quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

PCO DEFENDE “INICIAR JÁ A CAMPANHA POR LULA PRESIDENTE”: RUI PIMENTA SE DEDICA A PATROCINAR ILUSÕES NO CIRCO DA DEMOCRACIA FRAUDADA PROPONDO REPETIR O “GOVERNO DOS BANQUEIROS”

Mal acabou o circo eleitoral da democracia burguesa fraudada, com o PT sendo derrotado em todas as disputas das capitais em que lançou candidato, o PCO sai em defesa de “Iniciar já a campanha por Lula presidente em 2022” (DCO, 06/12). A legenda de Rui Pimenta, cujo candidato a prefeito em São Paulo obteve a cifra patética de 630 votos, afirma: “O Partido da Causa Operária reuniu sua direção nesta última semana e decidiu pelo lançamento de uma campanha nacional para que Lula seja o candidato a presidente em 2022. Decidiu também enviar um chamado a toda esquerda, todos os partidos, centrais sindicais, organizações populares e ativistas para que se juntem nessa campanha”. Tamanho cretinismo eleitoral salta aos olhos: como uma corrente política que em 2006 dizia que Lula era “chefe da quadrilha do mensalão”, comandava o “Governo dos banqueiros” e ainda tinha fraudado as eleições para permanecer no Palácio do Planalto lança com tamanha antecedência uma campanha alegando que o petista agora é “a arma para unir e mobilizar a esquerda”? Como materialistas nos perguntamos o que teria gerado mudança tão profunda no cérebro do Sr. Pimenta? O processo de corrupção política e material de Causa Operária responde a esta pergunta, mas tamanho giro à direita deve servir de exemplo como o abandono do Trotskismo liquidou completamente uma organização, então chamada OQI, que nasceu combatendo justamente a linha socialdemocrata do Lulismo.

O PCO, que no passado lançou até mesmo candidaturas presidenciais denunciando a transformação do PT em um partido capitalista e alertando que Lula era um coronel burguês, agora diz justamente o contrário: “No atual momento, passada as eleições municipais, a burguesia já iniciou a disseminação de que na eleição se expressou uma rejeição a Lula. A propaganda é bem direcionada: Lula precisa se aposentar, está ultrapassado, precisa dar lugar a outras figuras, espaço para outros líderes etc etc. No entanto, ignoram que as pesquisas, mesmo as mais duvidosas, apontam que Lula é a única pessoa capaz de vencer o presidente golpista Jair Bolsonaro nas eleições em 2022. A única personagem política capaz de mobilizar uma parcela da sociedade e se contrapor ao regime político. Aqui se trata de que a burguesia está impedindo o candidato mais popular de concorrer às eleições. Não é possível ignorar esse fato que não é apenas da definição dos candidatos, mas do próprio regime político. Para que a eleição seja de fato uma eleição Lula deverá ter o direito de concorrer. Quem não defender essa reivindicação será cúmplice do golpe de Estado.”

O povo na democracia burguesa só pode “escolher” entre os candidatos “autorizados” pelo regime e que não convoquem a expropriação violenta do capital. Desde há muito tempo nós da LBI defendemos o direito de Lula ser candidato, ou de qualquer outro cidadão, apesar de denunciar que uma candidatura Comunista e Revolucionária jamais será admitida pelo “establishment” dominante. Defender o direito de Lula, ou de qualquer outro cidadão brasileiro , ser candidato a presidente não é o mesmo que defender a “democracia” como valor universal, ou avalizar seu programa de sustentabilidade do capitalismo com “face humana”, pautado na colaboração de classes. Lutamos pelas liberdades democráticas no cenário social do modo de produção capitalista. Entendemos a luta pelas liberdades democráticas como o direito dos Marxistas Leninistas se organizarem livremente para “conspirar” contra o próprio regime democrático, porém os comunistas na legalidade ou na clandestinidade mantém o mesmo objetivo estratégico, a tomada do poder pelo proletariado! Por essa razão, dizemos não ao circo eleitoral de cartas marcadas pelo poder do capital financeiro.

Uma questão importante é que Rui Pimenta denuncia que “estas eleições foram as mais fraudadas desde o período da ditadura militar” mas não toca em um momento sequer na fraude pela via das urnas eletrônicas e pela totalização de votos manipuladas pelo TSE por supercomputadores controlados pelas empresas a serviço do Deep State. A limitação da denúncia do PCO se deve a que a legenda, sendo um apêndice do PT, não ataca abertamente o aspecto mais importante da fraude que é o sequestro da soberania popular pela Corporação imperialista da Big Data. O PCO, como sombra do PT, age dessa forma porque a Frente Popular aceita passivamente os resultados eleitorais, celebrando sempre a “festa da democracia” como destacou Lula “A extrema direita de Bolsonaro foi a grande derrotada nessas eleições. O fortalecimento da esquerda e de seus valores humanistas e de justiça social, mostra que reconstruir um outro Brasil, mais fraterno e solidário, é possível”. A legenda oca do PCO não faz nenhuma campanha pública pelo boicote ativo às eleições burguesas, ao contrário, participou dela como sombra do PT.


Para os Marxistas Revolucionários, a fraude eleitoral não nasceu com a urna eletrônica nem tampouco com as pesquisas eleitorais, é um produto histórico inerente a própria democracia burguesa. Lênin há mais de um século, estudou os mecanismos do processo eleitoral, no marco da ditadura capitalista, concluindo que seus resultados expressam sempre a forma distorcida da vontade popular. Passadas várias décadas e distintas etapas da correlação de forças da luta de classes, podemos afirmar que hoje o processo político da fraude no interior das eleições representativas não só foi ampliado como tornou-se um sofisticado mecanismo da “indústria” eleitoral. Isto significa que as distorções políticas próprias da democracia burguesa, como o peso econômico dos candidatos ou o apoio que recebem da imprensa capitalista, agora são potenciados pela manipulação direta do voto popular. Desgraçadamente, o conjunto da esquerda, até mesmo seus elementos mais “críticos” como o PCO seguiu o mesmo caminho do reformismo e se recusam a denunciar a urna eletrônica, como parte integrante deste grande embuste representado por este regime bastardo da democracia dos ricos e seu escopo institucional.

A razão de fundo para um giro tão abrupto de 360 graus na política do PCO, que passou de uma caracterização sobre o governo Lula como um “Presidente dos banqueiros” (2004) para o radicalmente oposto “Governo dos trabalhadores” (2010), obviamente não está em alguma mudança substancial na essência do governo da Frente Popular de colaboração de classes. O motivo da profunda alteração na política do PCO reside na própria relação que passou a estabelecer com o Estado Burguês, tendo é claro como “mediador” deste novo “relacionamento” estabelecido com a burguesia o Partido dos Trabalhadores. Para os Marxistas as bases materiais de sustentação de uma organização revolucionária devem ser absolutamente independentes do Estado e da classe dominante capitalista (e seus agentes políticos), desgraçadamente a cúpula revisionista do PCO desconsiderou este princípio, o “ABC” de um genuíno Partido Leninista.

Ao passar a considerar a “democracia como um valor universal”, seguindo a trilha dos “teóricos” do PT, do tipo Francisco Weffort que acabou indo ao PSDB, o PCO deu o primeiro passo na senda de sua corrupção material e programática. A partir deste ponto de inflexão, o PCO começa a aceitar a “generosidade” dos fundos estatais, administrados na época pelo governo do PT, até chegar no financiamento direto da Frente Popular, ora pela via dos apêndices sindicais como a burocracia da CUT, ora por parlamentares com controle do caixa petista, como o deputado Paulo Pimenta, várias vezes líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Rapidamente o governo do PT, que tinha sido acusado pelo PCO de “fazer aliança criminosa com o imperialismo”, passou a ser um “governo nacionalista e anti-imperialista”... como o poeta Vinicius de Moraes um dia ironizou “ O dinheiro compra até o amor sincero”.

O PCO tem essa conduta venal porque suas “ilusões” não estão lastreadas apenas na “confusão mental” (apesar de todos os delirium tremens do Sr. Pimenta e seu séquito familiar) mas pela sua adaptação ideológica ao PT, são produto das benesses materiais que Causa Operária foi agraciada na gestão de Dilma, seus dirigentes foram recebidos como fieis aliados no Palácio do Planalto por defender a democracia burguesa, com a legenda nacional fantasma sendo premiada com verbas do Fundo Partidário que somaram mais de 1 milhão e quinhentos mil reais em 2020.

Estamos diante de uma ruptura completa com o Trotskismo, na medida em que Causa Operária nega um princípio elementar defendido no Programa de Transição: a luta contra a Frente Popular, e o revisionismo sem princípios. Nele Trotsky aponta que “Sob a aparência de ‘novos caminhos’, oferecem ao proletariado velhas receitas, enterradas há muito tempo nos arquivos do socialismo anterior a Marx”. Esse é o caso do Sr. Pimenta, visto que nos receita a vereda do cretinismo eleitoral e da subordinação ao reformismo, porque segundo ele “Essa luta é uma bandeira que pode mudar a correlação de forças, visto que a direita não quer Lula de nenhuma maneira e vai evidenciar o caráter golpista das eleições e pode servir para mudar o quadro político em favor da esquerda e da luta dos trabalhadores contra a atual ofensiva, a maior de todos os tempos contra os direitos e as condições de vida dos explorados e os seus direitos democráticos.”. Lula, o mesmo que fez um governo com as velhas raposas da burguesia, teria o “condão” de alterar com sua política de colaboração de classes, a ofensiva do imperialismo e do grande capital, não seria a luta das massas com um programa comunista que derrotaria a barbárie em curso!