terça-feira, 15 de dezembro de 2020

DE SAÍDA DA CASA BRANCA, MAS NÃO DA POLÍTICA IMPERIALISTA COMUM AO “PARTIDO ÚNICO DE DUAS ALAS”: A PEDIDO DE BIDEN, TRUMP “DOA” O SAARA PARA A OLIGARQUIA DO MARROCOS 

A Frente Polisário, situada no território do Saara Ocidental, classificou de “imprudente” o anúncio de Trump, contrário à autodeterminação da nação do Saara, em favor do governo ocupante do Marrocos, já que, como assinalaram, esta soberania não é prerrogativa do imperialismo ianque, e continua a ser uma decisão exclusiva do povo saharaui. A pedido do Pentágono, hoje controlado pelos “falcões” Democratas, Trump anunciou na semana passada o ‘reconhecimento’ da soberania de Marrocos sobre o vizinho Saara Ocidental, ex-colônia espanhola, em troca da normalização de relações diplomáticas de Rabat com o regime sionista de Israel.

O ato colonialista foi seguido da declaração da Casa Branca sobre a moeda de troca, que afirma que: “Um  Estado saharaui independente não é uma opção realista para resolver o conflito e que a autonomia genuína sob a soberania marroquina é a única solução viável.”Com exceção dos EUA agora, praticamente nenhum país reconheceu a anexação pelo Marrocos do Saara Ocidental, que a ONU considera um dos 16 territórios do planeta ainda pendentes de descolonização. O direito à autodeterminação dos saarauis também foi reconhecido pela Corte Internacional de Haia há mais de 40 anos. No sábado (12/12), o governo da Rússia advertiu que a medida tomada pelo neofascista Trump “desencadeará uma nova onda de violência na região” e dificultará os esforços da ONU para solucionar o conflito através de um referendo.

Desde 1991 estava em vigor uma trégua entre as duas partes sob auspícios da ONU, com a criação da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), para dar prosseguimento à decisão popular sobre a independência ou a anexação.Anteriormente, em prol de salvar Netanyahu da cadeia, Trump já havia ‘doado’ o Golã sírio ocupado a Israel, subvertido o status da Jerusalém ocupada e patrocinado o ‘acordo do século’ do Oriente Médio, tentando impor um batustão palestino.Trump também chantageara o Sudão, para que reatasse com Israel, em troca da retirada da lista dos EUA de ‘países patrocinadores de terrorismo’.

Apontando que o anúncio de Trump foi feito no Dia Internacional dos Direitos Humanos, os líderes saharauis denunciaram também que o ato viola “o direito dos povos à autodeterminação”. O Saara Ocidental foi invadido em 1975 por tropas marroquinas, que agiram para impedir a independência, sob liderança da Frente Polisário. A intervenção da monarquia marroquina forçou centenas de milhares a se refugiarem na Argélia, situação que perdura até hoje.

Os feudais marroquinos compartilham com Trump a fixação em muros. Construíram um, de 2.000 quilômetros de extensão, separando a região que ocupam das áreas já libertada pela Frente Polisário, onde foi proclamada a república dos saarauis. Rabat deslocou milhares de marroquinos para a área ocupada, que é rica em depósitos de fosfatos. Em outubro último, o secretário-geral da Frente Polisário e presidente da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), Brahim Ghali, denunciou o rompimento do cessar-fogo por tropas marroquinas e chamou à mobilização popular para defender a república ameaçada.