sábado, 6 de março de 2021

MARCHAS MULTITUDINÁRIAS NAS RUAS DO PARAGUAI: MASSIVO PROTESTO POPULAR CONTRA O TERROR SANITÁRIO E PELA SAÍDA DO GOVERNO NEOLIBERAL DE ABDO BENíTEZ

Milhares de paraguaios protestaram contra as medidas tomadas pelo governo direitista de Abdo Benítez com relação à pandemia de Covid-19 no país. Em Assunção, na sexta-feira, marchas multintudinárias ocupam ruas e mais ruas da capital do país. De um lado, as forças de segurança dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo. Do outro, parte das centenas de manifestantes, que se reuniam ao redor do prédio do Congresso, no centro de Assunção, derrubaram barreiras de segurança, fizeram barricadas e atiraram pedras contra a polícia. As forças policiais utilizaram balas de borracha e gás lacrimogêneo, além de água e cavalaria para dispersar a multidão, no momento em que eles tentavam contornar um bloqueio policial para seguir em direção ao Palácio do Governo. 

O ministro da Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni, pediu demissão depois que parlamentares pediram, na véspera, para ele deixar o cargo em meio ao colapso do sistema de saúde do país, com a falta de medicamentos e hospitais. Mazzoleni é o mais recente de uma série de importantes autoridades de saúde que perderam seus cargos na América Latina nas últimas semanas por conta da pandemia: “Concordamos juntos em eu sair... para proporcionar a paz de que precisamos para enfrentar esse desafio”, disse Mazzoleni. Abdo nomeou o dr. Julio Borba, vice-ministro, para a vaga de Mazzoleni, mas as manifestações pedem a “cabeça” do presidente direitista ligado ao Partido Colorado. Marito, como o chamam para diferenciá-lo do pai, é um dos  “filhos da ditadura” que passaram à política ativa da democracia de fachada.

Ele o fez sob a bandeira do Partido Colorado, a agremiação centenária que Stroessner tomou para si e tornou a principal força política do país. Dono de uma grande fortuna, herdada do pai e ampliada ainda mais graças a duas construtoras que trabalham com o Estado, Marito reivindicou o stroessnerismo, sendo agora um expoente do neoliberalismo.

A decisão de paralisar as atividades não essenciais, permitindo a saída das pessoas pelas ruas só para ir a mercados, farmácias e bancos, ocorreu “antes mesmo de as medidas restritivas serem recomendas pela OMS, em 7 de Março do ano passado (como a suspensão de eventos públicos, o fechamento das fronteiras e a quarentena total), mas não surtiram efeitos porque o confinamento social diminui a imunidade das pessoas e ainda aumenta a carga viral!

Ano passado, já tinham ocorrido manifestações em Ciudad del Este, inclusive com confronto com agentes da Polícia Nacional do Paraguai, durante protestos nas imediações da aduana paraguaia da Ponte da Amizade. A manifestação foi contra a decisão do Governo Nacional de determinar que Ciudad del Este e municípios do departamento de Alto Paraná retornem da Fase 3 à Fase 1 do “Plano de Quarentena Inteligente”, em luta contra o fim das restrições e à reabertura da fronteira com o Brasil. O último balanço, datado de quinta-feira, apontou um total de 164.310 infecções com 3.256 mortes no país, desde o primeiro caso registrado há quase um ano.

Agora, as autoridades de Cidade do Leste querem adotar medidas de restrição semelhantes às de Foz do Iguaçu. Entre elas, uma ampliação do toque de recolher, das 20h às 5h. A medida proposta não é só pra evitar a circulação dos moradores de Cidade do Leste, mas também impedir que brasileiros cruzem a fronteira à noite para frequentar bares e festas, em um ataque as liberdades democráticas e ao direito de ir e vir. “Com a situação do Brasil hoje, nem sequer passa pela nossa cabeça abrir a fronteira. O Brasil é, talvez, o lugar onde existe hoje a maior expansão do coronavírus do mundo e isso é uma grande ameaça para o nosso país” afirmou o presidente.

Em meio a revolta, o governo do Paraguai via questionar a iniciativa COVAX sobre o atraso no envio de 4,3 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, anunciou o chanceler paraguaio Euclides Acevedo, nesta sexta-feira (5), após encontro com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. O Paraguai já pagou quase US$ 7 milhões (cerca de R$ 39,92 milhões) à iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para distribuição de vacinas, ainda em outubro de 2020.

Em relação às vacinas disponíveis no país, segundo o presidente Abdo Benítez, foram entregues até agora quatro mil doses da vacina russa Sputnik V pelo Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo). O imunizante foi utilizado em médicos e enfermeiras de unidades de terapia intensiva. O restante das doses contratadas - um milhão - chegará nos próximos meses, de acordo com a disponibilidade.

Todo apoio as manifestações populares para derrbar odiado presidente de Marido Abdo Benítez que na arena internacional não se cansa de atacar a Venezuela e se aliar com o imperialismo ianque. As massas populares do Paraguai mostram o caminho, protagonizando manifestações gigantescas nas ruas contra o terror sanitário, contra o confinamento social e pela melhoria do sistema público de saúde, o que somente pode ocorrer construindo uma alternativa de poder dos trabalhadores por fora da influência dos partidos burgueses e da Frente Popular.