sábado, 13 de março de 2021

JUSTIÇA BOLIVIANA MANDA PRENDER JEANINE AÑEZ POR SUA PARTICIPAÇÃO NO GOLPE DE ESTADO: GOVERNO ARCE PERMANECE CALADO

A ex-presidente golpista da Bolívia, Jeanine Añez, tem um mandado de prisão decretado pela justiça contra sua cabeça, sob a acusação de participação no golpe de Estado de outubro de 2019. Quatro de seus ministros estão na mesma situação. Dois deles já estão sob custódia da justiça.

Em outubro de 2019, um movimento fascista, com manifestações de rua, começou a exigir a renúncia de Evo Morales, acusando-o de fraude eleitoral. A velha direita aproveitou a situação de crise para reduzir o campo institucional de Evo, e tentar acabar com o governo do MAS, no poder há quatro mandatos. O resultado foi a promoção do governo de Añez, “envernizado” de institucionalismo, parido ao mundo pelas mobilizações fascistas do Departamento de Santa Cruz, com o apoio da cúpula militar e policial que atuou como âncora do golpe.

Uma tímida mobilização de massa tentou derrubar o novo regime golpista, mas os massacres de Senkata e Cochabamba frearam a manifestação de raiva popular. Por sua via, a burocracia sindical da COB, prestou apoio aos golpistas. Apesar disso, o governo de Añez nasceu profundamente odiado, deslegitimado e relativamente fraco. Depois de não conseguir se estabilizar por um longo ano e tentar eliminar a influência eleitoral do MAS pela força, os golpistas divididos perderam as eleições do ano passado de maneira devastadora.

Ainda é cedo para saber se o mandato de prisão contra Añez e seus ex-ministros terão alguma efetividade, ou se trata de mais uma jogada de marketing político. De maneira oportunista o governo Arce permanece calado diante do anúncio da justiça. Não custa ressaltar que nas recentes eleições regionais da Bolívia, ocorridas a menos de uma semana (07/03), o MAS saiu profundamente derrotado, perdendo as importantes prefeituras de La Paz e El Alto. Somente o movimento operário organizado de forma independente, poderá garantir uma punição rigorosa para todos os golpistas, assim como para os governantes acovardados, que fugindo do país deixaram os milhares de ativistas da esquerda sem nenhuma orientação, sendo presa fácil da sanha fascista.