ATENTANDO NA COLÔMBIA: DUQUE USA "COMBATE AO TERRORISMO" PARA APROFUNDAR MILITARIZAÇÃO DO REGIME... ORGANIZAR A RESISTÊNCIA OPERÁRIA E CAMPONESA EM UNIDADE COM O ELN E DISSIDENTES DAS FARC PARA DERROTAR O TÍTERE DO IMPERIALISMO IANQUE!
A explosão de uma bomba frente à Prefeitura de Corinto, na Colômbia, deixou várias pessoas feridas e foi considerada como um ato de terrorismo pelo presidente do país, Iván Duque. Ao que tudo indica foi um atentado fabricado pelo próprio governo e as forças amaradas operado por grupos paramilitares com o objetivo de aprofundar a militarização do regime político e perseguir as organizações sindicias, os núcleos da guerrilha dissidente das FARC e o ELN em meio a um clima de descontentamento popular com a gestão de extrema-direita que controla o país.
Ontem, um veículo carregado de material explosivo deflagrou
a uma curta distância da sede da Prefeitura de Corinto. Como resultado da
explosão, pelo menos 17 pessoas ficaram feridas, sendo que duas delas, em
estado crítico, tiveram de ser transportadas para a cidade de Cali.Em termos de
danos materiais, o edifício da prefeitura foi totalmente destruído e outros
cinco locais comerciais na zona também foram afetados.
Não por acaso, Duque deu instruções ao Ministério da Defesa
e às forças militares para agirem de imediato, declarando que “O terrorismo é a
arma do covarde. Diante dos acontecimentos ocorridos em Corinto, Cauca, dei
instruções muito claras às autoridades militares e ao Ministério da Defesa para
buscarem os culpados imediatamente. Continuamos a combater o terrorismo sem
trégua, onde quer que esteja”.
O atentado ocorreu em uma região onde à presença de grupos
armados, incluindo a coluna Dagoberto Ramos, dissidente das FARC (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia). Anteriormente, em 2020, Duque anunciou a
captura do principal líder de uma dissidência das FARC que negou-se a se incorporar
ao “processo de paz”, acusando-a cinicamente de esta envolvido no assassinato
de indígenas no sudoeste do país. O presidente parabenizou as Forças Militares
e a polícia pela prisão de Fernando Israel Méndez, conhecido como "o
Índio", dirigente da chamada coluna Dagoberto Ramos, acusando-a de operar
e ser financiada pelo tráfico de drogas no departamento de Cauca. O atentado de
ontem é mais uma manobra distracionista de Duque.
Lembremos que em 2019, Iván Márquez, um dos principais
comandantes da FARC, reapareceu em um vídeo anunciando uma nova etapa da luta
armada na Colômbia declarando que houve um “desarmamento ingênuo da guerrilha”.
O anúncio acontece três anos após a assinatura do “acordo de paz” entre a
guerrilha e governo, o que levou a entrega das armas da guerrilha e um saldo de
mais de 500 militantes mortos pelo exército nesse período de integração das
FARC a falsa democracia burguesa.
A leitura do manifesto “Enquanto houver vontade de lutar,
haverá esperança de vencer” foi postado em um canal do YouTube (ver vídeo).
Márquez, vestido de verde militar e com uma arma na cintura, está acompanhado
por outro ex-comandante das Farc Jesus Santrich. “Anunciamos ao mundo que a segunda
Marquetalia [berço histórico da rebelião armada] começou sob proteção do
direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se levantarem contra a
opressão”. Márquez, que foi um dos principais negociadores do acordo de paz,
afirma que a decisão de voltar às armas “é a continuação da luta de guerrilha
em resposta à traição do Estado ao acordo de paz”. Ele ainda diz que o grupo
buscará alianças com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) e não
usará pedidos de resgate como fonte de financiamento.
Após a divulgação do vídeo, o ex-comandante da guerrilha,
das Farc Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, completamente vendido a
democracia dos ricos e corrompido ao governo negou a retomada da luta armada.
“A grande maioria continua comprometida com o acordo, apesar de todas as
dificuldades e perigos. Estamos com a paz”. Ele é atualmente o principal
dirigente da Força Comum Alternativa Revolucionária, o partido político das
Farc nascido dos “acordos de paz”. O ex-líder guerrilheiro Carlos Antonio
Lozada, que atualmente é senador, considerou a iniciativa um equívoco. “Devemos
dizer à base da guerrilha que o caminho é o da paz, estamos convencidos de que
todos os dias há mais colombianos que querem a paz. Sabemos que não é um
caminho fácil”.
Por outro lado, o líder de uma das frentes mais ativas do
ELN no departamento do Chocó, no oeste da Colômbia, saudou a iniciativa.
“Quando as vias legais estão fechadas para as transformações profundas a
resistência armada para transformar essa realidade é uma alternativa válida.
Saudamos o pronunciamento de Iván Márquez, Jesús Santrich, El Paisa e outros
colegas que reintegram essa forma de resistência popular”. Com uma plataforma
reformista e de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as
armas e se transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia.
Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários
bolcheviques criticaram publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC
nesses três anos porque essas medidas desgraçadamente levaram paulatinamente à
sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se
apostou na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime
títere. Sempre alertamos que a única ‘paz’ que sairia dos “acordos” é a dos
cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC
foram sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta
revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia
e do imperialismo.
É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os
sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as
organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das
assembleias proletárias.