quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

NÍVEL DE DESEMPREGADOS BATE RECORDE HISTÓRICO NO BRASIL: “SONHAR” QUE A NOVA GERÊNCIA DO ESTADO BURGUÊS IRÁ MUDAR ESTE QUADRO, SERÁ UM “PESADELO” PARA A CLASSE OPERÁRIA

Quase 30% dos 13,5 milhões de trabalhadores desempregados no país estavam procurando trabalho há mais de dois anos no terceiro trimestre deste ano, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Este é o maior percentual de pessoas nesta situação da série histórica da pesquisa. “O aumento do tempo de permanência no desemprego se torna mais um indício de que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora. No terceiro trimestre de 2021, a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série”, resume o Ipea no estudo, divulgado na última terça-feira (21/12).

O trabalhador que fica tanto tempo fora do mercado de trabalho, tem mais baixa escolaridade. Ele já estava fora do mercado quando veio uma pandemia, que deixou muita gente qualificada sem emprego. As empresas vão primeiro voltar a contratar essas pessoas mais qualificadas, com mais escolaridade, há menos tempo procurando vaga. Quem está há mais tempo desempregado vai ficar no final da fila. O trabalhador desempregado vai ter que fazer algum tipo de qualificação para conseguir se recolocar, ou vai voltar para o mercado quando tiver muita geração de emprego para as empresas contratarem todo mundo que está na frente dele na fila. Porém essa última possibilidade não está vislumbrada no cenário econômico da próxima etapa, que aponta um forte reverdecimento da crise capitalista.

Quanto mais tempo os trabalhadores ficam sem ocupação, mais difícil fica de arrumar emprego. Isso afeta não só a vida das pessoas como até a produtividade da economia, porque esses desempregados vão perdendo a sua capacidade produtiva. Este estudo tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Pnad, a taxa de desemprego, que contabiliza os desocupados que efetivamente estavam em busca de trabalho nos dias antecedentes da pesquisa estava em 12,5% no terceiro trimestre. Além disso, o país reúne 5,1 milhões de “desalentados” e 7,8 milhões de subocupados no período.

A investigação do Ipea também comparou as informações do IBGE com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) para observar que o emprego sem carteira assinada cresceu mais do que o trabalho com carteira em todas as atividades econômicas que abriram vagas em relação a um ano antes. O total de empregos com carteira assinada no setor privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de 2020 – neste mesmo período, o emprego precarizado no setor privado aumentou 18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve elevação de 18,4%.

Pelos dados da Pnad, 40,6% da população ocupada no 3º trimestre estava na informalidade, reunindo 38 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, a taxa havia sido de 40% e, no mesmo trimestre de 2020, 38%. Segundo o IBGE, a informalidade, que compreende o emprego sem carteira e os chamados “bicos”, responde por 54% do crescimento da ocupação no país. De acordo com a compilação do Ipea, o trabalho doméstico teve a maior diferença registrada entre o emprego formal e informal: o avanço do trabalho celetista foi de 4,0% ante o ano anterior, enquanto a ocupação sem carteira cresceu 28,1%.

Este panorama econômico catastrófico para a grande maioria do proletariado brasileiro, que nada tem a ver com a realidade dos setores mais abastados da classe média, como funcionários públicos comissionados, a elite do judiciário e os empregados mais qualificados das grandes corporações comerciais e financeiras, está diretamente relacionado a crise capitalista mundial, exarcebada com o esgotamento das forças produtivas que obrigou a governança global do capital financeiro forjar a pandemia do coronavírus, como forma de “queimar” parte da superprodução de mercadorias e aquecer gigantescamente os segmentos da Big Pharma e indústria armamentista. “Sonhar” que no Brasil uma nova gerência do Estado burguês, com maquiagem “humanista” poderá reverter o quadro estrutural da crise capitalista será para a classe operária seu maior “pesadelo”.