GOVERNO MACRON: REACIONÁRIO, RACISTA E IMPERIALISTA... “CIVILIZATÓRIO” SOMENTE AOS OLHOS DA ESQUERDA REFORMISTA
De conflito em conflito, de choque em choque entre a repressão estatal e as massas, a França do neoliberal Macron está cada vez mais vulnerável diante de suas grandes contradições como uma sociedade capitalista, e muito menos como um símbolo de liberdade política e refúgio seguro que abrigou tantos exilados. A França agora acrescenta, ao protesto duradouro dos imigrantes, a rejeição das ruas ao novo projeto da Lei de Segurança Global, que anuncia duras restrições às liberdades políticas essenciais, como as de informação, expressão e manifestação. Uma lei que supostamente visa responder aos últimos ataques de natureza islâmica, proporcionando maior segurança aos cidadãos franceses (como costumam reivindicar todas as leis que violam as liberdades), mas sem ir ao fundo da questão ou colocar o “dedo na ferida”, ou seja, sem reconhecer que, nas relações sociais capitalistas existem os opressores e os oprimidos que se rebelam de forma justa ou até mesmo de forma “injusta”.
Nenhum código de ética de natureza legal permite ou justifica a perseguição a religiosidade de outros povos. Tampouco é admissível que as manifestações “justas ou injustas” da população oprimida sejam contestadas com violência do Estado burguês, especialmente se forem incentivados por um impulso xenófobo ou racista. É o caso das provocações contra o Islã que os meios de comunicação corporativos franceses gostam de praticar, sabendo bem a que estão expostos. O caso do professor Samuel Paty, exibindo caricaturas de Muhammad na aula de Liberdade de Expressão, é a síntese da afronta à liberdade de expressão, com uma base eurocêntrica e uma explicação xenófoba. O castigo infligido, tão extremo, não cessa de mostrar o confronto “tolo” de dois fundamentalismos implacáveis.
Esta é uma etapa histórica francesa de uma involução social e política cada vez mais profunda nas mãos de governos de direita neoliberal que não desistem de suas políticas reacionárias ou de sua total incompreensão das relações com o Islã, optando pela guerra interna e externa. E seu atual protagonista é o reacionário Emmanuel Macron, um produto oportunista mas “quimicamente puro” das elites econômicas francesas, educado nas Grands Écoles parisienses e selecionado desde o berço para assumir o poder por delegação dos interesses de grandes empresas capitalistas. Personagem afiliada à mais crua ideologia dos direitos econômicos, criptografada nos códigos de uma potência imperialista, invasiva e e com um estilo arrogante e quase monárquico que lembra Sarkozy, Chirac, Giscard e claro De Gaulle, sem deixar de fora o social-democrata Mitterrand, que não rompeu aquela tradição personalista e se passando por “esquerda” logo acabou praticando políticas regressivas tão de direita quanto os demais presidentes conservadores.
A França parece não querer sair da paranoia anti-muçulmana em que se encerrou desde que invadiu a Argélia (1830) e tentou apropriar-se dela eternamente declarando-a mais um departamento. A Espanha fez o mesmo com sua "província" do Saara, aliás, embora na época do conflito, ele não teve problemas em se separar de um “tão amado” pedaço de território nacional. Na verdade, o “espinho”em ambos os países pela sangrenta guerra colonial de 1954-62, que causou crimes tão terríveis em nome da França, continua a sangrar do lado argelino e torna impossível uma verdadeira "normalização" das relações, especialmente devido ao tratamento claramente racista que continua a ser dispensado aos emigrantes e seus descendentes.
A França imperialista tem um problema real com o Islã e
deixa-se levar pelo peso da história e suas iniquidades, em troca das quais
obteve e obtém enormes benefícios financeiros.Diante desta realidade, e desta
tarefa histórica pendente, convém não olvidar a imensa dívida contraída, tanto
no passado como no presente, para uma cruzada pela liberdade de expressão
quando isso implica reiterar uma mensagem de opressão e de suposta
superioridade racial. Macron representa a concentração da espoliação
imperialista e da opressão nacional contra seu próprio povo, o fato de aparecer
agora como o “defensor da vida” ao seguir à panaceia da OMS, só reforça ainda
mais o seu conteúdo de inimigo da classe operária francesa e mundial.