O NOVO NEGÓCIO BILIONÁRIO DA “MEDICINA A DISTÂNCIA”: SAÚDE DOS SERES HUMANOS SE TRANSFORMA AINDA MAIS EM MERCADORIA, LUCRO E CAPITAL NO MUNDO PANDÊMICO
A maior parte do excesso de mortalidade durante a pandemia foi consequência do confinamento social. Ele não só matou idosos em asilos, mas também convalescentes em suas casas. Essas pessoas estavam cronicamente doentes e foram deixados à própria sorte. A trilha dos cadáveres abriu uma nova veia de negócios: a “medicina a distância”, que se beneficia do monitoramento remoto de pacientes por meio de plataformas que gerenciam continuamente seus dados médicos. Já tem um nome: eles chamam de RPM (“Remote Patient Monitoring”). É o primeiro passo para acabar com o atendimento médico presencial. A era da “medicina virtual” começa projetando um novo negócio para as grandes empresas que gerenciam esses serviços nas redes hospitalares e de planos de saúde mercenários.
No regime social da propriedade privada dos meios de produção, na esmagadora maioria dos casos tornar-se médico não é uma vocação para salvar vidas, mas sim o “projeto” de um “bom negócio”. Não por coincidência a medicina no Brasil está “infestada” por uma escória mercenária e corrupta, onde alimentar a “indústria da doença” é a forma mais “fácil” para a realização de lucros que logo se transformam em capital, na forma de clínicas luxuosas e hospitais privados.
Nesta
sinistra “cadeia da morte” estão envolvidos trustes de laboratórios
imperialistas, gigantescas redes de farmácias, indústrias multinacionais de
equipamentos, conglomerados de hospitais, até chegar mesmo as pequenas clínicas
provincianas que “sonham” em chegar ao topo desta cadeia capitalista.
Agora, em vez de levar o doente ao médico, o “médico” é
levado para dentro de casa virtualmente. A casa do paciente, se ele for de
classe média (pequena-burguesia abastada) torna-se uma clínica com um monitor
de pressão arterial, um medidor de saturação para medir os níveis de oxigênio,
uma balança, um termômetro ou um medidor de açúcar no sangue. Os objetos
conectados são programados para informar, por meio de ferramentas de
“inteligência artificial”, o paciente e o médico quando os indicadores
ultrapassarem um determinado intervalo.
Nos Estados Unidos, os doentes crônicos geram mais de 95%
dos custos da principal seguradora pública, o Medicare. Em 2019, o governo
decidiu reembolsar os serviços de monitoramento remoto, bem como os médicos que
revisam as transmissões. O segurado do Medicare não paga nada. Como as
condições para se beneficiar do atendimento virtual aumentaram desde a
pandemia, o mercado é estimado em US$ 30 bilhões.
O Medicare nos EUA paga entre US $ 700 e US $ 2.100 por
paciente por ano pelos serviços, bem como US $ 615 por paciente para cobertura
de dispositivos médicos. Desse valor, a empresa deduz o custo dos serviços
próprios dos honorários profissionais. Sem se mexer, o médico ganha US$ 720 por
ano para cada paciente.
Neste quadro de um regime capitalista neoliberal, onde o
sistema de saúde (público e privado) apresenta as melhores taxas de
rentabilidade financeira para investimentos (somente ficando atrás no país do
mercado de ações), falar de verdadeiros valores humanos como uma medicina
voltada a defesa da vida e não do lucro deve provocar o mais profundo ódio de
classe de uma elite podre e reacionária.
Vale destacar que a característica sociológica da categoria
médica dentro de um Estado burguês semicolonial a exemplo do Brasil, via de
regra, é se constituir como um setor profissional de elite, uma casta-símbolo
da pequena-burguesia reacionária sem qualquer identidade ou vínculo com a população
carente, ao contrário, que explora junto com os grandes hospitais e clínicas a
saúde como se fosse uma mercadoria de luxo, de acesso a poucos. Os médicos que
exercem o trabalho no sistema público, em grande maioria, fazem plantões para
engordar a renda de suas famílias de classe média com pouco compromisso com os
pacientes proletários e de baixa renda
Apenas com o fim da saúde privada, dos planos de saúde pagos
e com a completa estatização de todo o setor (clínicas, laboratórios, hospitais
e indústria farmacêutica) sob o controle dos organismos de poder dos
trabalhadores, associada a uma nova concepção de medicina preventiva e
humanizada pode atender as demandas da população explorada, contribuindo por
uma vida com bem-estar físico e mental, condições impossíveis de serem
alcançados pelo capitalismo doente e senil que arrasta a humanidade para a
barbárie.
Somente o socialismo poderá garantir uma assistência social
e médica integral e de alto padrão tecnológico e humano para toda a população,
enquanto se adotar o padrão da medicina como sinônimo de lucro, milhares de
vidas humanas serão consumidas pela voracidade do capital, ainda mais agora com
o novo negócio bilionário da “medicina à distância”.