BIDEN PATROCINA ALIANÇA MILITAR CONTRA A FRENTE DE LIBERTAÇÃO DO POVO TIGRÉ (FLPT): GOVERNOS DA ETIÓPIA E ERITRÉIA, CAPACHOS DO IMPERIALISMO IANQUE, UNIDOS NO COMBATE A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA NACIONAL NA ÁFRICA
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, admitiu a presença de tropas eritreias na região de Tigré, apoiando o governo etíope no combate militar contra a Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT). A presença estrangeira foi revelada por residentes que tiveram parentes próximos mortos nos combates, mas era negada durante meses pelas gestões burgueses servis ao imperialismo de ambos os países. Na Etiópia, o segundo país mais populoso da África, o exército federal enfrenta tropas ligadas à FLPT, partido nacionalista que governa a região norte do país e luta pela sua independência. Abiy Ahmed Ali é o primeiro-ministro apoiado pelo imperialismo ianque e europeu. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2019 por seus “esforços” para encerrar 20 anos de guerra entre a Etiópia e a Eritreia, isolando os setores mais ligados a esquerda anti-imperialista.
As tropas da Eritréia, assim como o exército etíope, foram
acusadas de saques, massacres e estupros em larga escala. Cinicamente, Abiy, declarou
nesta semana que “Depois de o exército eritreu ter atravessado a fronteira e
operado na Etiópia, quaisquer danos que tenham causado ao nosso povo são
inaceitáveis. A campanha militar foi contra os nossos inimigos claramente
visados, não contra o povo. Já discutimos isto quatro ou cinco vezes com o
Governo da Eritreia” revelando a aliança militar reacionária para eliminar a
FLPT.
Os residentes do Tigré relataram a jornalistas massacres e
violência sexual contra civis levados a cabo pelas forças de segurança,
incluindo tropas eritreias. Abiy lançou uma intervenção militar no início de
novembro para derrubar o partido no poder nesta região norte do país, a FLPT, cujas forças rebeldes são acusadas de terem
atacado bases do exército federal quando na verdade apenas estão defendo seu
direito a independência nacional.
Cinicamente, segundo o chefe do Governo etíope, as
autoridades eritreias afirmam que foram as FLPT que os empurraram para a
batalha “disparando foguetes” contra o seu país a partir do outro lado da
fronteira. “A Eritreia disse-nos que têm problemas de segurança nacional e, por
conseguinte, ocuparam áreas na fronteira”, disse Abiy. Explicou que o Governo
da Eritreia argumenta que os seus soldados ocuparam as trincheiras na
fronteira, escavadas durante a guerra entre os dois países entre 1998-2000, que
tinham sido abandonadas pelos soldados etíopes.
Em 4 de novembro, Abiy Ahmed, Nobel da Paz em 2019, lançou
uma operação militar na região de Tigré. A operação foi apoiada pelas forças
regionais de Amhara, região a sul de Tigré, para segurar grandes áreas depois
da retirada da FLPT além de ter o suporte das tropas da vizinha Eritreia,
inimigo jurado das FLPT, que tiveram um papel proeminente nos combates e que
são acusadas de terem realizado massacres de civis.
Com a proximidade das eleições, que acontecerão no final de
2021, as tensões latentes sobre terra, poder e recursos inflamaram ainda mais.
Durante décadas, o FLPT foi um partido dominante na Etiópia, mas tudo mudou com
a chegada de Abiy Ahmed ao governo, em 2018. O novo primeiro-ministro expulsou
políticos importantes da FLPT do governo central. Abiy Ahmed dissolveu a
coalizão multiétnica que governava o país até então e criou o Partido da
Prosperidade (PP), o que aumentou a tensão política.
A FLPT se opôs, alegando que essa ação dividiria o país e se recusou a fazer parte da nova aliança. Tampouco ficou satisfeita com o resultado das negociações de paz entre a Etiópia e a Eritreia, após 20 anos de guerra, considerando que seus interesses haviam sido negligenciados.
As tensões se acentuaram em setembro passado, quando o
Tigré realizou eleições regionais, apesar de o pleito ter sido adiado pelo
governo federal por causa da pandemia de covid-19. "O governo de Abiy
Ahmed não reconheceu a legitimidade das eleições do Tigré, cortou laços e
congelou orçamentos federais.
A FLPT até ameaçou se tornar independente, citando um artigo da Constituição federal que permite "o direito incondicional à autodeterminação, incluindo a secessão", demanda que deve ser apoiado pelos Marxistas Revolucionários.
Várias potências mundiais, como os Estados Unidos e a China, mantêm bases militares no Chifre da África devido a sua localização estratégica como rota comercial. E a "paz" capitalista na Etiópia é considerada como essencial para os capitalistas que desejam manter essa falsa estabilidade na região para manter seus negócios.
A Eritreia, que faz fronteira com o Tigré e cujo presidente de facto, Isaias Afwerki é próximo de Abiy Ahmed, também pode arrastá-los para um confronto contra a FLPT.
Em novembro, as persistentes tensões étnicas na Etiópia acabaram se transformando em um episódio de guerra de resolução aparentemente rápida. Os rebeldes da Frente de Libertação do Povo Tigré culminaram uma campanha de escaramuças com o assalto ao quartel-general do exército federal na região.
A resposta do governo central foi esmagadora. Em uma campanha de apenas três semanas, com apoio aéreo e sem hesitação, as forças federais conquistaram Mekelle, capital do Tigre, e sufocaram a revolta. A paz foi afogada em sangue. Um milhão de pessoas foram expulsas de suas casas e dezenas de milhares se refugiaram no vizinho Sudão.
Com quase 100 milhões de habitantes, a Etiópia é o terceiro país mais populoso da África (depois da Nigéria e do Egito) e o sétimo em volume de produção. No entanto, em termos de PIB per capita, cai para o lugar 35. Guerras, expressas ou de longo prazo, causaram ciclos terríveis de fome e mortalidade.
Em 1991 a Frente Marxista de Libertação do Povo Tigré assumiu a liderança do país com um programa de descentralização e integração de todas as minorias nacionais. No entanto, em 1993, uma dessas nações, a Eritreia, declarou sua independência, após uma guerra iniciada durante a última fase do regime militar. Tudo parece indicar que a Frente de Libertação do Tigre se prepara para travar uma longa guerrilha desde as montanhas.
Caso as hostilidades sejam retomadas, não só a estabilidade na Etiópia ficará comprometida, mas alguns dos países vizinhos ou limítrofes, já em situação muito precária, como o Sudão ou a Somália, incluindo o Egito, podem ser seriamente afetados.
Nestes tempos de COVID, as repercussões de uma guerra se ampliam e tornam a vida das populações atingidas um verdadeiro inferno, sendo necessário apoiar os esforços da FLPT contra o governo central, capacho do imperialismo.