quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

GUERRA COMERCIAL DAS VACINAS FAZ “MILAGRES”: RÚSSIA TRIPLICOU “DA NOITE PARA O DIA” O NÚMERO DE MORTOS DA COVID

Os governos burgueses têm grandes empresas de estatísticas cujos funcionários não podem somar simplesmente 1+1=2. Talvez não possam somar o correto ou somar de forma “diferente”, dependendo do dia da semana e da conjuntura temporal dos interesses econômicos. Esse “fenômeno” aconteceu com a Rússia, que até ontem tinha 55.265 mortes por coronavírus e hoje chegou a se multiplicar por três: 186.000 mortes desde o início desta da pandemia este ano. De repente, o excesso de mortalidade é 14 por cento maior do que no ano passado. Agora o governo Putin já pode falar sobre uma pandemia no país (com cerca de 140 milhões de habitantes) o que com as estatísticas anteriores ficava impossível.

Ao contrário de outros países, a definição russa de morte por coronavírus foi impecável.  O escritório de estatística da Rosstat (agência estatal) contou apenas as mortes por coronavírus confirmadas por autópsia e o vírus tinha que aparecer como a causa principal. Sem autópsia ou na presença de outras doenças, a morte não foi atribuída ao coronavírus. Ao contrário, a maioria dos outros países inclui em suas estatísticas a morte de uma pessoa “portadora do vírus”, seja por teste PCR ou avaliação clínica. Outros, como a Bélgica, vão ainda mais longe: todas as mortes "inexplicáveis" são atribuídas ao vírus.

Na Rússia, o excesso de mortalidade entre janeiro e novembro deste ano é de 229,7 mil mortes em relação ao mesmo período do ano anterior. "Mais de 81 por cento do aumento da mortalidade neste período se deve ao Covid-19 ou às consequências da doença", disse a vice-primeira-ministra russa Tatiana Golikova.

É uma explicação típica, mas muito insatisfatória. Se fosse assim, o governo russo ainda teria um excesso de mortalidade de 19% para explicar que não pode ser atribuído ao vírus. A que eles atribuem isso?

Talvez por fatores como a redução do número de médicos distritais, que caiu de 73.200 para 60.900 entre 2005 e 2016. Talvez o governo russo, como os outros países capitalistas, prefira gastar o dinheiro na fabricação de vacinas (o que irá render divisas em dólar) do que na contratação de mais pessoal e equipamento de saúde.

Até agora, o número de mortes, 340 por milhão de habitantes, colocou a Rússia bem atrás da maioria dos países europeus, frequentemente 500 a 900 mortes por milhão de habitantes, ou os Estados Unidos, com 940 mortes por milhão. Agora, os novos dados fazem da Rússia o terceiro país do mundo com o maior número de mortes por coronavírus, depois dos Estados Unidos, que tem mais de 330 mil, e do Brasil, que tem mais de 190 mil. Sem duvida, com uma suposta pandemia em alta, será um bom teste de eficiência para a sua vacina Sputnik V.

O governo Putin impôs o fechamento de fronteiras e escolas, bem como a proibição de reuniões em massa. Mas ele ainda não ordenou o confinamento generalizado, nem forçou o uso de máscaras. Não há fotos de Putin usando máscara. Ao longo da pandemia, ele manteve a agenda da reunião e os desfiles militares, com a presença de milhares de pessoas. De acordo com uma pesquisa do centro público VTsIOM, publicada na quinta-feira da semana passada, apenas 38 por cento dos russos pretendem se vacinar. Isso já é um bom motivo para reacender o medo da pandemia, aumentando o número de mortos e levar a população a mudar sua opinião sobre a vacina Sputnik.