domingo, 27 de dezembro de 2020

“DEZ ANOS DE REVOLUÇÕES NO MUNDO ÁRABE”: LIT FAZ APOLOGIA DA CONTRARREVOLUÇÃO PATROCINADA PELO IMPERIALISMO IANQUE E A OTAN

A LIT acaba de afirmar em seu balanço de final de ano intitulado “Dez anos de revoluções no mundo árabe” que “A maioria das organizações de esquerda, em particular as de matriz estalinista e neo-estalinista, saíram em defesa dos velhos regimes oriundos do nacionalismo árabe como o Líbio e o Sírio e denominaram os levantes operários e populares de contrarrevolução”. Os Marxistas Revolucionários não fazem nem fizeram frente única com a reação burguesa para derrubar governos nacionalistas decrépitos, lutam para que as massas superem as velhas direções burguesas pela via da Revolução Proletária e não da contrarrevolução, que não tem nada de democrática ou progressista! Seguimos os ensinamentos de nosso mestre Leon Trotsky e as lições do Programa de Transição! A Líbia mergulhada na barbárie social, em uma guerra civil fraticida com a volta da escravidão em algumas regiões deveria ter deixado alguma lição para esses canalhas que enlameiam o nome do Trotskismo, maculando a bandeira da IV Internacional para as novas gerações de lutadores.

Na Argélia e no Sudão, assim como foi na Líbia de Kadaffi e segue na Síria de Assad, defendemos a luta contra os agentes do imperialismo que manipulam os “protestos populares”, combatemos para que os trabalhadores organizem seus próprios organismos de poder e suas milícias armadas para derrotar os aliados do imperialismo dentro destes países, tendo como programa a expropriação da burguesia e das empresas estrangeiras.

Contra esse retrocesso, no curso do combate vivo da luta de classes, fazemos unidade de ação pontual com as forças populares do regime que resistem as investidas neocolonizadoras, mantendo nossa total independência política para na trincheira de luta sentar as bases programáticas e ideológicas pela construção do verdadeiro partido operário revolucionário que liberte esses países do jugo do imperialismo e do sistema capitalista nativo!

Ao contrário dessa posição os Morenistas declaram “A Liga Internacional dos Trabalhadores (Quarta Internacional) apoiou e continua apoiando todas as lutas, protestos e revoluções operárias e populares no mundo árabe” (19.12.2020). O que a LIT denomina de revoluções no mundo árabe tratou-se de uma transição ordenada e controlada pela Casa Branca que não só trocou seus gerentes desgastados no Egito e na Tunísia, mas também serviu de justificativa para uma intervenção militar contra o regime líbio dirigido por Kadaffi.

Atualmente, essa realidade está cada vez mais clara, na medida em que Israel deseja ver o fim do regime da oligarquia Assad pelas mãos dos “rebeldes” mercenários na Síria para debilitar o Hezbollah e possibilitar, em melhores condições, uma agressão junto com o imperialismo ianque ao Irã. O atual ataque de Israel à Palestina e sua resistência que tem o apoio da Síria e do Irã, é parte desse plano macabro lastreado na ofensiva imperialista contra os regimes nacionalistas do Oriente Médio batizada de “Primavera Árabe” e está a serviço de debilitar a resistência palestina por meio da luta direta, a Intifada, contra Israel.

Dez anos depois de seu início, não fazemos nenhuma ode à falsa “Revolução Árabe”, como os revisionistas que agem como papagaios da grande mídia. Como já alertamos várias vezes, o imperialismo ianque já vinha há algum tempo planejando tirar de cena seus antigos títeres para garantir a estabilidade política necessária à continuidade de seu domínio mais “legitimado” na região. Dessa forma, Ben Ali e Mubarak, apenas foram substituídos por novos gerentes do próprio staff do regime e, no caso do Egito e Tunísia, a continuidade do poder da burguesia foi assegurada pelo principal sustentáculo do Estado capitalista, ou seja, as forças armadas das quais o próprio Mubarak também já fizera parte.

Não houve qualquer mudança na base econômica, nem tampouco ruiu a superestrutura do regime político. Em outras palavras, o caráter de classe do Estado continuou o mesmo, uma máquina de opressão e dominação da burguesia nacional e do imperialismo sobre as massas trabalhadoras exploradas. Neste exato momento, a Casa Branca articula seus aliados para avançar ainda mais as garras do império contra a Síria e o Irã, saudando ao lado dos revisionistas a “vitória da revolução árabe” made in USA!

As massas somente poderão impor suas reivindicações democráticas diante da opressão imperialista e do sionismo através de uma luta de caráter anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o oposto do que foi cristalizando com a “Primavera Árabe” em países como a Líbia ou mesmo no Egito.

Em diversas partes do mundo o imperialismo ianque vem insuflando “opositores” a regimes que se tornam obstáculos a seus interesses, como o golpe fascista na Ucrânia, a ofensiva aberta contra o governo Maduro na Venezuela, ou Correa no Equador, as provocações contra a Coreia do Norte e o Estado operário cubano com a finalidade de desestabilizar e destruir regimes políticos estabelecidos, como o ocorrido na Líbia, Síria...

Por fim a LIT pontua em seu balanço que “Entre as debilidades das revoluções, a principal é a ausência de um partido revolucionário implantado nos locais de trabalho e nos bairros populares. Um partido que construísse uma alternativa independente dos trabalhadores na Líbia e na Tunísia contra as duas coalizões burguesas. Um partido que alertasse a juventude e os trabalhadores egípcios que o povo e o exército não são uma única mão. Um partido que fosse uma alternativa às direções do conselho e depois coalizão da oposição síria e ao PYD, que defendesse a unidade das forças da revolução síria e curdas contra Assad. Um partido que unisse a resistência palestina às revoluções árabes em uma única luta contra o Estado de Israel, os regimes árabes e o imperialismo.” A ausência de um partido mundial da revolução, por um período histórico prolongado (mais de seis décadas), gerou um enorme retrocesso na consciência da classe operária, tendo como ponto de inflexão a destruição contrarrevolucionária das conquistas sociais da ex-URSS, no início dos anos 90. Derrotado o principal inimigo da “guerra fria”, a ofensiva imperialista agora concentra-se na eliminação dos regimes adversários, nacionalistas burgueses e rescaldos do stalinismo.

Neste quadro, o proletariado mundial ainda não forjou na prática um terceiro “front”, exigindo dos comunistas no momento aplicar a máxima leninista de estabelecer a unidade de ação com os “adversários de nosso principal inimigo, o imperialismo”. Mas, a tática circunstancial bolchevique, diante de uma conjuntura de profundas derrotas do proletariado, não pode negar jamais a estratégia revolucionária de tomada de poder e instauração da ditadura do proletariado.

A vanguarda da classe operária deve abstrair todas as ácidas lições da atual etapa histórica, onde o proletariado mundial acumula uma série de graves derrotas em função da ausência de uma direção genuinamente revolucionária. A crise estrutural do modo de produção capitalista não nos levará por si só ao regime socialista, como afirmam os charlatões de todos os matizes revisionistas. A tarefa da reconstrução da IV INTERNACIONAL continua vigente mais do que nunca e não pode ser substituída por “atalhos” ou por “novas vanguardas”, alheias à estratégia da revolução permanente.