02 ANOS DA TRÁGICA MORTE DE RICARDO BOECHAT: UM JORNALISTA INTELIGENTE E ÁCIDO QUE SE TRAVESTIA DE “PROGRESSISTA” MAS VOCIFERAVA DIARIAMENTE CONTRA A LUTA DOS TRABALHADORES QUE SE LEVANTAVAM CONTRA A ORDEM CAPITALISTA... NÃO FOI UM DOS NOSSOS MORTOS!
Hoje se completa 02 anos da morte trágica do jornalista âncora do grupo Bandeirantes, Ricardo Boechat, vítima de um acidente de helicóptero na cidade de São Paulo. A aeronave era uma sucata, fabricada em 1975, como certamente denunciaria o próprio jornalista, sempre ácido em suas análises. O piloto do helicóptero enfrentava problemas na condução da aeronave e escolheu o ponto com o menor fluxo de veículos, que era a alça de acesso para quem saia do rodoanel para se dirigir à rodovia quando se chocou com um caminhão. Boechat e o piloto são vítimas da sede do lucro do capital que despreza a vida humana, como em Brumadinho e na morte dos atletas de base do Flamengo. O jornalista, entretanto, não era em vida uma vítima do sistema capitalista, ao contrário, com uma capa de “progressista” atacava na rádio e TV diariamente a luta dos trabalhadores, como as ocupações do MST, MTST e as greves dos servidores públicos.
Profissional renomado, militou na juventude no PCB por
influência direta do pai, diplomata, professor e assessor da Petrobras na
década de 60, que foi preso duas vezes pela ditadura. O que mudou de fato os
caminhos de Boechat foi o trabalho na grande imprensa, distanciando-se do PCB
quando entrou no ramo jornalístico, enquadrando-se em nome de fazer carreira na
mídia burguesa. A carreira começou no extinto jornal Diário de Notícias, aos 17
anos. À época, Boechat já tinha parado de estudar e havia batido à porta da
família para vender livros, ofício que era, então, exercido pelos pais (“Meu
pai se tornou o maior vendedor da Enciclopédia Barsa no Brasil”, conta).
Depois de um ano e meio no Diário, Boechat se viu
trabalhando ao lado do inventor do colunismo social carioca, Ibrahim Sued. “Ele
era um jornalista selvagem, um animal selvagem. Ibrahim era um mau patrão e, ao
modo dele, um magnífico professor: utilizava como instrumento pedagógico o
porrete, no tempo em que chefes davam esporro em jovens na redação e isso não
era visto como bullying, assédio nem nada parecido.” Foram 14 anos ao lado de
Sued; durante os nove primeiros, Boechat não tirou férias por medo de ser
demitido. Ainda assim, ele conta que há duas pessoas por quem tem “uma gratidão
filha da puta na vida, a dona Mirtes e o Ibrahim”. Quando tinha 33 anos, em
1983, Boechat deixou o mentor e partiu para o jornal O Globo. Completamente
“entrosado” na classe dominante, em 1987, ocupou por seis meses a secretaria de
Comunicação Social no governo do canalha Moreira Franco (PMDB), o
ultra-corrupto "gato angorá", ministro tanto de Dilma como de Temer
encarregado de privatizar os aeroportos e a Eletrobras.
Após o período voltou para O Globo. Em junho de 2001,
Boechat foi demitido pela mesma família Marinho, por um grampo vazado na Veja
em que ele é mostrado como “partidário” a uma das alas de uma disputa
empresarial de R$ 2 bi – Daniel Dantas x Nelson Tanure – nas privatizações da Telemig
e da Telenorte. Ele esteve presente nos principais jornais do país, como O
Globo, O Dia, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Foi também diretor de
jornalismo na Band, trabalhou como âncora em diversos jornais do grupo.
Ganhador de três prêmios Esso, Boechat teve uma coluna semanal na revista
ISTOÉ. Teve trajetória servil aos grandes grupos de comunicação apesar de sua
performática "rebeldia". Apesar de ter ares “progressistas” e de seus
comentários ácidos contra os aspectos mais reacionários da ordem capitalista,
atacava diariamente no rádio e TV as greves dos servidores públicos e as
ocupações do MST e MTST, chamando seus militantes de “vagabundos e
desocupados”.
Apoiador declarado do juiz Moro e da Operação Lava Jato, era
defensor da prisão de Lula, fazendo eco com a campanha de criminalização da
esquerda. Nos últimos dias saiu publicamente em defesa da aprovação da reforma
ultra-neoliberal da previdência. Definitivamente, Ricardo Boechat não é um dos
nossos mortos, não merece as lágrimas e a dor dos lutadores sociais, militantes
que tantas vezes exigiu “no ar” que polícia prendesse e reprimisse, usando como
pretexto “desobstruir as vias públicas ocupadas por vândalos em meio a
protestos populares”.
Apesar dessas posições direitistas, grande parte da
“esquerda” burguesa e domesticada o admirava pelo vigor de algumas denúncias
que ele fazia contra o cerceamento a direitos democráticos, como o aborto. Os
Marxistas Revolucionários, ao contrário, sempre advertiram que era um
adversário inteligente e sagaz dos trabalhadores, jamais um aliado de nossa
classe!