terça-feira, 30 de março de 2021

95 ANOS DE THIAGO DE MELLO: EM TEMPOS OBSCUROS, HOMENAGEAR O GRANDE POETA AUTOR DE “ESTATUTOS DO HOMEM”, SIGNFICA LUTAR PELA REVOLUÇÃO SOCIALISTA MUNDIAL PORQUE “FAZ ESCURO MAS EU CANTO”!

Thiago de Mello recebe exemplar do livro da LBI

“Os genuínos trotskistas e a Questão Cubana”

“Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira”. Este é o artigo 1 do histórico poema “Os Estatutos do Homem”, que Thiago de Mello escreveu como uma resposta ao AI-5 e que virou hino de uma geração. Serve como registro de uma resistência e de esperança contra a repressão estatal burguesa dos generais a serviço do capital. Serve para hoje, cinco décadas depois de ter sido escrito para resistir nesse mundo pandêmico onde persiste em nos enganar para engordar seus lucros trilionários. “Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa”, diz o artigo 5º do poema em uma ode à luta contra a injustiça social. Como Marxistas levamos esse combate à frente com a Revolução Socialista Mundial. Com essa batalha diária pelo Comunismo homenageamos o mestre Thiago de Mello! Poeta, tradutor, escritor, jornalista, artista gráfico e roteirista, ele nasceu no dia 30 de março de 1926. Autor de “Faz Escuro Mas eu Canto”, entre outras obras icônicas, ele viveu parte da vida no Rio de Janeiro até decidir voltar para a floresta em 1977. Chega hoje firme, forte, vivo e íntegro aos seus 95 anos de justo combate pela vida livre da exploração do homem pelo homem!

Thiago de Mello, nasceu em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, no Estado do Amazonas, no dia 30 de março de 1926. Em 1931, ainda criança, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e depois, no Ginásio Pedro II. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro, onde em 1946 ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não chegou a concluir o curso para seguir a carreira literária.

Em 1947, publicou seu primeiro volume de poemas, “Coração da Terra”. Em 1950 publicou seu poema “Tenso Por Meus Olhos”, na primeira página do Suplemento Literário do Jornal Correio da Manhã. Em 1951 publicou “Silêncio e Palavra”, que foi muito bem acolhido pela crítica. Em seguida publicou: “Narciso Cego” (1952) e “A Lenda da Rosa” em (1957).

Em 1957, Thiago de Mello foi convidado para dirigir o Departamento Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro. Entre 1959 e 1960 foi adido cultural na Bolívia e no Peru. Em 1960 publicou “Canto Geral”. Entre os anos de 1961 e 1964 foi adido cultural em Santiago, no Chile, onde conhece o escritor Pablo Neruda, de quem faz a tradução de uma antologia poética.

Logo depois do golpe militar de 1964, Thiago renunciou ao posto de adido cultural e em 1965 foi residir no Rio de Janeiro. Sua poesia ganhou forte conteúdo político e Indignado com o Ato Institucional nº. 1 e por ver a tortura ser empregada como método de interrogatório, escreveu o seu poema mais famoso, “Os Estatutos do Homem” (1977).

Em 1966, Thiago de Mello publicou “A Canção do Amor Armado” e “Faz Escuro Mais Eu Canto” (1968). Perseguido pelo governo militar, retornou para Santiago, onde permaneceu exilado durante dez anos. Em 1975 recebeu o Prêmio de Poesia da Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo livro “Poesia Comprometida Com a Minha e a Tua Vida”.

Preso por sua posição política no Brasil, em 1968, e no Chile, em 1973, durante o golpe de Pinochet, quando foi salvo pela poesia (o oficial de plantão, allendista, conhecia seus versos pela tradução feita por Pablo Neruda), Thiago de Mello foi também ameaçado de morte por sua defesa do meio ambiente. Outra luta: fazer poesia usando uma linguagem acessível ao leitor comum. "O difícil é fazer poesia com a palavra que o povo usa", contou naquela mesma entrevista.

Autor de uma obra vinculada à geração de 1945, tornou-se nacionalmente conhecido na década de 1960 como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos, e manifestou em sua poesia o seu repúdio ao autoritarismo e à repressão. Depois do exílio político, voltou ao Brasil em 1978. Ao lado do cantor e compositor Sérgio Ricardo, participou do show “Faz Escuro Mas Eu Canto”, dirigido pelo cronista Flávio Rangel. Ainda em 1978, retorna para a cidade de Barreirinhas, no Amazonas. Em abril de 1985, o poema “Os Estatutos do Homem”, de 1977, foi musicado por Cláudio Santoro, e abriu a temporada de concertos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Conquistou reconhecimento nacional e internacional, tornando-se um dos mais expressivos poetas contemporâneos do país. É autor de livros reconhecidos mundialmente, como “Faz escuro, mas eu canto”, “Silêncio e palavra”, “Manaus, amor e memória”, entre outros. Além de escritor, exerceu o jornalismo e serviu no Itamaraty como adido cultural no Chile, onde cultivou uma grande amizade com Pablo Neruda e Salvador Allende. No exílio, morou na Argentina, Chile, Portugal, França, Alemanha. Com o fim do regime militar, voltou à sua cidade natal, Barreirinha, onde vive até hoje.

Seu poema mais conhecido é “Os Estatutos do Homem”, onde o poeta chama a atenção para os valores simples da natureza humana. A sua poesia escrita foi Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida que rendeu-lhe, em 1975, ainda durante o regime militar, um prêmio concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e tornou-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta dos trabalhadores.

Em homenagem aos seus 80 anos, completados em 2006, foi lançado pela Karmim o CD comemorativo A Criação do Mundo, contendo poemas que o autor produziu nos últimos 56 anos, declamados por ele próprio e musicados por seu irmão mais novo, Gaudêncio.

Em 2012, o poeta Thiago de Mello demonstrou grande interesse pelo folheto “Os genuínos trotskistas e a questão cubana” lançado pela LBI durante a Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba. Na ocasião, recebeu das mãos do dirigente nacional de nossa corrente política, Marco Queiroz, um exemplar inclusive declarando publicamente a importância dos trotskistas defenderem Cuba neste momento extremamente difícil para a ilha operária.

Thiago de Mello é conhecido mundialmente pela sua denúncia da barbárie capitalista através de versos e do combate a destruição da floresta amazônica pelas transnacionais, luta imortalizada em seu famoso “Estatutos do Homem” publicado no ano de 1973 em plena ditadura militar e também quando denunciou os crimes dos generais genocidas através do célebre poema transformado posteriormente em música “Faz escuro mas eu canto”. Na conversa que teve com o ilustre poeta, o dirigente nacional da LBI reafirmou a Thiago de Mello que nossa organização política estava na trincheira de luta em defesa do Estado operário apesar das divergências com o governo da ilha.

Hoje prestamos nossa homenagem revolucionária em seus 95 e desejamos vida longa para Thiago de Mello, o magistral poeta que segue firme defendendo a humanidade e a natureza contra a barbárie capitalista!