REBELIÃO NA TUNÍSIA CONTRA A FOME E O LOCKDOWN: UM MANIFESTANTE MORTO E MAIS DE 600 PRISÕES POLÍTICAS
Um manifestante morreu e mais de 600 foram presos desde última quarta-feira na Tunísia, onde mobilizações e protestos estouraram por várias noites consecutivas, de acordo com o próprio porta-voz do Ministério do Interior, Jalifa Chibani, que detalhou os confrontos ocorridos entre a polícia e os jovens em vários locais do país do norte da África. Os saques e os distúrbios noturnos forçaram o exército a se posicionar ao redor de muitos bancos, repartições de impostos e outros prédios oficiais.
Na quarta-feira, 328 pessoas foram presas por saques,
incêndios e bloqueios de estradas. Isso elevou o número de manifestantes
detidos desde segunda-feira para mais de 600. 237 ativistas já haviam sido
presas na terça-feira e 44 na véspera. Os motins de massas eclodiram na
segunda-feira, com manifestações de combate aos bloqueios policiais, o
desemprego e ao alto custo de vida, convocadas espontaneamente principalmente à
tarde e à noite, embora também tenham ocorrido algumas manifestações pacíficas
durante o dia.
O movimento de protesto contra o desemprego e o aumento dos
preços foi lançado no início deste ano pela campanha “Fech Nestannew”. Os
manifestantes se reuniram no final da tarde em Tunis para exigir a libertação
dos manifestantes detidos. A Tunísia está em estado de emergência há mais de
dois anos, medida reacionária adotada no início da pandemia, dando a polícia
poderes “excepcionais” de controle social.
Na quarta-feira à noite, eclodiram confrontos na cidade de
Siliana, no noroeste, e em Kasserine, Thala e Sidi Bouzid, no centro da
marginal. Na quinta-feira, várias
dezenas de desempregados se reuniram no centro de Sidi Bouzid, uma cidade pobre
no centro do país.Também eclodiram confrontos em várias áreas da Tunísia, em
Tebourba, 30 quilômetros a oeste da capital, um homem foi morto em um
enfrentamento na noite da segunda-feira passada.Os serviços ferroviários foram
cancelados em algumas áreas depois que um trem foi atacado nos subúrbios ao sul
da Tunis na noite de quarta-feira, segundo a mídia local.
Após vários anos de estagnação econômica e de contratações
maciças na administração pública, a Tunísia, confrontada com dificuldades
financeiras significativas, obteve em 2016 um novo empréstimo do Fundo
Monetário Internacional, de 2,4 bilhões de Euros em quatro anos. Este montante é liberado em várias partes em
troca de um programa de redução do déficit, sinônimo neoliberal de arrocho
contra os trabalhadores e corte de verbas públicas para atender a população.
O Dinar(moeda nacional)foi desvalorizado nos últimos meses
em relação ao dólar, a inflação ultrapassou 6 % no final de 2017 e o orçamento
deste ano prevê novos impostos e aumentos de IVA que irão aumentar ainda mais o
custo de vida.
A pandemia aumentou a taxa de pobreza, desemprego e
analfabetismo, especialmente entre os jovens, com o governo títere da Nova
Ordem Mundial do capital financeiro, seguindo as ordens da OMS/Big Pharma que
exige a decretação de bloqueios econômicos intermináveis para quebrar o país.