ENFRENTANDO A COVID E A REPRESSÃO NO PERU: TRABALHADORES DO CAMPO E DA CIDADE SE LEVANTAM EM LUTA CONTRA O “NOVO GOVERNO” GOLPISTA
Os trabalhadores agrícolas do Peru lutam há um mês contra a superexploração nas fazendas rurais dedicadas à exportação, enfrentando a pandemia da Covid-19 e a repressão do novo governo golpista de Francisco Sagasti, escolhido pelo parlamento, a pouco mais de um mês. Desde segunda-feira da semana passada, os piquetes bloquearam a Rodovia Pan-Americana, principal artéria que corta o país, imobilizando dezenas de ônibus e caminhões, que até sexta-feira permaneciam presos em vários trechos da rodovia. Para desbloquear o transporte, a polícia atirou bombas contra os piquetes dos manifestantes, deixando dois mortos e vários feridos.
O setor agroindustrial do Peru está em plena expansão graças a produtos de grande demanda internacional como mirtilos, aspargos ou alcachofras, o que não resultou na melhoria das condições de trabalho dos trabalhadores, que querem acabar com a precariedade e com um salário mínimo de 257 dólares por mês.
Um dos objetivos da regulamentação antiga era reduzir as
altas taxas de mão-de-obra negra no setor agroexportador, mas, como era de se
esperar, isso não aconteceu porque as empresas burlaram a lei.
O secretário da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Indústria e Irrigação, Juan Herrera Huanca, denunciou neste domingo o projeto que o Executivo peruano tenta aprovar. O organismo apresentou ao Governo nacional as diretrizes para a elaboração de uma nova lei agrária, que é qualificada pelo setor trabalhista como uma farsa de seus direitos, por não considerá-los ou estabelecer benefícios salariais.
Com contínuas mobilizações populares e bloqueios de estradas, eles rejeitaram a norma endossada pela Comissão de Economia e que o Congresso da República pretende aprovar na próxima segunda-feira. Huanca denuncia que o projeto não visa o benefício dos trabalhadores do setor agrícola. A Federação e as organizações agrárias exigem a revogação da Lei de Promoção Agrária que concedeu regimes trabalhistas e tributários favoráveis às empresas e afetou os direitos trabalhistas; e que esta nova lei não inclui essas demandas.
A nova Lei reduz gradativamente as isenções fiscais concedidas às empresas agroexportadoras. A dirigente Susan Quintanilla, do Comitê de Luta dos Trabalhadores na Agroexportação da região sul de Ica, expressou que não é permitido ao estado negligenciar o trabalhador para priorizar as empresas.
A classe operária e os camponeses pobres romperam a política
do isolamento social e do medo, ganhando as ruas e ocupando terras para
derrotar a ofensiva da extrema direita, mascarada de “combate à corrupção”.
Agora é necessário construir uma alternativa de poder dos trabalhadores contra
o novo governo golpista de Francisco Sagasti.