quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

A “CIÊNCIA” DAS CORPORAÇÕES “NEUTRA” E SEM INTERESSE DO LUCRO CAPITALISTA ACIMA DA VIDA?: OS LABORATÓRIOS DA BIG PHARMA ACUMULAM 196 MULTAS BILIONÁRIAS POR SUBORNO E FRAUDE CIENTÍFICA...

A pandemia está servindo à Big Pharma como uma oportunidade de se redimir como “salvadores da vida” em face a uma parcela mais “esclarecida” de consumidores que tradicionalmente os vêem com alguma suspeita científica. As grandes empresas farmacêuticas acumulam nos últimos anos um bom número de atividades criminosas pelas quais foram sancionadas com bilhões em multas. No entanto, a pouca publicidade dada às sentenças judiciais dificultam avaliar a abrangência das ilegalidades cometidas em detrimento da saúde de milhões de pessoas.

Três pesquisadores americanos, Denis Arnold, Oscar Jerome Stewart e Tammy Beck, compilaram na revista científica “Jama” as multas impostas a grandes empresas farmacêuticas por atividades ilegais cometidas somente entre o período de 2003 a 2016. A lista de multas é encabeçada pela GSK (GlaxoSmithKline), condenada 27 vezes por mais de 9,7 bilhões de dólares, com preços ajustados pela inflação em 2016. Boa parte do total corresponde à multa de US$ 3 bilhões aplicada nos Estados Unidos em 2012, que se tornou a maior da história já paga por uma gigante farmacêutica. Os crimes cometidos pela GSK foram a promoção ilegal de certos medicamentos prescritos, sua falta de relatórios de segurança e sua responsabilidade civil por alegadas práticas de preços falsas.

A farmacêutica Glaxo está atualmente envolvida no desenvolvimento de várias vacinas contra o coronavírus com outras empresas, principalmente a canadense Medicago e a francesa Sanofi. Destes atuais empreendimentos conseguiu vender à Comissão Europeia 300 milhões de doses da sua potencial vacina, que estaria disponível no início do segundo semestre de 2021. A Sanofi também figura na lista da revista “Jama” após ter sido sancionada dez vezes no valor de 536 milhões de dólares na última década.

Depois da GSK, outros nomes conhecidos ocupam as primeiras posições na corrida à fraude. A Pfizer (18 multas)e Johnson & Johnson (15 multas) dividem o pódio das condecorações que juntas somam quase meio bilhão de dólares. Atrás deles está a Abbott, dona da patente para um teste de antígeno, com 11 multas e 220 milhões em penalidades entre 2003 e 2016. A AstraZeneca, desenvolvedora da vacina inicialmente concebida na Universidade de Oxford, acumulou 10 multas , somando 120 milhões de dólares nos últimos anos. A maioria de suas manipulações consistiu em alterar preços e distribuir subornos ilegais para ganhar contratos estatais. O diretor mundial de inovação da farmacêutica, o oncologista catalão Josep Baselga, teve que deixar o comando do hospital Memorial Sloan Kettering após admitir conflitos de interesse com várias empresas do setor, o que nunca revelou em seus artigos pseudocientíficos.

A Eli Lilly está desenvolvendo atualmente o bamlanivimab, um dos anticorpos monoclonais contra o coronavírus, aprovado há poucos dias para uso emergencial nos Estados Unidos. O laboratório aparece entre os cinco principais fraudadores, com sete penalidades que lhe custaram 175 milhões de dólares. A maior parte, neste caso, deveu-se à promoção de produtos irregulares, além dos aprovados pelo FDA. A Gilead, por sua vez, tem recebido muitas críticas pelos preços que põe seus tratamentos (Sovaldi, um remédio contra a hepatite C ou remdesivir, que é um fármaco caríssimo indicado para debelar o coronavírus, custa cerca de US$ 2.300 por dose, e comprado às presas pelo governo Trump. Logo depois do fechamento do negócio com a Gilead, organismos sanitários da OMS, declararam a inutilidade do produto para fins da pandemia.

Uma das categorias criminais comuns da Big Pharma é a promoção das chamadas propinas para “gerentes” estatais, em todos os níveis. Agora todas essas empresas transnacionais competem para oferecer ao mundo uma “poção mágica” contra a pandemia que redimirá seus crimes contra a ciência e a humanidade, além é claro, naturalmente encher seus cofres com o maior negócio de toda a história do capitalismo. Entretanto o que é uma conduta lógica das corporações financeiras, o “lucro acima da vida”, passou a ser a principal bandeira da esquerda reformista, será que estes domesticados também estão recentemente alguma “fração” neste vultuoso negócio? Não seria a primeira vez que a esquerda Social Democrata se expõe na corrupção do Estado capitalista....