREGADOS BATE RECORDE HISTÓRICO NO BRASIL: “SONHAR” QUE A NOVA GERÊNCIA DO ESTADO BURGUÊS IRÁ MUDAR ESTE QUADRO, SERÁ UM “PESADELO” PARA A CLASSE OPERÁRIA
Quase 30% dos 13,5 milhões de trabalhadores desempregados no país estavam procurando trabalho há mais de dois anos no terceiro trimestre deste ano, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Este é o maior percentual de pessoas nesta situação da série histórica da pesquisa. “O aumento do tempo de permanência no desemprego se torna mais um indício de que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora. No terceiro trimestre de 2021, a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série”, resume o Ipea no estudo, divulgado na última terça-feira (21/12).
O trabalhador que fica tanto tempo fora do mercado de
trabalho, tem mais baixa escolaridade. Ele já estava fora do mercado quando
veio uma pandemia, que deixou muita gente qualificada sem emprego. As empresas
vão primeiro voltar a contratar essas pessoas mais qualificadas, com mais
escolaridade, há menos tempo procurando vaga. Quem está há mais tempo desempregado
vai ficar no final da fila. O trabalhador desempregado vai ter que fazer algum
tipo de qualificação para conseguir se recolocar, ou vai voltar para o mercado
quando tiver muita geração de emprego para as empresas contratarem todo mundo
que está na frente dele na fila. Porém essa última possibilidade não está
vislumbrada no cenário econômico da próxima etapa, que aponta um forte
reverdecimento da crise capitalista.
Quanto mais tempo os trabalhadores ficam sem ocupação, mais
difícil fica de arrumar emprego. Isso afeta não só a vida das pessoas como até
a produtividade da economia, porque esses desempregados vão perdendo a sua
capacidade produtiva. Este estudo tem como base os microdados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Pnad, a taxa de
desemprego, que contabiliza os desocupados que efetivamente estavam em busca de
trabalho nos dias antecedentes da pesquisa estava em 12,5% no terceiro trimestre.
Além disso, o país reúne 5,1 milhões de “desalentados” e 7,8 milhões de
subocupados no período.
A investigação do Ipea também comparou as informações do
IBGE com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo
Caged) para observar que o emprego sem carteira assinada cresceu mais do que o
trabalho com carteira em todas as atividades econômicas que abriram vagas em
relação a um ano antes. O total de empregos com carteira assinada no setor
privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de
2020 – neste mesmo período, o emprego precarizado no setor privado aumentou
18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve
elevação de 18,4%.
Pelos dados da Pnad, 40,6% da população ocupada no 3º
trimestre estava na informalidade, reunindo 38 milhões de trabalhadores. No
trimestre anterior, a taxa havia sido de 40% e, no mesmo trimestre de 2020,
38%. Segundo o IBGE, a informalidade, que compreende o emprego sem carteira e
os chamados “bicos”, responde por 54% do crescimento da ocupação no país. De
acordo com a compilação do Ipea, o trabalho doméstico teve a maior diferença
registrada entre o emprego formal e informal: o avanço do trabalho celetista
foi de 4,0% ante o ano anterior, enquanto a ocupação sem carteira cresceu
28,1%.
Este panorama econômico catastrófico para a grande maioria
do proletariado brasileiro, que nada tem a ver com a realidade dos setores mais
abastados da classe média, como funcionários públicos comissionados, a elite do
judiciário e os empregados mais qualificados das grandes corporações comerciais
e financeiras, está diretamente relacionado a crise capitalista mundial,
exarcebada com o esgotamento das forças produtivas que obrigou a governança
global do capital financeiro forjar a pandemia do coronavírus, como forma de
“queimar” parte da superprodução de mercadorias e aquecer gigantescamente os
segmentos da Big Pharma e indústria armamentista. “Sonhar” que no Brasil uma
nova gerência do Estado burguês, com maquiagem “humanista” poderá reverter o
quadro estrutural da crise capitalista será para a classe operária seu maior
“pesadelo”.