CONTRA O LOCKDOWN DA CULTURA NA FRANÇA: TRABALHADORES DAS ARTES OCUPAM OS TEATROS DO PAÍS
Já são cinco teatros franceses ocupados por trabalhadores culturais que protestam ativamente contra o lockdown das atividades artísticas decretado pelo governo neoliberal de Macron, que segue as ordens da OMS e da governança global do capital financeiro. Paris é uma cidade onde vivem milhares de trabalhadores culturais precários, sua luta no ano passado obrigou o governo Macron a pagar salários por um ano, mas apenas aos reconhecidos como "temporários". O fechamento “sanitário” de estabelecimentos culturais, museus, restaurantes, bistrôs e cafés afetou milhares de trabalhadores do setor, gerando uma onda maciça de desemprego. No último dia 4 de março ocorreu a primeira ocupação, do famoso teatro Odeon, em Paris. Este teatro histórico também foi ocupado em maio de 68, na greve geral de 1996 e 2016. Em 68, a ocupação durou um mês até que a polícia retirou os alunos.
Artistas sindicalizados e outros freelancers marcharam em Paris para o teatro, que estava ocupado com faixas dizendo "Cultura sacrificada", "Governo desqualificado". O movimento de ocupação dos teatros se estendeu na terça-feira, 9 de março, o Théâtre de la Colline, na zona leste de Paris, e o Teatro Nacional de Estrasburgo (TNS) foram tomados. Estes são três dos quatro maiores teatros nacionais, o quarto é a Comédie-Française. Ontem foram ocupados o Equinócio, o palco nacional de Châteauroux e o teatro Graslin em Nantes. Novas ocupações acontecem todos os dias nesta semana.
Os trabalhadores esclarecem: “Para nós, este é um movimento nacional. Temos ecos dos sindicatos da região e as coisas estão começando a andar, estamos nos organizando”. Seu lema é “Ocupe! Ocupar! Ocupar!"
Os estudantes de teatro que entraram no Théâtre de la Colline tinham cartazes que diziam :“Abertura é essencial. A vida sem cultura é prisioneira entre paredes. Bachelot, (o ministro da cultura) se não abrires, passamos a atuar em sua casa”.
Além da reabertura de espaços culturais de acordo com as
instruções de segurança, os manifestantes exigem a prorrogação do auxílio pago
aos trabalhadores temporários, sua extensão a todos os trabalhadores precários,
bem como medidas emergenciais em face da crise, a precariedade econômica e
psicológica dos alunos. Também exigem a retirada do projeto de redução do
seguro-desemprego.
Os trabalhadores realizam assembleias abertas todas as
tardes. Este é um método tradicional de
auto-organização dos trabalhadores franceses, que tentam superar a burocracia
sindical imobilista, que agora defende a pauta do capital financeiro, como o
isolamento social, e o lockdown econômico, fechando os sindicatos para a
realização de assembleias presenciais.